quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sofrimentos Ativos

Moisés Rocha
Foto: Wesley Almeida/ Foto CN

Vamos continuar falando sobre o tema do livro: "Aprendendo a lidar com o sofrimento". De manhã, já falamos sobre o sofrimento passivo, ou seja, o que adquirimos sem culpa. Não fazemos nada, mas sofremos. Agora, falaremos sobre o sofrimento ativo, que é aquele que chega à nossa vida se tivermos alguma participação.

O primeiro sofrimento ativo é aquele que chega devido ao pecado pessoal. Por exemplo, você é casado e diz que sofre muito. Mas, daí eu lhe pergunto quando começou a sofrer e você diz: “Ah, sabe, Moisés, um tempo atrás eu adulterei. Já confessei e me arrependi, mas agora minha esposa joga isso na minha cara sempre”. Meu filho, desculpe falar, mas você é uma besta mesmo. Você é o único culpado da realidade em que está vivendo.

Deus nunca vai tirar as conseqüências dos atos que você cometeu. Quando pecamos, Deus está fiel e justo para nos perdoar. Mas o perdão não tira de nós a responsabilidade de sofrer as conseqüências do pecado cometido. Esse sofrimento que hoje o alcançou pode ser conseqüência de algo que você tenha feito. Temos de reparar o ato que cometemos. Se você peca, é impossível não sofrer. “O salário do pecado é a morte”, como diz a Palavra de Deus. Talvez as situações de morte que você vive em sua casa sejam conseqüência de um pecado que você não quer deixar. Se você não romper com o pecado, as situações que você vive não sairão da sua vida.

Há pessoas que só conhecem Jesus pela dor. Se você não quer sofrer no casamento, tire o pecado dele: tire toda fofoca, ciúme, falta de confiança. Há muitas pessoas que vivem uma luta tremenda no casamento e Jesus não pode ajudar porque ainda não deram o primeiro passo. Há algo bloqueando a sua cura e libertação e isso pode ser o seu pecado. Tire esse pecado da sua casa, meu filho!

Você precisa tomar uma decisão. Diga para Jesus que o seu pecado e a sua miséria vão embora porque você quer voltar para a casa sem o preço deste sofrimento. Mas, para isso, você precisa tomar uma decisão. Queira arrancar o pecado da sua vida, deixe que Jesus seja o centro da sua vida! Vá se confessar! A sua cura está no sacramento da confissão.

Existem pessoas que querem parar de sofrer, mas não querem deixar de pecar. A sua dificuldade ou enfermidade podem se chamar pecado. Mas não basta apenas se confessar, você também precisa comungar. Jesus precisa alimentar você. Mas escute bem: apenas o Nosso Senhor pode fazer isso. Quantas pessoas estão há anos na Igreja, mas continuam se arrastando. Não adianta ir à Santa Missa comungar e se confessar, mas também ir ao motel, ao barzinho, ao forró. Hoje é o dia da sua salvação. Dê o seu passo para Jesus.
"Se não convertermos o nosso interior, ele pode ser uma grande porta para o inimigo entrar".
Foto: Wesley Almeida
O segundo sofrimento ativo chega à pessoa que comete idolatria, ou seja, naquelas pessoas que colocam alguém ou algo no lugar de Deus. A idolatria tem quatro dimensões. A primeira é a de si próprio, ou seja, aquela pessoa arrogante, auto-suficiente. “Você vai à Missa, amor? Eu não preciso, eu sou um pai exemplar”. Você não é nada sem Deus, meu filho!

A segunda dimensão da idolatria é referente a pessoas. Quantos pais colocam os filhos como o "deus" da casa? O Senhor da sua vida é Jesus Cristo ou o seu filho? Às vezes você pode idolatrar o seu marido, ou seu ídolo da televisão, ou seu coordenador da Igreja, ou quem sabe seu pai. A terceira é a idolatria de coisas. Você compra tudo: cigarros, bebidas alcoólicas, roupas no shopping; mas não ajuda a Igreja do Senhor Jesus. Daí vem o sofrimento financeiro e eu lhe pergunto: você paga o dízimo?

A última dimensão da idolatria é aquela que adora outros deuses. A Bíblia é clara em dizer que espiritismo, budismo e essas coisas são condenadas por Deus. Não adianta ir à Missa e ler horóscopo.

A terceira e a última forma de sofrimento ativo é o adquirido devido a defeitos de caráter. Largar o pecado não é difícil, o difícil é converter o caráter. Há defeitos que se não trabalharmos serão sempre portas abertas para o demônio. Você vai à Missa, dá a vida para Jesus, mas continua vaidosa, metida, fresca, ignorante ou é uma pessoa difícil, grossa, que passa por cima dos outros. Você está na Igreja, mas Jesus ainda não é o Senhor da sua vida. Falta a outra metade da sua conversão.

Existem pessoas que Deus não cura porque a única forma de mantê-las na Igreja é por meio da doença. Se não convertermos o nosso interior, ele pode ser uma grande porta para o inimigo entrar.

Não adianta ficar sentado no banco da Igreja se o seu coração for um sepulcro. Talvez você esteja sofrendo por essas três coisas que eu lhe falei. Então, infelizmente, a culpa é sua. Esse sofrimento foi procurado pelas suas próprias mãos. Reaja, meu filho! Busque o Senhor Jesus, Ele é justo e fiel. Amém.

Fonte: Canção Nova
Transcrição e adaptação: Ariane Fonseca

Sofrimentos passivos

Hoje, vamos falar sobre o tema do livro: "Aprendendo a lidar com o sofrimento". O primeiro tipo de sofrimento que vamos aprender é o passivo, ou seja, aquele de que somos vítimas. Você não fez nada para sofrer, mas sofre.

Antes de começar, gostaria que você lesse comigo a Palavra de Deus que está em II Corintios 4, 16:

“É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia. A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não se vêem . Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas”.

A primeira linha de sofrimento passivo é aquele adquirido pelo pecado original. Não fomos criados para o sofrimento, mas por causa do pecado original essa mancha proporcionou a abertura dele na humanidade. O livro de Gênesis diz bem isso. Opressões, injustiças, enfermidades e a morte fizeram a fraqueza do homem depois do pecado original. Você não tem culpa de passar por isso. Toda pessoa que nasceu estará sujeita a essa tribulação sem culpa.
Adão pecou, e todos nós sofremos. Contraímos para nós inocentemente este sofrimento. Por isso, vamos ter problemas, envelhecer... A porta de entrada do sofrimento passivo, repito, foi o pecado original. Daí você pode se perguntar: “E por que Deus não me ajuda?” Eu quero lhe dizer que Deus já fez a parte d'Ele. Jesus também era inocente, mas o Pai enviou seu único Filho para que, por Suas Chagas, você fosse curado de todos os seus problemas.

"Não fomos criados para o sofrimento, mas por causa do pecado original essa mancha proporcionou a abertura dele na humanidade".
Foto: Wesley Almeida/ Foto CN

Cristo é o novo Adão. "Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça" (Rm 5:20b). O seu pecado já foi vencido na cruz! O problema é que queremos achar um culpado para os nossos sofrimentos. Quantas vezes ouvimos: “Você está sofrendo por permissão de Deus”; “É Ele que quer que você sofra”. Escute, meu filho: Deus não é o promotor desse sofrimento! Deus é fiel e o socorre, sim!

Hoje, o Senhor derrama restauração em você para que entenda que Ele não é o culpado do que você vive. Deus não é um garçom que serve você! Ele não vai tirar o seu sofrimento, mas sim, lhe dar capacidade para ultrapassar cada dor. Ele não vai facilitar as coisas. Aprenda a caminhar no caminho do sofrimento. Você quer que Jesus facilite as coisas, mas Ele não fará isso. O que você vive, hoje, vai passar. Jesus vai lhe dar a graça de enfrentar esse sofrimento porque em Cristo você é vencedor. Levante essa cabeça, penteie esse cabelo e saia para vida! Ou trabalhamos para tocar o milagre em nós ou nunca o teremos. Precisamos ter a vontade. Deus gosta de pessoas que choram, que sofrem, mas que não abandonam o "barco". Levante! Reaja, filho!

Se você não é culpado nesse sofrimento o Senhor não deixará você morrer nele. Deus é fiel, sim. O demônio sopra no seu ouvido: “Cadê seu Deus?”. Diga ao demônio: “Ele Está no mesmo lugar que sempre fica. Ele já pagou isso por mim”.

Há solução para o seu problema e você não pode se entregar. Continue lutando. Vai haver uma hora em que vai apertar a situação, você ficará chateado, triste, mas lute mesmo assim! Está escrito no céu a hora, o minuto, o segundo e o centésimo de segundo que a solução desse problema vai acabar. Deus está com você. Aquele dia que você chorou o dia inteiro, o Senhor também chorou com você. Toda vez que você perdeu noites esperando seu filho drogado chegar, Ele também estava lá com você. Enquanto isso não acabar, tenha maturidade. Sorria, sofra, amadureça! Cada sofrimento que você vence, você fica muito melhor. Coragem, meu filho. O Pai vai carregar a sua cruz com você. Não se entregue!

A segunda linha do sofrimento passivo é aquele que vivemos pelo Nome de Jesus. Andar com o Senhor significa não ser compreendido. Quantas vezes acontecem situações que você não fez nada, mas pelo único motivo de levar o Evangelho e pregar a Boa Nova é culpado? O caminhar com Jesus, obrigatoriamente, passa pela cruz. Não existe Jesus sem cruz.

"Levante essa cabeça, penteie esse cabelo e saia para vida! Ou trabalhamos para tocar o milagre em nós ou nunca o teremos".
Foto: Wesley Almeida/ Foto CN

Se, como eu disse, com o sofrimento pelo pecado original Jesus lhe dá a graça, pelo Seu Nome, então, Ele triplica essa graça, além de você ganhar pontos no céu. Quanto mais alguém falar mal de você, mais graça você vai ter. Mas, é claro, que só tem essa visão quem conhece Jesus de verdade. Quanto mais machucarem você, mais ungido você vai ser. Não tenha medo de sofrer pelo Nome de Jesus!

Se você foi mandado embora [do trabalho] injustamente, Jesus vai lhe dar três empregos posteriormente. Deus é fiel, mas você precisa estar no caminho. Jesus vai devolver a você tudo aquilo que o demônio lhe tirou. Sem a sua luta e perseverança, você não vai conseguir a promessa que Deus lhe fez! De todo o mal, Deus tira um bem. O Senhor está no controle de TUDO!

A pedagogia de Deus é muito interessante. Quando você caminha com Jesus você recebe o poder do Alto, mas não perde a sua cruz. Se o Pai não livrou Jesus do sofrimento, também não livrará você. O demônio o quer provar para você se entregar.

Reaja! Em Nome de Jesus, eu proíbo você de reclamar! Sorria, meu filho. Seja fiel até a morte, e Jesus lhe dará a coroa da vida. Amém.

Fonte: Canção Nova
Transcrição e adaptação: Ariane Fonseca

Por Que Tanto Sofrimento?

Falar do sofrimento não é fácil. Não estou aqui para lhes transmitir um sentimento negativo.

Vamos refletir sobre um aspecto fundamental de nossa vida, e de acordo com um trecho do livro do Eclesiastes. Através do sofrimento é possível encontrar o caminho da nossa realização em Deus.
1.Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: 2.tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado; 3.tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir; 4.tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para dançar; 5.tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se. 6.Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para jogar fora; 7.tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar; 8.tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz. Ecle 3,1-8
Vamos nos centrar em como enfrentar o sofrimento, e como vencer o sofrimento. Não espere receitas fáceis, mas eu gostaria de refletir junto com você para colocarmos os fundamentos da felicidade que não tem fim.
Todos nós carregamos alguma cruz. Quem aqui nunca sentiu uma dor? O peso da cruz depende muito da fé que nos anima.
Por que tanto sofrimento? Vamos refletir sobre vários aspectos. Vamos nos voltar sobre figuras, personagens, que se depararam com grandes sofrimentos. Jó sentiu o abandono. Ele perdeu tudo. Veja em Jó 21,23ss. São Francisco, Santo Antônio... quantos santos sofreram. Me diga o nome de um santo que não sofreu!
Sofrimentos físicos: chuvas, enchentes, terremotos, Tsunami´s, acidentes automobilísticos e etc. Deficiências físicas: A maior parte dos sofrimentos são frutos da maldade humana. Quantas guerras! Quantos aprenderam a odiar e matar. Isso está na origem dos sofrimentos. Existem sofrimentos de causas naturais que estão mais freqüentes por que são agravados pelos problemas ecológicos provocados por homens.
Sofrimentos psíquicos e afetivos. Quanto desgosto e mágoas. Quantas pessoas deprimidas. Por que tanta depressão? A resposta não é fácil. O mau e o sofrimento sempre foram um mistério.
Esses sofrimentos dependem muito da sensibilidade da pessoa. Umas mais frágeis outras não.
Seja um homem, um mulher que saiba o que quer! Você saberá enfrentar as situações, mesmo sofrendo, mas com a ajuda de Deus.
Muitas vezes a causa do sofrimento não depende de nós. Mas a maior parte dos sofrimentos tem como causa a maldade humana.
Sofrimentos físicos, psíquicos, afetivos e espirituais.
Vivemos no aspecto espiritual, as tentações. Tentação de largar tudo. Largar trabalho, deixar a fé, buscar uma vida fácil.
O pecado destrói a pessoa. O alcoolismo, a drogadição, os excessos na alimentação. Quantos sofrem porque comem demais, ou porque passam fome. Fruto do pecado e da ganância.
Como entender que o sofrimento e a dor podem ser caminhos para nossa realização?

Frei Antônio Moser

Fonte: Canção Nova

Quando o Sofrimento Bater à Sua Porta

Sofremos demais por aquilo que é de menos

Sofrer é como experimentar as inadequações da vida. Elas estão por toda parte. São geradas pelas nossas escolhas, mas também pelos condicionamentos dos quais somos vítimas.

Sofrimento é destino inevitável, porque é fruto do processo que nos torna humanos. O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido.

Perdemos boa parte da vida com sofrimentos desnecessários, resultados de nossos desajustes, precariedades e falta de sabedoria. São os sofrimentos que nascem de nossa acomodação, quando, por força do hábito, nos acostumamos com o que temos de pior em nós mesmos.

Perdemos a oportunidade de saborear a vida só porque não aprendemos a ciência de administrar os problemas que nos afetam. Invertemos a ordem e a importância das coisas. Sofremos demais por aquilo que é de menos. E sofremos de menos por aquilo que seria realmente importante sofrer um pouco mais.

Sofrer é o mesmo que purificar. Só conhecemos verdadeiramente a essência das coisas à medida que as purificamos. O mesmo acontece na nossa vida. Nossos valores mais essenciais só serão conhecidos por nós mesmos se os submetermos ao processo da purificação.

Talvez, assim, descubramos um jeito de reconhecer as realidades que são essenciais em nossa vida. É só desvendarmos e elencarmos os maiores sofrimentos que já enfrentamos e quais foram os frutos que deles nasceram. Nossos maiores sofrimentos, os mais agudos. Por isso se transformam em valores.

O sofrimento parece conferir um selo de qualidade à vida, porque tem o dom de revesti-la de sacralidade, de retirá-la do comum e elevá-la à condição de sacrifício.

Sacrifício e sofrimento são faces de uma mesma realidade. O sofrimento pode ser também reconhecido como sacrifício, e sacrificar é ato de retirar do lugar comum, tornar sagrado, fazer santo. Essa é a mística cristã a respeito do sofrimento humano. Não há nada nesta vida, por mais trágico que possa nos parecer, que não esteja prenhe de motivos e ensinamentos que nos tornarão melhores. Tudo depende da lente que usamos para enxergar o que nos acontece. Tudo depende do que deixaremos demorar em nós.

Spinoza escreveu: “Percebi que todas as coisas que temia e receava só continham algo de bom ou de mau na medida em que o ânimo se deixava afetar por elas”. O filósofo tem razão. A alegria ou a tristeza só poderão continuar dentro de nós à medida que nos deixamos afetar por suas causas. É questão de escolha. Dura, eu sei. Difícil, reconheço. Mas ninguém nos prometeu que seria fácil.

Se hoje a vida lhe apresenta motivos para sofrer, ouse olhá-los de uma forma diferente. Não aceite todo esse contexto de vida como causa já determinada para o seu fracasso. Não, não precisa ser assim.

Deixe-se afetar de um jeito novo por tudo isso que já parece tão velho. Sofrimentos não precisam ser estados definitivos. Eles podem ser apenas pontes, locais de travessia. Daqui a pouco você já estará do outro lado; modificado, amadurecido.

Certa vez, um velho sábio disse ao seu aluno que, ao longo de sua vida, ele descobriu ter dentro de si dois cães – um bravo e violento, e o outro manso, muito dócil. Diante daquela pequena história o aluno resolveu perguntar- E qual é o mais forte? O sábio respondeu – O que eu alimentar. O mesmo se dará conosco na lida como os sofrimentos da vida. Dentro de nós haverá sempre um embate estabelecido entre problema e solução. Vencerá aquele que nós decidirmos alimentar...
Fonte:
Padre Fábio de Melo

terça-feira, 23 de novembro de 2010

'Não entregues tua alma à tristeza'


Eugênio Jorge
Foto: Wesley Almeida

Não pode ser triste o coração que ama a Cristo.

"Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida. Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti, pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma. A inveja e a ira abreviam os dias, e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo. Um coração bondoso e nobre banqueteia-se continuamente, pois seus banquetes são preparados com solicitude" (Eclesiástico 30,22-27).

Parece uma simples palavra, mas esta é uma receita de Deus para nós. “Não entregues a tua alma à tristeza”. Desperte. O homem triste vive menos, a alegria prolonga a vida. A tristeza não tem utilidade nenhuma.

Perder uma pessoa, por exemplo, é uma grande tristeza. O próprio Jesus sentiu uma dor enorme quando o amigo Lázaro morreu. Até o Senhor chorou de tristeza, mesmo sabendo o que Deus era capaz de fazer, Ele chorou. É normal chorarmos quando um ente querido parte, é normal sofrermos. Ultimamente nem é preciso que um ente querido parta para que uma pessoa fique triste. Hoje a depressão atinge muitas pessoas por muitos outros motivos. Diante de tanta tragédia anunciada, cansativa e repetidamente, as pessoas vão diminuindo e sentido medo. Quando menos esperamos nós já estamos agindo movidos por sentimentos que fomos adquirindo de tantas coisas ruins que foram sendo jogadas sobre nós.

Ficamos “embaixo dos escombros” e isso é horrível! Quando vi as notícias do terremoto no Haiti, pensava a todo o instante nas pessoas que estavam embaixo dos escombros. Os dias se passando e elas esperando, debaixo dos destroços, esperando a morte chegar sem esperança. Que terrível é uma morte assim. Um morte silenciosa debaixo das ruínas.

"Sofrimento não mata; faz crescer!"
Foto: Wesley Almeida
Se não há fé em tudo isso a tragédia se consuma. Aí a tristeza, com certeza, vai tomar conta. Mas se Cristo está aí há perspectiva de vida nova. O que vemos aqui agora é só um ensaio de vida, o melhor está por vir. Debaixo dos escombros estavam muitos irmãos haitianos, mas aqui também existem muitas pessoas que estão se sentindo debaixo de “escombros espirituais”. Há uma esperança, e essa esperança está viva para não morrer jamais. A esperança é Cristo.

Não entregue a sua alma à tristeza. Seja você quem for, esteja onde estiver, levante e volte à vida! Deus sabe o que você está vivendo e Ele tudo pode. Você não pode mergulhar na tristeza, porque há uma luz no fim do túnel. Deus não está preocupado onde você caiu, mas sim, onde vai levantar. Levante para uma vida nova. Voe nas asas da alegria do Cristo, que vem ao nosso encontro. Alce voo pela fé e enfrente. É hora de voar. O nosso lugar é o céu, o nosso porto seguro é Deus.

Eu já chorei muito de tristeza, mas eu não entreguei a minha alma a ela. Sofrimento não mata; faz crescer! Chorou? Agora chega, “bola para frente”! Se você quer se recuperar na alegria, abra seu coração para Cristo e deixe-O entrar. Não pode ser triste o coração que ama Cristo. Não permaneça na tristeza. Desperta. Alegre-se no Senhor.

"Certo dia, quando íamos à oração, eis que nos veio ao encontro uma moça escrava que tinha o espírito de Pitão, a qual com as suas adivinhações dava muito lucro a seus senhores. Pondo-se a seguir a Paulo e a nós, gritava: Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação. Repetiu isto por muitos dias. Por fim, Paulo enfadou-se. Voltou-se para ela e disse ao espírito: Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora ele saiu. Vendo seus amos que se lhes esvaecera a esperança do lucro, pegaram Paulo e Silas e levaram-nos ao foro, à presença das autoridades. Em seguida, apresentaram-nos aos magistrados, acusando: Estes homens são judeus; amotinam a nossa cidade. E pregam um modo de vida que nós, romanos, não podemos admitir nem seguir. O povo insurgiu-se contra eles. Os magistrados mandaram arrancar-lhes as vestes para açoitá-los com varas. Depois de lhes terem feito muitas chagas, meteram-nos na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. Este, conforme a ordem recebida, meteu-os na prisão inferior e prendeu-lhes os pés ao cepo. Pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e cantavam um hino a Deus, e os prisioneiros os escutavam" (Atos Apóstolos 16,16-25).
Eles cantavam porque não pode ser triste o coração que ama Cristo. Não é possível ser triste tendo Cristo no coração. Era isso o que acontecia com Paulo e Silas, eles cantavam na provação porque sabiam a quem serviam. Há quem diga que tem motivo para ficar triste; pergunte a São Paulo se existe motivo para isso. Alegre-se na provação.

"Deus não está preocupado onde você caiu e sim onde vai levantar!"
Foto: Wesley Almeida
"Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus. Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos" (Filipenses 4,4-8).

São Paulo não disse: “alegrai-vos sempre”. Ele disse: “alegrai-vos sempre no Senhor”. Fora do Senhor a alegria é passageira; mas no Senhor a alegria é eterna. Porque o Senhor não nos dá a alegria; Ele é a alegria. Jesus não nos dá a cura; Ele é a cura. Não tem por onde: se você vai a Jesus, que é a alegria, você terá a alegria. Se você quiser ter paz e for ao Senhor terá a paz completa, pois Deus é luz e n'Ele não há trevas. Se você entrar na chuva, você vai se molhar. No entanto, é mais fácil você sair na chuva e não se molhar do que ir a Cristo e não se alegrar

fonte:Canção Nova

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Enriquecimento entre a Missa nova e a tradicional...

Athanasius Schneider, sobre o mútuo enriquecimento entre a Missa nova e a tradicional, e a reforma da reforma

O Bispo Auxiliar de Karangada, Cazaquistão, D. Athanasius Schneider, ORC, que apóia explicitamente nosso apostolado do Salvem a Liturgia, concedeu uma entrevista ao conhecido Paix Liturgique, da qual destacamos os seguintes pontos:

No Motu Proprio que decretou, Summorum Pontificum, Bento XVI formulou um convite explícito ao recíproco enriquecimento das duas formas do único rito romano. Na opinião do Senhor Dom Atanásio, que de bom grado celebra nas duas formas do rito, em que aspectos poderia este enriquecimento manifestar-se de modo mais frutuoso?

AS: Temos de levar o Papa a sério. Não se pode continuar a agir como se ele não tivesse dito essa frase. Ou, aliás, como se ele não a tivesse escrito. Claro está que, mesmo sem que haja necessidade de rever os missais, há meios para proceder a uma aproximação das duas formas do rito.

Uma primeira ideia poderia ser a de celebrar versus Deum a partir do Ofertório,
como de resto é previsto pelas rubricas do novo missal. Com efeito, o missal de Paulo VI indica claramente dois momentos em que o celebrante se deve voltar para o povo. Uma primeira vez, no momento do “Orate fratres”, e uma segunda, quando o sacerdote diz “Ecce Agnus Dei”, por altura da comunhão dos fiéis. Que significado dar a estas indicações senão a de que o sacerdote deverá estar voltado para o altar durante o Ofertório e o Cânon? Em Setembro de 2000, a Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos publicou uma resposta relativa a um quesito sobre a orientação [posição] do sacerdote durante a Missa. Ao explicar que «a posição versus populum parece a mais cómoda na medida em que ela torna mais fácil a comunicação», ela precisava, no entanto, que «supor que a acção sacrificial deve ser orientada principalmente para a comunidade seria um grave erro. Se o sacerdote celebra versus populum, coisa legítima e frequentemente aconselhável, a sua orientação espiritual deve estar sempre voltada para Deus por Jesus Cristo».


Parece-me que, hoje em dia, esta resposta que vinha defender a celebração face ao povo poderia ser adaptada à nova realidade criada pelo MP Summorum Pontificum mediante uma recomendação no sentido de se celebrar voltado para o Oriente a partir do Ofertório.

No que toca à comunhão, a Santa Sé também poderia publicar uma recomendação universal a fim de lembrar o que está previsto na Instrução Geral do Missal Romano, no seu artigo 160°: «Os fiéis comungam de joelhos ou de pé, segundo a determinação da Conferência Episcopal. Quando comungam de pé, recomenda-se que, antes de receberem o Sacramento, façam a devida reverência, estabelecida pelas mesmas normas.» Cabe pois sublinhar que a primeira forma de comunhão a ser referida pelo texto oficial da Igreja destinado a comentar o Novus Ordo é a forma de comunhão de joelhos…

Uma outra possibilidade de enriquecimento da nova liturgia seria a de que as leituras da Bíblia Sagrada fossem feitas por homens em vestes litúrgicas e em caso algum por mulheres ou homens vestidos à civil. E isto porque as leituras são feitas no presbitério, um lugar que desde os tempos apostólicos é reservado ao sacerdote e aos ministros ordenados, aí se incluindo os clérigos com ordens menores. Só na falta destes últimos é que um leigo (homem) podia vir suprir. O serviço do altar, de leitor ou de acólito, não é um exercício do sacerdócio comum, fazendo antes parte do sacerdócio sagrado, em especial do diaconato. É por esta razão que, pelo menos a partir do século III, a Igreja concebeu as ordens menores como uma espécie de introdução às diferentes funções contidas no exercício do diaconato, como, por exemplo, a guarda do santuário e o chamamento dos fiéis à liturgia (ostiário), a leitura da palavra de Deus durante a liturgia (leitor), expulsar os espíritos malignos (exorcista), transportar a luz e servir ao altar (acólito). Assim, é-nos mais fácil compreender porque é que, tradicionalmente, a Igreja reservou a atribuição das ordens menores e a instituição de leitores ou de acólitos apenas a fiéis homens.

Neste sentido, bem se compreende que um dos enriquecimentos permitidos pela aproximação das duas formas litúrgicas consistisse em retornar à sã tradição de reservar o presbitério apenas aos homens: diáconos, acólitos, leitores e crianças de coro (ou coroinhas), todos eles devem ser do sexo masculino. De nada adianta que nos lamentemos do descalabro das vocações quando os rapazes deixam de ser chamados para o serviço do altar.

Por fim, a oração dos fiéis deve ficar reservada apenas aos diáconos, acólitos ou leitores, todos com hábitos litúrgicos. Até seria mais coerente com a tradição bimilenar da Igreja, tanto ocidental como oriental, que esta oração dos fiéis, ou oração universal, fosse proclamada, ou melhor ainda, cantada, unicamente pelo diácono, pois que antes ela recebia o nome de “oratio diaconalis”. Na falta de diácono, seria bom que fosse o próprio sacerdote a lê-la, como de resto acontece com o evangelho. O termo oração dos “fiéis” não significa que a sua proclamação seja uma função dos fiéis. Acreditar nisso seria um erro histórico e litúrgico. De facto, o que isso indica é que ela decorria ao início da missa dos fiéis, depois que tivessem saído os catecúmenos, e quando o diácono ou o sacerdote oferecia à Majestade Divina as intenções de toda a Igreja, e portanto de todos os fiéis, daí o seu nome.

E no que respeita à forma extraordinária? De que maneira poderia ela enriquecer-se ao contactar com a forma ordinária do rito romano?

Eu diria que se poderia aplicar à forma extraordinária o espírito que anima os últimos elementos que citei a propósito do Novus Ordo. As leituras sagradas deveriam ser sempre acessíveis aos fiéis, logo, na língua local e não apenas em latim, salvo em ocasiões especiais. Assim, também nesta forma, as leituras poderiam ser feitas por um leitor ordenado ou instituído, isto é, um fiel homem em hábitos litúrgicos.

Uma iniciativa bela e útil seria a introdução de alguns prefácios do novo missal, e o mesmo se diga da introdução de novos santos no calendário litúrgico tradicional

domingo, 14 de novembro de 2010

Entendendo e combatendo a Nova Ordem Mundial

O que é?

Como católicos podemos entender claramente a Nova Ordem Mundial (NOM) como a configuração terrena do plano de Satanás para pretensamente destruir Cristo, Sua Igreja e extinguir completamente a civilização cristã. E, consequentemente, promover a perdição eterna de milhões e milhões de almas. A NOM se opõe ao Plano de Salvação de Deus, iniciado com o povo hebreu, povo escolhido para trazer a Revelação Divina ao mundo. O próprio Criador entra na história humana através de Sua Palavra encarnada por meio da humanidade de Jesus Cristo Nosso Senhor. A NOM tem por meta implantar a ditadura planetária do anticristo. No entanto, a cultura judaico-cristã, com seus valores morais-espirituais claros e definidos, tem impedido seus arquitetos de transformarem nosso mundo no reino de Satanás (Jo 14,30). E por isso mesmo, está sendo posta em prática uma subversão cultural cuja finalidade é destruir os valores cristãos em todos os países. Os valores basilares cristãos estão sendo destruídos por meio da legalização orquestrada do divórcio, do aborto, do casamento gay (táticas que impedem a reprodução e dissolvem o conceito milenar de família), a eutanásia (que legitimiza a eliminação de doentes e idosos), o ecumenismo que iguala a Verdade com a mentira. No plano sócio-político-econômico a implementação orquestrada de leis e táticas globalistas que anulam a soberania das nações.

Origens remotas

Historicamente, o povo de Israel foi escolhido por Deus para ser orientado pelos profetas e testemunhar Sua ação na história humana. O culto ao Deus único tinha também por objetivo evitar a promiscuidade com as tradições pagãs, em sua maioria regadas a sacrifícios de sangue, orgias e barbárie por manterem espiritualmente comunicação com os espíritos decaídos luciferianos. Esses espíritos desforram seu ódio a Deus, do qual se perderam eternamente pela sua livre escolha e rebeldia, tentando vingar-se no homem, a criatura mais próxima de Deus na ordem da criação. Desde o pecado de Adão e Eva, Satanás e seus anjos decaídos escravizaram a humanidade no pecado, provocando a perda da Fé, incitando paixões, crime e ódio. O povo hebreu, ao ser orientado pela Revelação Divina, em sua fraqueza sempre vacilou na pessoa de seus sacerdotes e reis. Como consequência o povo também se contaminava com esses cultos bizarros e todos arcavam com as dolorosas consequências de sua apostasia, ou perda da verdadeira Fé.

A “tradição” que Jesus repudiou

Elementos desses cultos pagãos foram assimilados pelo judaísmo com o nome de “tradição” (que em hebraico significa Cabala), conforme podemos comprovar ao estudarmos as Sagradas Escrituras, no Antigo Testamento. Jesus chegou a afirmar que justamente por meio dessa “tradição”, os judeus violavam os preceitos de Deus: “E vós, por que violais os preceitos de Deus, por causa de vossa tradição?” (Mt 15,3). Assim, a Lei de Deus revelada por Moisés e pelos profetas, aos poucos foi sendo substituída por “preceitos humanos” (Is 29,13), de modo oculto e dissimulado, pelo sacerdócio teocrático de Israel. Por isso, quando o Verbo de Deus Se encarnou na pessoa de Jesus, Ele denunciou frontalmente a hipocrisia desses mesmos sacerdotes. Legitimamente revestidos do poder espiritual necessário para guiar o povo, esses sacerdotes, escribas e doutores da Lei na verdade estavam impedindo o povo de entrar no Reino dos Céus: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar.” (Mt 23,13).

Combater secretamente o Cristianismo

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mais um modismo da Nova Era: As chamadas Pulseiras Power Balance

As pulseiras Power Balance (ou pulseiras do Poder), segundo o site http://www.facetonet.com.br/power-balance :

- “É uma tecnologia que usa hologramas desempenho programadas com freqüências que reagem positivamente com o corpo de seu campo de energia natural para melhorar o equilíbrio, força e flexibilidade”.

Para quem não a conhece; é uma pulseira de borracha com um holograma no meio. Sua função é (supostamente) retirar o estress de quem a usa. Criado exatamente para quem pratica esportes. Já existem a alguns anos, no Brasil desde 2009, e em cerca de 40 países. Seu custo em média é de R$ 120,00 , justificado pelo fato de seu beneficio ao corpo.

Apesar do sucesso, as pulseirinhas são cercadas de polêmicas. O que podemos desconfiar é se esta não é só mais uma moda lançada por traz de uma mentira. Não estou afirmando que é falso seu benefício, mas convenhamos; existe realmente alguma coisa nessa borracha que interagindo com o corpo causa um efeito de tranquilidade?!?

Em tudo do que vi sobre essas pulseiras é relatado mais sobre os artistas famosos que usam esse acessório do que o próprio efeito que causa ao corpo. De fato não existe comprovação para o equilibrio e harmonia prometidos por ela.

Sobretudo, lembremos da moda de outras pulseirinhas que pareciam inofensivas, mas que foram caso até de estupro por causa do seu significado verdadeiro.

É melhor nos prevenir para não sermos enganados.

Não caiamos na moda do mundo, ele não é a favor de nós filhos de Deus.

Deus nos abençoe e nos proteja das armadilhas preparadas para nós.

Por Lisandra Bastos

Fonte: http://reporterdecristo.com (visita recomendada)

Entendendo e combatendo a Nova Ordem Mundial

O que é?

Como católicos podemos entender claramente a Nova Ordem Mundial (NOM) como a configuração terrena do plano de Satanás para pretensamente destruir Cristo, Sua Igreja e extinguir completamente a civilização cristã. E, consequentemente, promover a perdição eterna de milhões e milhões de almas. A NOM se opõe ao Plano de Salvação de Deus, iniciado com o povo hebreu, povo escolhido para trazer a Revelação Divina ao mundo. O próprio Criador entra na história humana através de Sua Palavra encarnada por meio da humanidade de Jesus Cristo Nosso Senhor. A NOM tem por meta implantar a ditadura planetária do anticristo. No entanto, a cultura judaico-cristã, com seus valores morais-espirituais claros e definidos, tem impedido seus arquitetos de transformarem nosso mundo no reino de Satanás (Jo 14,30). E por isso mesmo, está sendo posta em prática uma subversão cultural cuja finalidade é destruir os valores cristãos em todos os países. Os valores basilares cristãos estão sendo destruídos por meio da legalização orquestrada do divórcio, do aborto, do casamento gay (táticas que impedem a reprodução e dissolvem o conceito milenar de família), a eutanásia (que legitimiza a eliminação de doentes e idosos), o ecumenismo que iguala a Verdade com a mentira. No plano sócio-político-econômico a implementação orquestrada de leis e táticas globalistas que anulam a soberania das nações.

Origens remotas
Historicamente, o povo de Israel foi escolhido por Deus para ser orientado pelos profetas e testemunhar Sua ação na história humana. O culto ao Deus único tinha também por objetivo evitar a promiscuidade com as tradições pagãs, em sua maioria regadas a sacrifícios de sangue, orgias e barbárie por manterem espiritualmente comunicação com os espíritos decaídos luciferianos. Esses espíritos desforram seu ódio a Deus, do qual se perderam eternamente pela sua livre escolha e rebeldia, tentando vingar-se no homem, a criatura mais próxima de Deus na ordem da criação. Desde o pecado de Adão e Eva, Satanás e seus anjos decaídos escravizaram a humanidade no pecado, provocando a perda da Fé, incitando paixões, crime e ódio. O povo hebreu, ao ser orientado pela Revelação Divina, em sua fraqueza sempre vacilou na pessoa de seus sacerdotes e reis. Como consequência o povo também se contaminava com esses cultos bizarros e todos arcavam com as dolorosas consequências de sua apostasia, ou perda da verdadeira Fé.

A “tradição” que Jesus repudiou
Elementos desses cultos pagãos foram assimilados pelo judaísmo com o nome de “tradição” (que em hebraico significa Cabala), conforme podemos comprovar ao estudarmos as Sagradas Escrituras, no Antigo Testamento. Jesus chegou a afirmar que justamente por meio dessa “tradição”, os judeus violavam os preceitos de Deus: “E vós, por que violais os preceitos de Deus, por causa de vossa tradição?” (Mt 15,3). Assim, a Lei de Deus revelada por Moisés e pelos profetas, aos poucos foi sendo substituída por “preceitos humanos” (Is 29,13), de modo oculto e dissimulado, pelo sacerdócio teocrático de Israel. Por isso, quando o Verbo de Deus Se encarnou na pessoa de Jesus, Ele denunciou frontalmente a hipocrisia desses mesmos sacerdotes. Legitimamente revestidos do poder espiritual necessário para guiar o povo, esses sacerdotes, escribas e doutores da Lei na verdade estavam impedindo o povo de entrar no Reino dos Céus: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar.” (Mt 23,13).

Al Qaeda ameaça Vaticano e declara cristãos “alvos tangíveis” onde quer que estejam.

- Al Qaeda ameaça Vaticano e declara cristãos “alvos tangíveis” onde quer que estejam. “Conforme recolhe a imprensa internacional, o EII [Estado Islâmico do Iraque] difundiu um comunicado em um conhecido site usado por grupos radicais, no qual exige ao Vaticano que se desvincule dos católicos coptos do Egito para não ser alvo dos ataques do Qaeda”.

A notícia lembra também que, no domingo anterior [31 de outubro], “ao menos 58 pessoas –incluindo dois sacerdotes católicos, numerosas mulheres e crianças- morreram na Catedral de Sayida An Nayá em Bagdá em um ataque terrorista e posterior operação para libertar as dezenas de fiéis retidos no templo enquanto se celebrava uma Missa”.

Que as almas dos mártires possam, junto a Deus, clamar pelo fim desta iniqüidade.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bento XVI Defende Que Ser Humano Vale Pelo Que É, Não Pelo Que Faz


Fonte: CN Notícias -
 
"O ser humano vale por aquilo que é, e não só por aquilo que faz", destacou Bento XVI na Catequese desta quarta-feira, 10.

O Papa dedicou o encontro a uma espécie de resumo de sua recente Viagem Apostólica a Santiago de Compostela e Barcelona, na Espanha, realizada no último final de semana.

"Dirigi-me até lá para confirmar na fé os meus irmãos; fi-lo como testemunha de Cristo Ressuscitado, como semeador da esperança que não defrauda e não engana, porque tem a sua origem no infinito amor de Deus por todos os homens"
, complementou.

O Santo Padre definiu Santiago de Compostela como 'Casa do Apóstolo Tiago o Maior', "o qual continua a repetir, a quem ali chega necessitado de graça, que, em Cristo, Deus veio ao mundo para reconciliá-lo consigo, não imputando aos homens as suas culpas".

Sobre o tradicional gesto de abraçar a imagem do santo, o Pontífice disse que isso é um sinal forte de configuração com a mensagem apostólica, que, "de um lado, compromete-nos a sermos fiéis guardiões da Boa Nova que os Apóstolos transmitiram, sem ceder à tentação de alterá-la, diminuí-la ou desviá-la com outros interesses, e, por outro, transforma cada um de nós em anunciadores inestancáveis da fé em Cristo, com a palavra e o testemunho da vida em todos os campos da sociedade".

O Papa afirmou também ter rezado para que os peregrinos do Caminho de Santiago "continuem a manter vivo o genuíno significado religioso, espiritual e penitencial, sem ceder à banalidade, à distração, às modas".

Nesse contexto, "conservar e reforçar a abertura ao transcendente, assim como um diálogo fecundo entre fé e razão, entre política e religião, entre economia e ética, permitirá construir uma Europa que, fiel às suas imprescindíveis raízes cristãs, possa responder plenamente à própria vocação e missão no mundo", afirmou.


Gaudí, matrimônio, família e JMJ

Durante a viagem, o Papa dedicou a Igreja da Sagrada Família, declarando-a Basílica Menor. A obra é fruto da genialidade do arquiteto e Servo de Deus Antonio Gaudí, cujo processo rumo aos altares já foi iniciado.

"Inspirando-se continuamente na natureza, obra do Criador, e dedicando-se com paixão em conhecer a Sagrada Escritura e a liturgia, ele soube realizar no coração da cidade um edifício digno de Deus e, por isso mesmo, digno do homem", disse Bento XVI.

O Bispo de Roma também abordou questões relacionadas ao matrimônio e à família:

"Tudo aquilo que se faz para sustentar o matrimônio e a família, para ajudar as pessoas mais necessitadas, tudo isso que acresce a grandeza do homem e a sua inviolável dignidade, contribui para o aperfeiçoamento da sociedade. Nenhum esforço é vão nesse sentido".

E finalizou lembrando que já tem viagem marcada para a Espanha em 2011:

"No próximo ano, a Deus aprazendo, irei novamente à Espanha, a Madri, para a Jornada Mundial da Juventude. Confio desde agora à vossa oração essa próvida iniciativa, a fim de que seja ocasião de crescimento na fé para tantos jovens".A audiência

O encontro do Bispo de Roma com os cerca de 11 mil fiéis reunidos na Sala Paulo VI aconteceu às 11h (em Roma - 8h no horário de Brasília). Antes do encontro, Bento XVI reuniu-se com peregrinos provenientes de Carpineto Romano e República Tcheca.

Na saudação aos fiéis brasileiros, o Papa salientou:

"Que essa peregrinação a Roma vos ajude a crescer na esperança, que nasce do amor infinito de Deus pelos homens, e assim possais dar um eloquente testemunho cristão na sociedade. Ide em paz! Obrigado!"

No final da audiência, o Pontífice recebeu presidente do Parlamento de Montenegro, juntamente com seu séquito, Ranko Krivokapić.
Autor: CN Notícias

terça-feira, 9 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010D. Athanasius Schneider, sobre o mútuo enriquecimento entre a Missa nova e a tradicional, e a reforma da reforma

O Bispo Auxiliar de Karangada, Cazaquistão, D. Athanasius Schneider, ORC, que apóia explicitamente nosso apostolado do Salvem a Liturgia, concedeu uma entrevista ao conhecido Paix Liturgique, da qual destacamos os seguintes pontos:


No Motu Proprio que decretou, Summorum Pontificum, Bento XVI formulou um convite explícito ao recíproco enriquecimento das duas formas do único rito romano. Na opinião do Senhor Dom Atanásio, que de bom grado celebra nas duas formas do rito, em que aspectos poderia este enriquecimento manifestar-se de modo mais frutuoso?

AS: Temos de levar o Papa a sério. Não se pode continuar a agir como se ele não tivesse dito essa frase. Ou, aliás, como se ele não a tivesse escrito. Claro está que, mesmo sem que haja necessidade de rever os missais, há meios para proceder a uma aproximação das duas formas do rito.

Uma primeira ideia poderia ser a de celebrar versus Deum a partir do Ofertório, como de resto é previsto pelas rubricas do novo missal. Com efeito, o missal de Paulo VI indica claramente dois momentos em que o celebrante se deve voltar para o povo. Uma primeira vez, no momento do “Orate fratres”, e uma segunda, quando o sacerdote diz “Ecce Agnus Dei”, por altura da comunhão dos fiéis. Que significado dar a estas indicações senão a de que o sacerdote deverá estar voltado para o altar durante o Ofertório e o Cânon? Em Setembro de 2000, a Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos publicou uma resposta relativa a um quesito sobre a orientação [posição] do sacerdote durante a Missa. Ao explicar que «a posição versus populum parece a mais cómoda na medida em que ela torna mais fácil a comunicação», ela precisava, no entanto, que «supor que a acção sacrificial deve ser orientada principalmente para a comunidade seria um grave erro. Se o sacerdote celebra versus populum, coisa legítima e frequentemente aconselhável, a sua orientação espiritual deve estar sempre voltada para Deus por Jesus Cristo».

O Racionalismo na Liturgia: Mysterium rationis?

Conta-se que Santo Agostinho de Hipona, plenamente envolvido na reflexão sobre o mistério da Santíssima Trindade, quase enlouqueceu em sua tentativa entender a Deus. Certo dia, cansado de pensar, foi caminhar à beira-mar; encontrando um menino que punha água num buraco por ele cavado, perguntou-lhe porque fazia isso. “Vou pôr o mar neste buraco”, respondeu o garoto. “Impossível”, replicou Agostinho, com piedade da pequena inocência. Ao que disse-lhe o menino, na verdade um anjo: “É mais fácil eu pôr o mar dentro deste buraco do que você compreender o mistério que quer compreender”. A cena foi retratada pelo Mestre Dughet num belo quadro. Deus é um mistério. Podemos chegar ao conhecimento da existência de Deus e de alguns de seus atributos por meio da luz da razão natural (Conc. Ecum. Vaticano I, DS 3004), mas nunca poderemos esgotar-Lhe o mistério. A criatura não pode absorver o Criador, porque não é maior do que ele, da mesma maneira como a parte não pode ser maior do que o todo – apenas uma analogia, pois, evidentemente, o homem não é parte de Deus, o que seria Acir no panteísmo. Deus é “inefável, incompreensível, invisível, inatingível”, reza a Anáfora da Liturgia de S. João Crisóstomo. A razão humana “atinge, realmente o próprio Deus, ainda que sem poder exprimi-Lo em sua infinita simplicidade” (Catecismo da Igreja Católica, n.43), “nossas palavras humanas permanecem sempre aquém do Mistério de Deus” (id. n.42). Deus, pois, não pode ser colocado de inteiro na cabeça do homem; o homem não é maior do que Deus para absorvê-Lo por completo. Como Agostinho, nem podemos pôr o mar num buraco cavado na terra, nem podemos pôr Deus em nossa razão. Entender completamente a Deus é uma ambição orgulhosa da razão humana que nunca poderá ser satisfeita, pois Deus é maior que tudo, será sempre mysterium. Como dizia o Apóstolo, “a nossa ciência é parcial, nossa profecia é imperfeita”, “vemos como por um espelho, confusamente” (I Coríntios 13,9.12). A Santa Missa é, primeiramente e antes de qualquer coisa, sacrifício latrêutico, isto é, de adoração a Deus (Catecismo Menor de S. Pio X, n.657). Como tal, a Liturgia reflete em si o Mistério de Deus: sua beleza, seus símbolos, o incenso, o latim, os movimentos, os paramentos do sacerdote...

Tudo na Liturgia quer, em último sentido, dar glória a Deus, adorar-lhe e refletir o Seu Mistério. É por isso que a Missa sempre foi dita “o Céu na terra”, porque refletia aos homens desta terra o Mistério da vida vindoura. É por isso também que, durante a Consagração das Espécies o sacerdote pronuncia solenemente as palavras: Mysterium Fidei! A Missa, o Sacrifício de Cristo atemporal e eterno, oferecido uma vez por todas no Calvário e renovado no Altar, é um mistério da Fé, mysterium fidei. O estranho, contudo, é que o sacerdote precise indicar em alto e bom som na forma nova do Rito Romano que aquilo se trata de mysterium fidei, mistério da fé. Na forma tradicional do Rito Romano, segundo o Missal de 1962, o sacerdote não dizia em voz alta, mas aos sussurros, que era mistério da fé a transubstanciação do Pão e Vinho em Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por que hoje é preciso dizê-lo explicitamente na Missa, em voz alta, para todos ouvirem e entenderem?
Por que a própria Reforma Litúrgica de 1970 foi conduzida sob influência clara do racionalismo. Mons. Bugnini e vários elementos do Concilium, a Comissão que reformou a Liturgia, estavam imbuídos da noção moderna de que a razão humana deve entender tudo e de que o que não passa pelo crivo da razão deve ser rejeitado. Assim, pois, na mente destes que reformaram a Liturgia para que o homem moderno, racionalista, entendesse que a Santa Missa era efetivamente mistério da Fé, ela deveria ser dita como tal, indicada como tal. Daí que seja preciso o sacerdote dizer em alto e bom som “Mysterium fidei” após a Consagração. Isto não acontecia na forma tradicional do Rito Romano, dado que à época em que foi colimado definitivamente ainda perdurava a noção tomista da Razão, que não a encarava como onipotente para a compreensão de tudo, onisciente, coisa que só veio a surgir na Modernidade, com o Iluminismo.
O homem moderno parece ter uma necessidade de entender tudo, de saber de tudo. O homem moderno acha-se tão superior que não admite mistérios, não admite símbolos, não admite segredos. Hoje, efetivamente, como aos pagãos, poder-se-ia falar na “loucura da Cruz” (I Coríntios 1,18) porque, para o homem racionalista moderno, um mistério tão grandioso como a Salvação dos homens na Cruz por Cristo, como a Transubstanciação na Missa, um Deus assim tão inefável e transcendente, que não cabe na mente humana, seria uma loucura. E, infelizmente, esta mentalidade racionalista penetrou também na Reforma Litúrgica por meio daqueles que a conduziram, fazendo com que seja preciso dizer ao homem moderno que a Missa é Mysterium Fidei para que ele possa entendê-la como tal. E assim a Missa, na cabeça de muitos, deixou de ser Mysterium Fidei e passou a ser Mysterium rationis, mistério da razão; isso causa conseqüências nefastas: seria preciso adaptar a Liturgia À melhor maneira de o homem entendê-la, pois ela é um mistério de sua razão; o homem é posto no centro, e Deus daí é retirado; o antropocentrismo penetra, e com ele os abusos. E teria sido pior, se não fossem os freios impostos pelo Papa Paulo VI, ele próprio cercado de todos os lados e debilitado, e as reformas de João Paulo II. Reflexos do racionalismo na Reforma Litúrgica são visíveis. Na forma tradicional do Rito Romano, todo o Ofertório e o Cânon eram rezados em voz baixa, de forma que só o sacerdote o pudesse ouvir, mas não o povo. O sentido é de que esta Oração santíssima deveria ser envolvida em mistério, preservado do barulho mundano, resguardado pelo sacerdote num manto de silêncio sagrado, como era resguardada por um véu a Arca da Aliança no Templo. No Oriente ainda há Ritos cuja Consagração é celebrada em completo mistério no interior de um presbitério, sem que o povo possa vê-lo ou ouvi-lo. Hoje em dia há quem se escandalize em saber que na Missa Tradicional o povo não ouve o Cânon. E, de fato, com a Reforma Litúrgica o Ofertório e o Cânon passaram a ser rezados em alto e bom som, para que todos pudessem ouvi-lo (no Brasil, por invenção da CNBB, o Cânon ainda é interrompido por resposta intrusas do povo, como se os fiéis precisassem intervir para que o Sacrifício seja válido!). Por que esta necessidade de que o homem escute tudo? Por que esta necessidade de que o homem saiba por seus sentidos de tudo que se passa? É o racionalismo que penetrou na Missa; o homem agora não se contenta com o Mistério, precisa ouvir tudo, saber de tudo; sua razão orgulhosa não permite que ele não saiba de tudo. Infelizmente, o racionalismo penetrou na Reforma neste ponto.

O silêncio e o Mistério aí precisam ser recuperados. Este é um dos grandes diferenciais da Missa Tradicional em relação à Missa Nova: o silêncio sagrado põe o homem num clima de abertura a Deus, num clima de mistério perante um Deus que é um Mistério. Mas não só isso. A rejeição do latim por muitos fiéis, sacerdotes e Bispos é também reflexo da penetração do racionalismo. O latim que possui profundo sentido teológico: além de ser a conexão com as inúmeras gerações passadas da Igreja, preserva melhor o sentido dos textos, protege-os das evoluções das línguas vernáculos e, assim, das corruptelas de doutrina, além de ser a língua da Igreja de Roma, o que demonstra perfeitamente a comunhão com esta Igreja, “com a qual todas as outras Igrejas devem se conformar”, segundo Santo Irineu. O Papa Beato João XXIII, na Constituição Apostólica Veterum Sapientia, dá inúmeras razões para que o latim permaneça como a língua da Liturgia. Paulo VI lamentou sua perda diversas vezes. João Paulo II quis recuperá-lo. Bento XVI permanece na luta pelo seu resgate. O latim, por não ser uma língua do cotidiano, expressa muito bem o Mistério de Deus: inefável e incompreensível em sua Majestade, a Deus a Igreja não se dirige como se dirige ao povo, na sua língua pátria; a Igreja se dirige a Deus por uma língua própria para Ele, uma língua solene, uma língua que a razão humana tem dificuldade de entender, como tem dificuldade de entender a Deus. Por isso mesmo o latim cria um ambiente de solenidade, de transcendência, de sagrado, de Mistério. Mysterium Fidei.
Mas rejeita-se o latim, apesar de seu profundo sentido. A justificativa para essa rejeição injustificável? É comumente dito que “o povo não entende”. Esta justificativa é denúncia máxima da penetração do racionalismo na Liturgia. Por que o povo precisa entender tudo na Missa e não apenas o essencial – como de Deus não entendemos tudo, mas só o essencial, que Ele mesmo nos revelou? Por que é preciso que o povo saiba o que se diz a cada ato? Por que é necessário que o povo escute claramente cada palavra, que a razão humana entenda todo o texto, em seus mínimos detalhes? Porque, para o homem moderno, nada tem razão de ser se não passa pela sua razão; o homem moderno tem que entender tudo, sua ambição é pela onisciência. E, infelizmente, isto penetrou na Liturgia por meio da Reforma Litúrgica que, em sua condução, cedeu ao racionalismo moderno:
o católico moderno precisaria ouvir e entender toda palavra na Liturgia para que ela tenha algum sentido e por isso a Liturgia tem de ser na língua do povo; e, assim, não se nota que o sentido máximo da Liturgia não está dentro da mente humana, que a Liturgia tem seu sentido maior justamente fora da mente humana, em Deus, que é Mistério. A Reforma da Reforma, que quer o Papa Bento XVI, só poderá caminhar se pudermos reconhecer com coragem que a Reforma Litúrgica, como foi conduzida por Mons. Bugnini e a Concilium, teve sérios problemas. Um destes problemas é este que apresentamos neste artigo, o racionalismo. Outro, amplamente falado, é o do arqueologismo litúrgico. E houve outros mais. Reconhecer corajosamente estes defeitos da Reforma Litúrgica e o que precisa ser melhorado na Nova Missa é essencial para uma Reforma da Reforma, como quer o Papa, uma reforma que leve à cabo uma renovação da Liturgia em continuidade com todo o patrimônio da Igreja, como desejou realmente o Concílio Vaticano II. Para resolver o problema do racionalismo, um dos primeiros e mais imediatos passos é a restauração do latim na celebração a Missa Nova e sua preferência em relação às línguas vernáculas.
Não só isso é preciso resgatar o silêncio sagrado, com a escolha de cantos mais serenos e condizentes com o espírito da Liturgia; o próprio Ofertório e o Cânon, se devem ser ditos em voz alta, podem ser pronunciados num tom mais baixo do que normalmente é feito ou até sem o uso do microfone, para que se relembre aquele silêncio sagrado e como a Missa é, realmente, Mistério. Mas nada disso adiantará se não for feita uma reforma das convicções do homem moderno. É preciso que o católico moderno não caia na tentação de idolatrar-se ou idolatrar sua razão, como tristemente faz a Modernidade, em seu infeliz racionalismo. É preciso reconhecer nossa pequenez diante de Deus, a pequenez de nossa razão perante o Seu Mistério. Em suma, é preciso ter humildade. Ir à Missa com humildade e reconhecer-se pequeno, indigno. Essa é uma atitude de todo necessária para consertar este grave problema do racionalismo na Liturgia, que tantas más e graves conseqüências vêm provocando. A Liturgia não é mysterium rationis ou mysterium populi: ela é Mysterium Fidei, expressão do Mysterium Dei.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

NOVO BRASAO DO PAPA BENTO XVI


Roma – Se a heráldica é a exata representação visível e codificada de uma realidade, o retorno da tiara pontifícia no brasão de Bento XVI tem um valor simbólico que não pode ser subestimado. Com as suas três coroas, a tiara fala do tríplice poder do Papa: pai dos reis, regente do mundo, vigário de Cristo. Fala do sucessor de Pedro que, na estrutura hierárquica que é a Igreja, é o chefe supremo. O seu primado não está em discussão, as rédeas do governo são , em comunhão com os bispos, suas. No último domingo, durante a recitação do Angelus na Praça de São Pedro, pela primeira vez o novo brasão papal foi apresentado ao público. Para muitos tratou-se de um sinal vigoroso depois que, em abril de 2005, o Papa – que nos prognósticos pré-conclave era visto por todos como “o homem da restauração”, após os anos do vento reformador pós-conciliar – havia exposto o foco de seu programa “político” num brasão de simbologia contraditória: a tiara vinha substituída por uma mitra, considerada pelos especialistas mais carregada de espiritualidade e de um senso de colegialidade e fraternidade com o episcopado. Em 2005, o docente e estudioso da Igreja Giorni Rumi disse: “A tiara era dos tempos das cruzadas. E agora desapareceu, como se marcasse uma maior proximidade dos bispos: estamos de fato no primeiro Papa do novo milênio, existem sinais indicativos de um projeto ou de uma esperança”. Antes mesmo, pois era do tempo de Paulo VI, o Papa que aboliu o uso da sedia gestatória, a tiara não vinha mais endossada por um Papa. Mas permanece o fato de que ninguém, nem mesmo o próprio Montini, ousou retirá-la do próprio brasão. O primeiro foi precisamente o Papa Ratzinger.
Por que Bento XVI o fez? A resposta pode ser dupla. Para alguns, foi a última cartada do cerimoniário pontifício ligado à escola da reforma litúrgica pós-conciliar de Annibale Bugnini; [...] foi ele, dizem, o inspirador “post mortem” de Monsenhor Piero Marini, grande cerimoniário papal no pontificado wojtyliano, em todas as suas inovações litúrgicas: a última, cronologicamente, o brasão sem tiara. Um brasão, dizem os promotores desta versão, que Bento XVI teve de suportar sem poder reagir.
Um brasão desenhado, sob indicação do ofício cerimonial, pelo Cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo, especialista em heráldica.
Para outros, pelo contrário, tudo é mais simples: a retirada da tiara do brasão foi uma ordem precisa de Ratzinger, que desejava dizer basta aos adereços e aos sinais renascentistas. O sinal de que para ele chegara o tempo de um pontificado “franciscano”, que no brasão recordasse que o Papa é “unus inter pares”: o sonho ainda em vigor de uma colegialidade democrática. Quem é Bento XVI? Em 2005, muitos o descreveram a partir de seu brasão: um Papa bávaro e, como tal, decidido a guardar o patrimônio de identidade se esvaziando das tentações temporalistas. Mas hoje a antiga coroa retornou ao brasão. E diz muito de Bento XVI e de seu pontificado.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Drama do Fim dos Tempos - O Homem do Pecado

Maio 1885 (Pe. Emmanuel)

O HOMEM DO PECADO


I

Está entre as coisas possíveis, se bem que a apostasia já esteja muito avançada, que os cristãos, por um esforço generoso, façam recuar os promotores da descristianização, e propiciem assim, para a Igreja, dias de consolação e de paz antes da grande provação. Este resultado nós o esperamos, não dos homens, mas de Deus, não tanto dos esforços, mas das orações.

Nesta ordem de idéias, alguns autores piedosos esperam, depois da crise presente, um triunfo da Igreja, qualquer coisa como um dia de Ramos, no qual esta Mãe seria aclamada pelos gritos de amor dos filhos de Jacob, reunidos às nações, na unidade de uma mesma fé. Nós nos associamos com prazer a essas esperanças, que visam um fato formalmente anunciado pelos profetas, e do qual falaremos a seu tempo.

É da tradição dos primeiros tempos da Igreja, consignada em Lactancio, que um dia o império do mundo voltaria à Ásia: Imperium in Asium revertetur.

Qualquer que seja esse triunfo, se Deus no-lo conceder, não será de longa duração. Os inimigos da Igreja, atordoados por um momento, retomarão sua obra satânica com redobrado ódio. Pode-se imaginar o estado da Igreja, então, como semelhante ao estado de Nosso Senhor nos dias que precederam sua Paixão.

O mundo será profundamente agitado, como estava o povo judeu reunido para as festas pascais. Haverá imensos rumores, cada um falando da Igreja, uns para dizer que ela é divina, outros que ela não o é. Ela será o alvo dos ataques mais insidiosos do livre pensamento; mas nunca terá reduzido tão bem ao silêncio seus contraditores, pulverizando seus sofismas.

Em resumo, o mundo será posto face à verdade; será atingido em pleno rosto pelo esplendor divino da Igreja; mas ele voltará as costas, e dirá: "Não a quero!".

Esse desprezo da verdade, esse abuso de graças será a introdução do homem do pecado. A humanidade estará querendo esse mestre imundo: ela o terá. E por ele se produzirá uma sedução de iniqüidade, uma eficácia do erro (é assim que Bossuet traduz São Paulo) que punirá os homens por terem rejeitado e odiado a Verdade.

Falando assim, não estamos fabricando imaginações, seguimos o Apóstolo. Segundo ele, com efeito, toda sedução de iniqüidade agirá "sobre aqueles que perecem, como não tendo recebido o amor da Verdade que os teria salvo. Por essa razão, Deus lhes enviará a eficácia do erro, a fim de que creiam na mentira; e assim serão julgados aqueles que não creram na verdade, mas se comprazeram na iniqüidade". (Tess., II, 11. 12).


II

Quando o homem do pecado aparecer será pois, como diz São Paulo, a seu tempo; quer dizer, no momento em que o corpo dos maus, fechado aos golpes da graça, tornado compacto e intratável pela obstinação de sua malícia, estiver pedindo uma cabeça como essa.

Ele surgirá, e Satã fará explodir nela toda a extensão de seu ódio contra Deus e os homens.

O homem do pecado, o Anticristo, será um homem, um simples viajante para a eternidade. Alguns autores supuseram nele a encarnação do demônio; essa imaginação é sem fundamento. O diabo não tem o poder de tomar e se unir a uma natureza humana, de macaquear o adorável mistério da Encarnação do Verbo.

Os Padres pensam unanimemente que ele será judeu de origem. Acrescentam mesmo que será da tribo de Dan, fundando-se em que essa tribo não é nomeada no Apocalipse como fornecendo eleitos ao Senhor. Santo Agostinho faz eco a essa tradição em seu livro "Questões sobre Josué". Ela se torna bastante verossímil pelo fato de que a franco-maçonaria é de origem judaica; que os judeus dirigem-na espalhados pelo mundo inteiro; o que deixa crer que o chefe do império anticristão será um judeu. Os judeus, aliás, que não querem reconhecer Jesus Cristo, esperam sempre seu Messias. Nosso Senhor lhes dizia: "Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebestes: se outro vier em seu próprio nome, vós o recebereis". (Jo 5, 43). Por esse outro os Padres entendem comumente o Anticristo.

Apesar do Anticristo ser chamado o homem do pecado, o filho da perdição, não se deve pensar que ele será votado fatalmente e irremissivelmente ao mal. Ele receberá graças, conhecerá a verdade, terá um anjo da guarda. Terá os meios de alcançar a salvação, e se perderá por sua própria culpa.

No entanto, São João Damasceno não hesita em dizer que ele será impuro desde seu nascimento, todo impregnado do hálito de Satã. E é de crer que desde a idade da razão ele entrará em relação tão constante e tão estreita com o espírito das trevas, se voltará para o mal com tal teimosia que não deixará penetrar em sua alma nenhuma luz sobrenatural, nenhuma graça do alto. Ele ficará imutavelmente rebelde a todo bem.

É isto que lhe valerá o nome de homem do pecado. Ele levará a seu máximo, fazendo de toda sua vida um só ato de revolta contra Deus; por essa constante aplicação do mal, atingirá um requinte de impiedade que nenhum homem nunca alcançou.

A qualificação de filho da perdição que lhe é comum com Judas, quer dizer que sua perda eterna está prevista por Deus, querida por Deus, em punição por sua terrível malícia, a ponto dela estar inscrita nas Escrituras e como que registrada de antemão. É provável, e isto é o que pensa São Gregório — que o monstro conhecerá, a uma luz que sai das profundezas do inferno, a sorte que o espera, que renunciará a toda esperança para odiar a Deus mais à vontade, que se fixará desde esta vida na irremediável obstinação dos danados. E assim ele realizará o terrível nome de filho da perdição.

Desta maneira ele será verdadeiramente o Anticristo, a saber, o antípoda de Nosso Senhor. Jesus Cristo estava elevado acima do alcance do pecado; o Anticristo se porá fora do alcance da graça, por um abandono de todo seu ser ao espírito do mal. Jesus Cristo se volta para seu Pai com todo o impulso de uma natureza divinizada e preservada das más influências; o Anticristo se voltará para o mal com todo o impulso de uma natureza profundamente viciada e que renunciará mesmo à esperança.


III


Estando assim diametralmente oposto a Nosso Senhor, ele fará obras em oposição direta às suas.

Ele será para Satã um órgão de escol, um instrumento de predileção.

Assim como Deus, enviando seu Filho ao mundo, o revestiu do poder de fazer milagres, e mesmo de dar a vida aos mortos, assim também Satã fazendo um pacto com o homem do pecado, lhe comunicará o poder de fazer falsos milagres. Por isto São Paulo diz que "sua vinda é obra de Satanás com o desdobramento de poder, de sinais e de prodígios mentirosos". Nosso Senhor só fez milagres de bondade, recusou fazer prodígios de pura ostentação; o Anticristo se comprazerá em fazê-los, e os povos, por um justo julgamento de Deus, se deixarão prender por suas artimanhas.

Está claro, pelo que precede, que o Anticristo se apresentará ao mundo como o tipo completo desses falsos profetas que fanatizam as massas, e que as arrastam a todos os excessos, sob o pretexto de uma reforma religiosa. Sob este ponto de vista, Maomé parece ser seu verdadeiro precursor. Mas ele o ultrapassará de imediato em perversidade, em habilidade, como também pela plenitude de seu poder satânico.

Estudaremos em próximo artigo as origens e os desenvolvimentos de seu poder, assim como as fases da guerra de extermínio que ele desencadeará contra a Igreja de Jesus Cristo.

O Drama do Fim dos Tempos - O Império do Anticristo

Junho de 1885 (Pe. Emmanuel)

O IMPÉRIO DO ANTICRISTO


Visão do profeta Daniel

I

Uma noite, o profeta Daniel teve uma visão terrificante. Enquanto os quatro ventos do céu se combatiam sobre um vasto mar, ele viu surgir do meio das vagas quatro bestas monstruosas.

Eram uma leoa, um urso, um leopardo de quatro cabeças, depois não sei que força prodigiosa, tendo dentes e unhas de ferro, e dez chifres na testa.

Foi revelado ao profeta que estas quatro bestas significavam quatro impérios que se elevariam sucessivamente sobre as vagas movediças da humanidade.

Ora, enquanto Daniel considerava com horror a quarta besta, viu um chifrezinho nascer no meio dos dez outros, abater três, e crescer acima de todos; e este chifre tinha olhos de homem, e uma boca que falava com insolência; fazia guerra aos santos do Altíssimo, e levava a melhor sobre eles. O profeta perguntou o sentido desta estranha visão. Foi-lhe respondido que os dez chifres representavam dez reis; o chifrezinho era um rei que acabaria por dominar sobre toda a terra com inaudito poder. "Vomitará, lhe foi dito, blasfêmias contra Deus, esmagará debaixo dos pés os santos do Altíssimo; ele pensará que pode mudar os tempos e as leis; e tudo lhe será entregue durante um tempo, dois tempos, e a metade de um tempo". (Dn 7).


II


Por este rei todos os intérpretes entendem o Anticristo.

Qual é a besta sobre a qual surgiu, no tempo marcado, este chifre de impiedade? É a Revolução, pela qual se entende todo o corpo dos ímpios, obedecendo a um motor oculto e se insurgindo contra Deus: a Revolução, poder Satânico e bestial; satânico, porque animado por um espírito infernal; bestial, porque entregue a todos os instintos da natureza degradada. Ela tem dentes e unhas de ferro: pois forja leis despóticas por meio das quais esmaga a liberdade humana. Procura apoderar-se dos reis e dos governos, que têm de fazer um pacto com ela. Quando o Anticristo aparecer, ela terá dez reis a seu serviço, como os dez chifres da testa.

O Anticristo, nos diz Daniel, aparecerá como um chifrezinho; terá um começo obscuro. Não sairá da família real; será um Maomé, um Mahdi, que se levantará pouco a pouco pela audácia de suas imposturas, secundadas pela cumplicidade do diabo.

O chifre que o representa é muito diferente dos outros. Tem olhos de homem; pois o novo rei é um vidente, um falso profeta. Tem uma boca que faz grandes discursos; pois se impõe não menos pelo brilho da palavra e a sedução das promessas, do que pela força das armas e das intrigas políticas.

Cedo todo o mundo terá os olhos voltados para o impostor, seus grandes feitos serão celebrados pelas trombetas de uma imprensa complacente. Sua popularidade sombreará a de muitos soberanos apóstatas, que dividirão então entre si o império da besta revolucionária. Seguir-se-á uma luta gigantesca, na qual, segundo Daniel, o Anticristo abaterá todos os seus rivais.

Neste momento todos os povos, fanatizados por seus prodígios e suas vitórias, o aclamarão como o salvador da humanidade. E os outros reis não terão outro recurso que se submeterem a ele.

Este será o começo de uma crise terrível para a Igreja de Deus. Pois o chifre da impiedade, alcançando o auge do poder, fará guerra aos santos e prevalecerá contra eles.


III


É provável que durante esse período que poderá durar muitos anos, o homem do pecado afetará ares de moderação hipócrita.

Judeu, se apresentará aos judeus como o Messias esperado, como o restaurador da lei de Moisés; tentará torcer a seu favor as misteriosas profecias de Isaias e Ezequiel; reconstruirá, no dizer de muitos Padres da Igreja, o templo de Jerusalém. Os judeus, ao menos em parte, ofuscados por seus falsos milagres e seus fausto insolente, o receberão, o falso Cristo; porão a seu serviço a alta finança, toda a imprensa, e as lojas maçônicas do mundo inteiro.

É muito crível também que o Anticristo disporá, para subir, de todos os partidários das falsas religiões. Ele se anunciará como cheio de respeito pela liberdade dos cultos, uma das máximas e uma das mentiras da besta revolucionária. Dirá aos budistas que é um Buda; aos muçulmanos, que

Maomé é um grande profeta. Nada impede que o mundo muçulmano aceite o falso messias dos judeus como um novo Maomé.

O que sabemos? Talvez irá até dizer, em sua hipocrisia, como Herodes seu precursor, que quer adorar Jesus Cristo. Mas isso não passará de uma zombaria amarga. Malditos os cristãos que suportam sem indignação que seu adorável Salvador seja posto lado a lado com Buda e Maomé, em não sei que panteon de falsos deuses!

Todos esses artifícios, parecidos com a carícia no cavalo do cavaleiro que o quer montar, arrebanharão insensivelmente o mundo para o inimigo de Jesus Cristo; mas uma vez firme nos estribos, usará do freio e das esporas; e a mais terrível tirania pesará sobre a humanidade.


IV


São Paulo nos faz conhecer com um só traço toda a extensão dessa tirania, a mais odiosa que houve e que haverá em todos os tempos.

O homem da perdição, diz ele, o filho da perdição, o ímpio, "se oporá e se levantará contra tudo o que se chama Deus ou que é adorado como Deus, até se sentar no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus". (2 Ts 2 4).

Daniel tinha predito antes de São Paulo: "Não terá em conta para nada o Deus de seus pais; ele mergulhará em deboches; não terá preocupação com Deus algum, levantar-se-á contra tudo". (Dn 11, 17).

Assim, quando o Anticristo tiver escravizado o mundo, quando tiver colocado em toda parte seus ordenanças e suas criaturas, quando puder puxar à sua vontade todos os fios de uma centralização levada ao extremo: ele tirará a máscara, proclamará que todos os cultos estão abolidos, se aclamará como Deus único e, debaixo das penas mais terríveis e mais infamantes, quererá forçar todos os habitantes da terra a adorar, excluindo qualquer outra, sua própria divindade.

É nisto que desembocará a famosa liberdade de culto da qual se faz tanto alarde; a promiscuidade dos erros exige logicamente esta conclusão.

Enquanto esteve na terra, o adorável Jesus, manso e humilde de coração, nunca se propôs à adoração de seus apóstolos sendo Ele Deus; muito ao contrário, pôs-se de joelhos diante deles e lhes lavou os pés. O Anticristo, monstro da impiedade e de orgulho, far-se-á adorar pela humanidade enlouquecida e seduzida; ela terá escolhido este mestre de preferência ao primeiro.

E não se pense que a armadilha será grosseira! Não esqueçamos, diz São Gregório, que o monstro disporá do poder do diabo para fazer falsos prodígios; ao contrário do começo, quando os milagres estavam do lado dos mártires, parecerá que agora estão do lado dos carrascos. Haverá uma ofuscação, uma vertigem. Somente os humildes, firmes em Deus, distinguirão a mentira e escaparão à tentação.

Mas onde o Anticristo estabelecerá seu novo culto? São Paulo nos diz: no templo de Deus; Santo Irineu, quase contemporâneo dos Apóstolos, esclarece melhor e diz: no templo de Jerusalém que ele fará reconstruir. Este será o centro da horrível religião. São João em outro lugar nos dá a conhecer a imagem do monstro será proposta por toda parte à adoração dos homens. (Ap 13, 24).

Então budismo, islamismo, protestantismo, etc. serão suprimidos e abolidos. Mas não é preciso dizer que o furor do mundo se dirigirá contra Nosso Senhor e sua Igreja. Fará cessar o culto público; desaparecerá, diz Daniel, o sacrifício perpétuo. Só se poderá celebrar a Santa Missa em cavernas e em lugares escondidos. As igrejas profanadas só apresentarão ao olhar a abominação da desolação, a saber, a imagem do monstro elevada aos altares do verdadeiro Deus. (Daniel, pass.). Houve um ensaio dessas coisas na Revolução Francesa.

Aí a mão de Deus se fará sentir. Ele abreviará esses dias de suprema angústia. Essa perseguição, que fará vacilar as colunas do céu, só durará um tempo, dois tempos e a metade de um tempo, a saber, três anos e meio.


OS PREGADORES DO ANTICRISTO

Visão de São João


I


Os livros santos que entram em tantos detalhes sobre o homem do pecado, nos fazem conhecer um misterioso agente de sedução que lhe submeterá a terra. Este agente, ao mesmo tempo um e múltiplo, é, segundo São Gregório, uma espécie de corpo ensinante que propagará por toda parte as perversas doutrinas da Revolução.

O Anticristo terá seus ajudantes de ordem e seus generais; possuirá um inumerável exército. Mal se ousa tomar ao pé da letra o número que São João nos dá falando de sua cavalaria (Ap 9, 16). Mas ele terá sobretudo a seu serviço falsos profetas como ele, iluminados do diabo, doutores de mentiras; inimigo pessoal de Jesus Cristo, macaqueará o divino Mestre, cercando-se de apóstolos ao contrário.

Falemos então, segundo São João, destes doutores ímpios que chamaremos pregadores do Anticristo.


II

São João, no capítulo XIII de seu Apocalipse, descreve uma visão parecida com a de Daniel. Ele vê surgir do mar um monstro único, reunindo em si mesmo uma horrível síntese de todos os caracteres das quatro bestas vistas pelo profeta. Este monstro parece o leopardo; tem pés de urso, goela de leão; tem sete cabeças e dez chifres.

Ele representa o império do Anticristo, formado por todas as corrupções da humanidade. Ele representa o próprio Anticristo que é o nó de todo esse conjunto violento de membros incoerentes e díspares.

Chega-se a ver o impostor, com o cortejo de cristãos apóstatas, muçulmanos fanatizados, judeus iluminados, que o seguirá por toda parte.

Ora, enquanto São João considerava esta Besta, viu uma das cabeças ferida de morte; depois a chaga mortal foi curada. E toda a terra se maravilhou com a Besta. Os intérpretes vêm nisto um dos falsos prodígios do Anticristo; um de seus principais ajudantes de ordem ou talvez ele mesmo, aparecerá ferido gravemente, acreditar-se-á que morreu, quando de repente, por um artifício diabólico, se recuperará cheio de vida. Esta impostura será celebrada por todos os jornais, muito crédulos nesta ocasião; o entusiasmo irá ao delírio.

"Então, continua São João, os homens adorarão o dragão que deu o poder à Besta, dizendo; quem é semelhante a ela, e quem poderá pelejar contra ela?".

Assim, tanto o diabo será adorado como o Anticristo; e não será um duplo culto, o primeiro sendo adorado no segundo. São João nos faz assistir em seguida à perseguição contra a Igreja.

"E foi dada à Besta uma boca que proferia coisas arrogantes e blasfêmias; e foi-lhe dado o poder de fazer guerra durante quarenta e dois meses".

Esta é a mesma palavra de Daniel e designa o tempo da perseguição no seu paroxismo. Quarenta e dois meses, é justo três anos e meio.

"E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os que habitam no céu".

"E foi-lhe permitido fazer a guerra aos santos e vencê-los. E foi-lhe dado poder sobre toda tribo, e povo, e língua, e nação".

"E adoraram-na todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, que foi imolado desde o princípio do mundo".

"Se alguém tem ouvidos, ouça!".

"Aquele que levar para o cativeiro, irá para o cativeiro; aquele que matar à espada, importa que seja morto à espada. Aqui está a paciência e a fé dos santos". (13, 3-11).

É assim que o apóstolo bem amado descreve a terrível perseguição. A todas as ameaças se juntam todas as seduções; disto resultará um fanatismo delirante que lançará o mundo inteiro aos pés da Besta. Mas todos os assaltos do inferno fracassarão diante da "paciência e a fé dos santos".


III


São João nos pinta em seguida o grande agente de sedução que dobrará os espíritos dos homens ao culto da Besta.

"E vi outra besta que subia da terra e que tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, mas que falava como o dragão".

"E ela exercia todo o poder da primeira besta na sua presença; e fez que a terra e os que a habitam adorassem a primeira besta, cuja ferida mortal tinha sido curada".

"E operou grandes prodígios, de sorte que até fez descer fogo do céu sobre a terra à vista dos homens".

"E seduziu os habitantes da terra com os prodígios que lhe foi permitido fazer diante da besta, persuadindo os habitantes da terra que fizessem uma imagem da besta, que tinha recebido um golpe de espada e conservou a vida".

"E foi-lhe concedido animar a imagem da besta, de modo que falasse; e forçar a todos os homens, sob pena de morte, a adorar a besta".

"E fará que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tenham um sinal em sua mão direita, ou nas suas frontes; e que ninguém possa comprar ou vender, exceto aquele que tiver o sinal ou o nome da besta, ou o número de seu nome".

"É aqui que está a sabedoria. Quem tem inteligência, calcule o número da besta. Porque é número de homem; e o número dela é seiscentos e sessenta e seis". (Ap 13, 11-18).

Tal é a segunda parte da profecia de São João. São Gregório interpreta esta misteriosa passagem no sentido, como dissemos, de que o Anticristo terá seu colégio de pregadores e de apóstolos ao contrário. E esses doutores da mentira serão qualquer coisa como nossos sábios modernos, misto de mágico ou espírita.

Eles terão a aparência do Cordeiro. Adotarão na aparência as máximas evangélicas de paz, de concórdia, de liberdade, de fraternidade humana; e debaixo dessas aparências propagarão o ateísmo mais desavergonhado.


Eles terão a aparência do Cordeiro. Apresentar-se-ão como agentes de persuasão, respeitosos para com as consciências; e depois, farão morrer entre tormentos aqueles que se recusarem a ouvi-los.

"Seus ouvintes, diz fortemente São Gregório, serão todos réprobos; sua tática, diz ele ainda, consistirá em proclamar que o gênero humano, durante as épocas de fé, estava mergulhado nas trevas; e saudarão o advento do Anticristo como a aparição do dia e o despertar do mundo" (Mor. in Job. lib. XXXIII).

Essas pregações serão apoiadas por falsos prodígios. Instruídos pelo diabo e por seu agente a respeito de segredos naturais ainda desconhecidos, os missionários do Anticristo espantarão e seduzirão as multidões com toda espécie de sortilégios; farão descer fogo do céu, e farão falar as imagens do Anticristo que terão erigido.


Mas isso não é tudo. Forçarão os homens, sob pena de morte, a adorar essas imagens falantes. Obrigarão os homens a levarem na mão direita ou na testa, o número do monstro. E aquele que não tiver esse número não poderá nem comprar nem vender.

Aí aparece o terrível requinte da suprema perseguição. Aquele que não levar a estampilha do monstro estará por isso mesmo fora da lei, fora da sociedade, passível de morte.

Mas não vemos desde o presente se desenhar alguns ensaios dessa tirania?

O que são todos esses mestres do ensino sem Deus, senão os precursores do Anticristo? A Revolução quer ter seu corpo ensinante, encarregado oficialmente de descristianizar a juventude, e de imprimir na testa de todos, pequenos e grandes, pobres e ricos, a estampilha do Deus-Estado. O ensino obrigatório e leigo não tem outro fim. Já se preparam leis para interditar a entrada nas carreiras públicas de quem não tenha recebido a assinatura das escolas do Estado. No dia em que essas leis abomináveis passarem, pode-se pôr luto pela liberdade humana. Estaremos sob uma tirania sombria, sufocante, infernal. O Anticristo poderá chegar.

Esperemos, a consciência pública é ainda bastante cristã e não suportará tal tortura. Também procura-se, de todas as maneiras possíveis, adormecê-la.

Além disso, que os fiéis se consolem! Todos esses extremos só servirão, nos desígnios de Deus, ao brilho da paciência e fé dos santos.

O Drama do Fim dos Tempos - A Igreja durante a Tormenta

Agosto de 1885 (Pe. Emmanuel)

A IGREJA DURANTE A TORMENTA


São Gregório Magno, em seus luminosos comentários de Jó, penetra profundamente em toda a história da Igreja, visivelmente animado do mesmo espírito profético espalhado nas Escrituras.


Ele contempla a Igreja, no fim dos tempos, sob a figura de Jó humilhado e sofredor, exposto às insinuações pérfidas de sua mulher e às críticas amargas de seus amigos; Jó, diante de quem, outrora, os anciãos se levantavam e os príncipes faziam silêncio!


A Igreja, disse muitas vezes o grande Papa, no fim de sua peregrinação terrestre, será privada de todo poder temporal; procurarão tirar-lhe todo ponto de apoio sobre a terra.

Vai mais longe ainda, declara que ela será despojada do próprio brilho que provém dos dons sobrenaturais.

"O poder dos milagres, diz ele, será retirado, a graça das curas arrebatada, a profecia desaparecerá, o dom de uma grande abstinência será diminuído, os ensinamentos da doutrina se calarão, os prodígios milagrosos cessarão. Isto não quer dizer que não haverá mais nada disso; mas todos esses sinais não brilharão abertamente, sob mil formas como nos primeiros tempos. Será mesmo a ocasião de um maravilhoso discernimento. Neste estado de humilhação da Igreja, crescerá a recompensa dos bons que se prenderão a ela, tendo em vista somente os bens celestes; quando aos maus, não vendo mais na Igreja nenhum atrativo temporal, não terão nada a fingir, se mostrarão tais como são". (Mor. 1, XXXV)


Que palavra terrível: os ensinamentos da doutrina se calarão! São Gregório proclama em outro lugar que a Igreja prefere morrer a se calar. Então ela falará: mas seu ensinamento será entravado, sua voz encoberta; muitos dos que deveriam gritar sobre os telhados não ousarão fazê-lo com medo dos homens.

E será a ocasião de um grande discernimento.

São Gregório insiste muitas vezes sobre as três categorias de pessoas que há na Igreja: os hipócritas ou os falsos cristãos, os fracos e os fortes. Ora, nesses momentos de angústia os hipócritas levantarão a máscara e manifestarão sua apostasia secreta; os fracos, coitados, perecerão em grande número e o coração da Igreja sangrará por eles; enfim, muitos dos fortes, confiantes em sua próprias forças, cairão como as estrelas do céu.

A despeito de todas estas tristezas pungentes, a Igreja nem perderá a coragem nem a confiança. Ela será sustentada pela promessa do Salvador, consignada nas Escrituras de que esses dias serão abreviados por causa dos eleitos.

Sabendo que apesar de tudo os eleitos serão salvos, a Igreja se empenhará, no meio da mais atroz tormenta, na salvação das almas com uma infatigável energia.


II

Apesar do horrível escândalo desses tempos de perdição, não se deve pensar que os fracos estarão necessariamente perdidos. A via da salvação continuará aberta e a salvação possível para todos. A Igreja terá meios de preservação proporcionados ao tamanho do perigo. E entre os pequenos, somente os que deixarem as asas de sua mãe cairão nas garras do gavião.

Quais serão esses meios de preservação? As Escrituras não nos deixam sem indicação sobre o assunto; podemos, sem temeridade, formular algumas conjecturas.

A Igreja se lembrará do aviso dado por Nosso Senhor para os tempos da tomada de Jerusalém e aplicável, com o consentimento dos intérpretes, à última perseguição.

"Quando virdes a abominação da desolação, predita pelo profeta Daniel, de pé nos lugares santos (aquele que lê, compreenda!), então aqueles que estão na Judéia fujam para as montanhas... Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado! Pois haverá grande tribulação, tal como nunca houve desde a origem do mundo e que não haverá jamais. E se esses dias não fossem abreviados ninguém se salvaria; mas eles serão abreviados por causa dos eleitos" (Mt 24, 15, 23).

De acordo com estas instruções do Salvador, a Igreja porá os pequenos rebanhos em segurança pela fuga; providenciará retiros inacessíveis, já que a terra estará cruzada e varada pelos meios de comunicação. É preciso responder que Deus proverá, ele próprio, à segurança dos fugitivos. São João nos deixa entrever esta ação da Providência.

No capítulo XII do Apocalipse, ele nos apresenta uma mulher vestida de sol e coroada de estrelas: é a Igreja. Esta mulher sofre as dores do parto; pois a Igreja dá à luz os eleitos de Deus entre grandes sofrimentos. Diante dela está um grande dragão ruivo, imagem do diabo e de suas contínuas armadilhas. Mas a mulher foge para o deserto, para um lugar preparado pelo próprio Deus, e lá ela é alimentada durante 1.260 dias (Ap 5, 6). Estes 1.260 dias, que fazem três anos e meio, indicam o tempo da perseguição do Anticristo, como está manifestado em outras passagens do Apocalipse. Então, durante esse tempo, a Igreja, na pessoa dos fracos, fugirá para a solidão; e Deus se incumbirá de mantê-la escondida e a alimentará.

No fim do mesmo capítulo estão os detalhes desta fuga. São dadas à mulher duas grandes asas de águia, para a transportar para o deserto. O dragão tenta persegui-la, sua goela vomita um rio de água contra ela. Mas a terra vem socorrer a mulher e absorve o rio. Estas palavras enigmáticas designam alguma grande maravilha que Deus fará aparecer em favor de sua Igreja; a raiva do dragão expiará a seus pés.

No entanto, enquanto os fracos rezam em segurança numa misteriosa solidão, os fortes e os valentes se engajarão numa luta terrível na presença do mundo inteiro, com o dragão desencadeado.


III

É fora de dúvida que nos últimos tempos haverá santos de virtude heróica. No começo, Deus deu à Igreja os Apóstolos que abateram o império idolátrico, e que fundaram e cimentaram a Igreja com seu sangue. No fim, Deus dará filhos e defensores, que não se pode dizer menos santos ou menores.

Santo Agostinho, pensando neles, exclama: "Em comparação com os santos e fiéis de então, o que somos nós? Pois para pô-los à prova o diabo será desencadeado, e nós o combatemos ao preço de mil perigos, estando ele atado". E acrescenta: "No entanto, mesmo hoje o Cristo tem soldados bastante prudentes e bastante fortes para poderem desmanchar com sabedoria suas armadilhas e agüentar com paciência os assaltos do inimigo mesmo se desencadeado". (De Civ. Dei, XX, 8).

Santo Agostinho continua perguntando: "Haverá ainda conversões nesses tempos de perdição? As crianças serão ainda batizadas apesar das proibições do monstro? Os santos de então terão o poder de arrancar as almas da goela do dragão furioso? O grande doutor responde afirmativamente a todas estas perguntas. Sem dúvida as conversões serão mais raras, mas serão mais espetaculares. Sem dúvida, em regra geral, é preciso que Satã esteja amarrado para que se possa despojá-lo (Mt 11, 29); mas nesses dias Deus se comprazerá em mostrar que sua graça é mais forte do que o próprio forte em seu mais furioso desencadeamento.

Cada um note o quanto estes dados são consoladores. Mas quais serão os santos dos últimos tempos? Gostamos de pensar que entre eles haverá soldados. O Anticristo será um conquistador, comandará exércitos; encontrará diante de si as Legiões Tebanas, heróis desta linhagem gloriosa e indomável que tem os Macabeus como ancestrais e que conta em suas fileiras com os Cruzados, os camponeses da Vandea e do Tirol, enfim, os Zuavos pontificais. Estes soldados, o Anticristo poderá esmagá-los debaixo do peso de suas inumeráveis hordas; ele não os fará fugir.

Mas o Anticristo será, sobretudo, um impostor; por conseqüência ele encontrará como adversários principalmente os apóstolos armados com o crucifixo. Como a última perseguição revestirá o aspecto de uma sedução, estes unirão a paciência dos mártires à ciência dos doutores. Nosso Senhor fez Santa Teresa vê-los tendo na mão gládios luminosos.

À frente destas falanges intrépidas, aparecerão dois enviados extraordinários de Deus, dois gigantes de santidade, dois sobreviventes dos tempos antigos; referimo-nos a Henoc e Elias, de quem falaremos no artigo seguinte.


HENOC E ELIAS

Os fatos maravilhosos que descrevemos não são suposições aventurosas; são verdades tomadas na Santa Escritura e que seria pelo menos temerário negar.

Antes do fim dos tempos, e durante a perseguição do Anticristo, aparecerão no meio dos homens dois extraordinários personagens, chamados Henoc e Elias.

Quem são estes personagens? Em que condições farão sua entrada providencial no cenário do mundo? É o que vamos examinar à luz das Escrituras e da Tradição.

I

Henoc é um dos descendentes de Set, filho de Adão e raiz da raça dos filhos de Deus. Ele é o chefe da sexta geração a partir do pai do gênero humano. Eis o que o Gênesis nos ensina a seu respeito:

"e Jared viveu 162 anos e gerou Henoc... Ora Henoc viveu 65 anos e gerou Matusalém. E Henoc andou com Deus e depois de ter gerado Matusalém viveu 365 anos. E andou com Deus e desapareceu porque Deus o levou" (Gn 5, 18-25).

Deus o levou com a idade de 365 anos, quer dizer, nessa época de grande longevidade, na idade madura. Não morreu, desapareceu. Foi transportado vivo, para um lugar conhecido apenas por Deus. Aí está o que sabemos de Henoc, patriarca da raça de Set, trisavô de Noé, ancestral do Salvador.

Quanto a Elias, sua história é melhor conhecida. Henoc, anterior ao Dilúvio, nasceu muitos milhares de anos antes de Jesus Cristo. Elias apareceu no reino de Israel, menos de mil anos antes do Salvador; é o grande profeta da nação judaica.

Sua vida não podia ter sido mais dramática (Rs 3; 4). Pode-se dizer que ela é uma profecia em ação do estado da Igreja, no tempo da perseguição do Anticristo. Vivia errante, sempre ameaçado de morte, sempre protegido pela mão de Deus, que ora o esconde no deserto onde corvos o alimentam, ora o apresenta ao orgulhoso Acab, que treme diante dele. Dá-lhe as chaves do céu para desencadear a chuva ou os raios; sobre o monte Horeb favorece-o com uma visão cheia de mistérios. Em resumo, o faz crescer até o porte de Moisés, o Taumaturgo, de modo que com Moisés acompanhe Nosso Senhor sobre o Monte Tabor.

O desaparecimento de Elias corresponde a uma vida de estranha sublimidade. Caminhando com Eliseu, seu discípulo, abre para si uma passagem no Jordão tocando as águas com sua capa. Anuncia que vai ser arrebatado ao céu. De repente, "enquanto caminhavam, conversavam entre si, eis que um carro de fogo e uns cavalos de fogo os separaram um do outro; e Elias subiu ao céu no meio de um turbilhão. E Eliseu o via e clamava: Meu pai, meu pai, carro de Israel e seu condutor! E não o viu mais" (4 Rs 2, 11-12).

E foi assim que Elias, o amigo de Deus, o zelador de sua própria glória, foi arrebatado e transportado, também ele, para uma região misteriosa, onde encontrou seu ancestral, o grande Henoc.

Qual é essa região? Henoc e Elias estão vivos, isto é certo. Onde Deus os esconde? Será em alguma parte inacessível do mundo aqui embaixo? Será em alguma plaga do firmamento? Ninguém pode dizer. Pode-se apenas afirmar que por enquanto eles estão fora das condições humanas; os séculos passam a seus pés sem atingi-los; permanecem na idade madura, sem dúvida, na idade em que foram arrebatados do meio dos homens.


II

Sua reaparição no cenário do mundo não é menos certa do que seu desaparecimento.

Assim fala destes grandes personagens o autor inspirado do Eclesiastes, exprimindo toda a tradição judaica.

"Henoc agradou a Deus e foi transportado ao paraíso para pregar a penitência às nações" (Ecle 44, 15).

"Quem pode se gloriar como tu, ó Elias? Tu foste arrebatado ao céu num redemoinho de fogo, numa carroça tirada por cavalos ardentes; tu, de quem está escrito que no tempo dos julgamentos virás para abrandar a ira do Senhor, para reconciliar o coração dos pais com os filhos e para restabelecer as tribos de Jacó" (Ib, 47).

Estas palavras de um livro canônico nos esclarecem que Henoc e Elias têm uma missão futura a cumprir. Henoc deve pregar a penitência às nações, ou, se preferir em outra tradução, levar as nações à penitência. Elias deve, um dia, restabelecer as tribos de Israel, quer dizer, devolver o lugar de honra a que elas têm direito na Igreja de Deus.

A unanimidade dos doutores compreendem que esta dupla missão se realizará simultaneamente no fim do mundo. Elias, em particular, é considerado o precursor de Jesus Cristo que vem do céu como juiz; este pensamento salta manifestamente dos Evangelhos (Mt 17; Mc 9).

Então, os homens verão um dia, e não sem espanto, Henoc e Elias reaparecerem no meio deles e pregarem penitência com extraordinário brilho. São João os chama as duas testemunhas de Deus, e assim os descreve no seu Apocalipse (11, 3-7).

"Eles profetizarão durante 1.260 dias, revestidos de saco.

"São as duas oliveiras e os dois candelabros postos diante do Senhor da terra.

"Se alguém lhes quiser fazer mal, sairá fogo de suas bocas que devorará os seus inimigos; e se alguém os quiser ofender, é assim que deve morrer.

"Eles têm o poder de fechar o céu para que não chova durante o tempo que durar sua profecia; e têm poder sobre as águas, para as converter em sangue e de ferir a terra com todo o gênero de pragas, todas as vezes que quiserem".

Quem não reconhece neste retrato o Elias do Antigo Testamento, fechando o céu durante três anos e fazendo descer fogo do céu sobre os soldados que vinham para leva-lo.

Os 1.260 dias marcam o tempo da perseguição final, como já fizemos observar. Assim, o aparecimento das testemunhas de Deus coincidirá com a perseguição do Anticristo.

É preciso reconhecer que o socorro trazido pela Igreja será proporcional ao tamanho do perigo.

As duas testemunhas de Deus, revestidas das insígnias da mais austera penitência, irão por toda parte, e por toda parte serão invulneráveis; uma nuvem, por assim dizer, os cobrirá e lançará fogo contra quem quer que ouse tocá-los. Terão em suas mãos todos os flagelos para desencadeá-los à vontade sobre toda a terra. Pregarão com uma soberana liberdade em presença do próprio Anticristo.

Este tremerá de raiva; e haverá um duelo terrível entre o monstro e os dois missionários de Deus.