terça-feira, 8 de março de 2011

QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO E SALVAÇÃO

• Igreja Mãe que se compadece de seus filhos

Esposa de Cristo e Mãe dos fiéis, a Santa Igreja parece querer fazer da Quaresma um tempo de santidade, um período em que ideal de vida cristã e esforço cristão vão sempre cada ano um pouco mais além. A Quaresma, a santa Quaresma, são dias de eleição, ditosos dias, em que a Igreja transbordante de alegria se lança ao trabalho com toda a energia da sua impetuosa e inesgotável fecundidade. Ele exorciza, reconcilia, perdoa, prega, impõe as mãos, numa palavra revivifica as almas, reconduzindo-as às fontes abundantes da vida.

O tempo Comum nos demonstrou durante esses domingos a necessidade que todos temos de nos unir pelo espírito de penitência à obra redentora de Cristo. A Quaresma vai-nos proporcionar o meio de satisfazermos esta necessidade. A Igreja vai representar diante da nossa alma revoltada contra Deus e cativa das conseqüências do seu crime a vida do Salvador em luta com o mal e as potências dele, e vai-nos dizer como o Senhor, arrancando-nos do cativeiro com sua doutrina e trabalhos, nos restitui à vida divina que perdêramos. A Liturgia desse tempo é repleta de ensinamentos e do espírito de penitência do Redentor, foi criada de molde a formar os catecúmenos e penetrar do espírito de compunção aos penitentes que aspiravam a ressuscitar no Sábado Santo, com o Salvador, dos túmulos dos passados erros. Durante esses quarenta dias os Cristãos se unem intimamente aos sofrimentos e á morte do Divino Salvador, a fim de ressuscitarem com Ele para uma vida nova, nas grandes solenidades pascais.

A Quaresma é uma espécie de retiro universal da família cristã, visando a preparação das festas que se aproximam. A Igreja, aproveitando-se do retiro que o Senhor fez no deserto e dos ensinamentos que nos deixou pregados com a palavra e com o exemplo, de que é necessário morrer para nós mesmos, prega-nos durante esta santa Quaresma a morte do homem ao pecado, que se há de verificar pelo combate decidido ao orgulho e pela assídua meditação da palavra de Deus; pela oração; pela busca dos sacramentos de um modo especial a Eucaristia e a Confissão; pela mortificação do corpo; por meio do jejum e pela renúncia mais completa dos bens falazes deste mundo. O jejum quaresmal deve ser a expressão dos sentimentos interiores que povoam a nossa alma, que tanto mais livremente os abraça quanto mais se desprende dos prazeres dos sentidos.

Saibamos também nós que aquele que não faz penitência perecerá para toda eternidade.
(Lc 13,3)

• Quarta-Feira de Cinzas, lembrança de nosso fim último.

Neste tempo de “graça e salvação”, precisamos querer redescobrir e experimentar nesta Quaresma as graças e as bênçãos que Deus tem reservado para nós, começando a partir da Quarta-Feira de Cinzas, celebração que tem como propósito principal em nós relembrar nossa indignidade causada pelo pecado, vem nos recordar a sentença da morte que havemos de sofrer em conseqüência do pecado, por isso a Igreja coloca sobre nossas cabeças, dizendo: “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar.” É uma recordação da antiga cerimônia de nos fala o Pontifical antigo que diz: “antigamente os fiéis que tinham cometido faltas graves, de notoriedade pública, deviam submeter-se a penitência pública. Na quarta-feira de Cinzas o Pontífice benzia os cilícios que deviam trazer durante toda a Quaresma; enquanto se entoava salmos penitencias, eram expulsos do lugar santo e só eram admitidos na Quinta-Feira Santa, onde podiam participar dos atos litúrgicos.” A Cerimônia das Cinzas como conhecemos hoje é uma transposição da antiga penitencia pública. Por isso devemos receber as cinzas com espírito de penitência e humildade para que a virtude deste sacramental nos alcance de Deus as graças que a Igreja implora ao benzê-las.

• Nossa participação nesse tempo

Já no ofício antigo das Matinas, lemos o sermão que o papa S. Leão Magno, no séc V, dirigiu ao povo, explicando a liturgia da Quaresma: “Sem dúvida, diz ele, os Cristãos nunca deveriam perder de vista estes grandes Mistérios... porém está virtude é de poucos. É precioso, contudo que os Cristãos sacudam a poeira do mundo. A sabedoria divina estabeleceu este tempo propício de quarenta dias, a fim de que as nossas almas se pudesses purificar, e por meio de boas obras e jejuns, expiassem as faltas de outros tempos. Inúteis seriam porém os nossos jejuns, se neste tempo os nossos corações se não desapegassem do pecado”.Renovemos em nós neste tempo a graça do Batismo e façamos dignos frutos de penitência. Os textos das Missas desse tempo, a cada passo nos exortam a isso. Convém entretanto evitar que a nossa piedade seja excitada por compaixão sentimental ou tristeza exagerada. Sim, é um combate, uma morte terrível que vamos contemplar, mas é também, e sobretudo, uma vitória, um triunfo. Em verdade assistiremos a uma luta do homem novo, ouviremos gemidos, seguiremos os seus passos sangrentos , contaremos todos os seus ossos; mais isto é apenas um episódio de sua vida; o desenlace é um grito de vitória, um canto de triunfo.
Que esses dias sejam para nós tempo de renovação espiritual e que a cada semana sejamos capazes de olhar para o Amor de Deus e acolhe-lo com ardor e humildade, pois é isso que Deus fará com nós neste tempo de vida, conversão, santidade e graças.

Lee Anderson Rebouças, CSR