quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Joana D'Arc é exemplo de santidade na política, destaca Bento XVI


Nicole Melhado

Da Redação, com Rádio Vaticano (Tradução equipe CN Notícias)




Ao dedicar a Catequese desta quarta-feira, 26, a Joana D’Arc, o Papa Bento XVI 
destacou seu “belo exemplo de santidade para os leigos empenhados na vida 
política, sobretudo nas situações de maior dificuldade”. 
Catarina de Siena, patrona da Europa, e Joana D’Arc são as figuras mais 
características daquelas “mulheres fortes” que, no fim da Idade Média, levaram 
sem medo a grande luz do Evangelho nos momentos complexos da história.  
Salientando a força das mulheres, o Santo Padre recordou também o exemplo 
da Virgem Maria e Maria Madalena. “Podemos escutar as santas mulheres que 
permaneceram no Calvário, próximas a Jesus crucificado e a Maria, Sua mãe, 
enquanto os apóstolos fugiram e o próprio Pedro negou Jesus três vezes. 

Acesse
.: Íntegra da Catequese do Papa sobre Joana D'Arc


Joana D’Arc nasce num período conturbado na Igreja e na França, em 1412, quando existia 

um Papa e dois anti-papa. Junto com este cisma na Igreja, contínuas guerras aconteciam 
entre as nações cristãs da Europa. A mais dramática foi a "Guerra dos Cem Anos", 
entre França e Inglaterra. “A compaixão e o empenho da jovem camponesa francesa 
diante do sofrimento do seu povo tornou mais intenso o seu relacionamento místico com 
Deus”, explica Bento XVI. 

O Pontífice recorda que um dos aspectos mais originais da santidade desta jovem é 
justamente esta ligação entre a experiência mística e a missão política. “Depois dos
anos de vida oculta e crescimento interior, seguem dois anos, curtos, mas intensos, de sua
vida pública: um ano de ação e um ano de paixão”, conta.

Depois de Joana D’Arc passar por alguns exames realizados por teólogos, o futuro Rei 

da França, Carlos VII, se rende aos seus conselhos. A sua proposta é de verdadeira paz 
com justiça entre os povos cristãos, à luz dos nomes de Jesus e Maria, mas esta proposta
foi rejeitada e Joana se engaja na luta pela libertação da cidade em 8 de maio 1429.

“Joana vive com os soldados, levando a eles uma verdadeira missão de evangelização. 

Muitos testemunham sua bondade, sua coragem e sua extraordinária pureza. É chamado
por todos, como ela mesma se definia,  ‘la pulzella’, a virgem”, conta o Papa.

Mas em 1430, ela é presa por seus inimigos, que a levaram a um processo eclesial. Ela é 

acusada e julgada até ser condenada como herege e levada à morte na fogueira.  Segundo 
o Papa, este juízes são teólogos sem caridade e humildade que não viram nesta jovem a 
ação de Deus. “Os juízes de Joana radicalmente incapazes de compreender, de ver a 
beleza de sua alma, não sabiam que condenavam uma santa”.

Na manhã do dia 30 de maio, recebe pela última vez a Comunhão na prisão e, em seguida, 

é conduzida à praça do velho mercado. Pede a um dos sacerdotes de ter diante de si 
uma cruz de procissão e, assim, morre “olhando Jesus Crucificado e pronuncia mais vezes 
e em alta voz o Nome de Jesus”.

Cerca de 25 anos depois, o Processo de Nulidade, sob a autoridade do Papa Calisto III, 

é concluido com uma solene sentença que declara nula a condenação. Bento XVI recorda 
que este longo processo recolheu testemunhos que colocaram em luz a inocência e a 
perfeita fidelidade de Joana D’Arc, que depois foi canonizada pelo Papa Bento XV, em 1920.

“O Nome de Jesus, invocado por essa santa até os últimos momentos de sua vida 

terrena, era como o contínuo respiro da sua alma, como um hábito do seu coração, o centro 
da sua vida”, ressalta o Santo Padre.

Para o Pontífice, o “mistério da caridade de Joana D’Arc é aquele total amor de Jesus que 

está sempre em primeiro lugar na sua vida. “Amá-lo significa obedecer sempre a sua 
vontade. Ela afirmava com total confiança e abandono: ‘Confio-me a Deus, meu Criador, 
amo-o com todo meu coração’”,  destacou o Papa.

Esta santa viveu a oração como um diálogo contínuo com Deus que iluminava também seu 

diálogo com os juízes e dava paz e segurança. Jesus se revela a ela como o “Rei do Céu 
e da Terra”, e segundo Bento XVI, a liberdade do seu povo era uma obra de justiça humana, 
que Joana cumpre na caridade, por amor a Jesus.

“Em Jesus, Joana contempla também a realidade da Igreja, a ‘Igreja triunfante’ do Céu, como 

a ‘Igreja militante’ da Terra. Segundo suas palavras, ‘é tudo uma coisa só: o Nosso Senhor e 
a Igreja’. E no amor de Jesus, Joana encontra a força para amar a Igreja até o fim, também 
no momento de sua condenação”, enfatiza o Santo Padre.

Por fim, Bento XVI disse que o luminoso testemunho de Santa Joana D’ Arc convida a um alto 

padrão de vida cristã: “fazer da oração o fio condutor dos nossos dias, tendo plena 
confiança no cumprimento da vontade de Deus, seja ele qual for; viver a caridade sem 
favoritismos, sem limites, e atingindo, como ela, no Amor de Jesus, um profundo amor pela 
Igreja”, conclui o Papa.

Saudação aos peregrinos de língua portuguesa

Aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa destacou esta "mulher forte" que levou sem 
medo a luz do Evangelho às complexas vicissitudes da história: Santa Joana d’Arc. "Desde a 
infância, mostra grande compaixão pelos pobres e atribulados no contexto de uma guerra 
sem fim entre a França e a Inglaterra".

A compaixão e o empenho dela em favor do seu povo, recordou o Pontífice, 

intensificaram-se ainda mais com sua maturação mística, que teve lugar aos treze anos.
"Saúdo, com afeto, a todos vós, amados peregrinos de língua portuguesa, desejando 
que esta peregrinação a Roma vos encha de luz e fortaleza no vosso testemunho cristão, 
para confessares Jesus Cristo como único Salvador e Senhor da vossa vida: fora Dele, não 
há vida nem esperança de a ter. Com Cristo, ganha sentido a vida que Deus vos confiou. 
Para cada um de vós e vossa família, a minha Bênção!", exaltou Bento XVI.

Assista à Catequese na íntegra