Ao entrarmos na exposição da segunda parte da Mediação Universal de MARIA Santíssima, que diz respeito à intercessão e distribuição de todas as Graças que DEUS concede ao mundo por Sua Mediação, seja-nos permitido exultar de alegria por tão amoroso e misericordioso Desígnio do Todo-Poderoso!
A nós, pobres filhos de Eva, que caminhamos neste vale de exílio, cercados de paixões, perigos, tentações, perseguições infernais e que muitas vezes nos sentimos ladear os abismos da condenação eterna, só de pensar que nos Céus temos uma MÃE Onipotente pela Sua intercessão, nos enche o coração e a alma de radiosas esperanças de que, na hora extrema, encontramos Misericórdia, perdão e salvação eterna.
“Oh! Coração de JESUS, o oceano infinito de bondade e amor, permiti que vos rendamos infinitos agradecimentos por terdes entregue nossa salvação eterna ao Coração Imaculado de Vossa Excelsa MÃE e incomparável MÃE nossa. Oh! Coração Divino, estes vossos extremos de carinho e terno amor filial para com o Refúgio dos Pecadores, encoraja, anima e entusiasma até aqueles pobres desesperados que já estão dominados pelo terror da desgraça e condenação eternas.
Salve, bendito e misericordioso Decreto da Mediação Universal, salve Medianeira de Todas as Graças!”
Para melhor compreensão da consoladora doutrina, é importante meditarmos nos seguintes princípios:
1° - É DEUS que quer que recebamos tudo por MARIA:
O misericordioso decreto de que não recebamos Graças, senão por intermédio da Onipotente intercessão de MARIA Santíssima, dependeu única e exclusivamente da Vontade de DEUS.
“A Vontade de DEUS é que recebamos tudo por MARIA”. É esta a célebre palavra de São Bernardo, que enfeixa a doutrina da Mediação Universal, e que depois, através dos séculos, a Igreja repete, sem cessar, pela boca dos doutores, santos escritores e principalmente pelos Sumos Pontífices.
Bem pudera DEUS dispensar a cooperação da Virgem nos mistérios da Redenção, mas SUA Suprema Vontade quis que ELA fosse a Co-Redentora, na Encarnação e Morte do SALVADOR, e que agora fosse, no Céus, a Medianeira de todas as Graças.
Sim, é Vontade de DEUS que recebamos tudo por MARIA. Vontade de DEUS que a primeira Graça da Redenção, na ordem sobrenatural, outorgada a São João Batista, ainda no seio materno, fosse concedida por intermédio de MARIA.
Vontade de DEUS que os pastores e Reis Magos encontrassem o Menino JESUS nos braços de MARIA.
Vontade de DEUS que o primeiro Milagre, na ordem natural, fosse feito por JESUS, a pedido de MARIA, nas bodas de Caná.
Vontade de DEUS que a Virgem fosse Co-Redentora ao pé da Cruz.
Vontade de DEUS que os Apóstolos se preparassem e recebessem o ESPÍRITO SANTO ”cum MARIA MATRE JESU” com MARIA MÃE de JESUS.
E essa Divina Vontade continua agora a conceder Graças e favores do Céus, somente por intermédio de Sua MÃE Santíssima, que constituiu Medianeira de Todas as Graças.
2° - Quais são as Graças que dependem da Mediação Universal?
Dependem deste Divino Decreto todas as Graças atuais, isto é, todos os auxílios que nos tornam possível a consecução de nosso fim último sobrenatural, quer sejam auxílios naturais ou sobrenaturais; quer sejam internos ou externos. Dependem também diretamente os bens materiais e a remoção de males temporais, que tem relação direta com a salvação eterna.
A graça santificante, as virtudes sobrenaturais e os dons do Divino ESPÍRITO SANTO, são objeto indireto da Mediação Universal.
Pois a Graça santificante, tanto a sua primeira infusão, como o seu aumento, é fruto direto da digna recepção dos santos Sacramentos e das boas obras.
Mas para recebermos dignamente os santos Sacramentos e para praticarmos boas obras, são necessárias as Graças atuais, e estas nos alcança a Virgem Medianeira, com o fim de que recebamos a Graça santificante ou que ela em nós aumente.
3° - A Mediação Universal não exclua a invocação dos Santos:
Dentro dos princípios acima expostos, a doutrina da Mediação Universal não admite nenhuma exceção. MARIA Santíssima é de fato a Medianeira de Todas as Graças, como inúmeras vezes afirma o Papa Pio XI:
“É a Rainha de todas as Graças, é a Medianeira de todas as Graças.”
Mesmo quando nos dirigimos aos santos, e pela intercessão deles obtivemos Graças e até Milagres, nunca é sem a intercessão também da Medianeira. Acontece, muitas vezes, que DEUS e a própria Santíssima Virgem, querendo glorificar e honrar determinado Santo (a), aguardam as súplicas pela intercessão deste ou desta bem-aventurada, para então conceder a Graças solicitada.
Quando, pois, obtivemos Graças, favores e Milagres pela invocação dos santos, sempre é exigida a intercessão da Medianeira. Ouçamos o que ensinam a este respeito os Sumos Pontificas Bento XV e Pio XI.
Quando a Congregação dos Ritos (na época) hesitou, durante anos, em atribuir à Bem-Aventurada Joana D’Arc um dos Milagres propostos para a sua canonização, por ele ter ocorrido em Lourdes, Bento XV assim se manifestou:
“Se em todos os Prodígios convém reconhecer a Mediação de MARIA, pela qual, segundo a Vontade Divina, toda a Graça e todo o benefício nos vem, não se pode negar que esta Mediação se manifestou, de modo muito particular, num dos Milagres precitados.
Entendemos que o SENHOR assim O permitiu, para nos sugerir que nunca devemos deixar de pensar em MARIA, ainda mesmo quando um Milagre pareça dever atribuir-se à intercessão de um bem-aventurado ou santo.
Até quando DEUS se compraz em glorificar os Seus santos, é preciso supor sempre a intercessão d’Aquela que os padres chamam “Medianeira dos medianeiros” - “Mediatrix mediatarum ommium.”
A mesma doutrina focaliza admiravelmente o Papa Pio XI na Encíclica sobre o santo Rosário, de 29 de setembro de 1937:
“Convidamos a todos os fiéis para conosco agradecerem à MÃE de DEUS por termos recuperado a saúde. Como em outra parte já havemos dito, atribuímos esta Graça à intercessão de Santa Teresinha de Menino JESUS, mas sabemos também que tudo quanto nos vem de DEUS, o recebemos das mãos de MARIA Santíssima.”
4° - Para obter Graças, MARIA é a Mediadora, mesmo não sendo invocada.
Apesar de DEUS não conceder favor algum senão por MARIA, contudo, não é necessário lembrarmos sempre deste importante fator, para sermos socorridos por ELA. Pois MARIA é MÃE, e que MÃE...! Por isso intercede sem cessar pelos filhos, mesmo quando não é invocada. Basta lembrar os gentios que se salvam pela Maternal intercessão da Virgem, e nem sequer a conhecem.
Com que singeleza e amor terno dizia o grande Cura de Ars, São João Maria Viawey:
“Quando chegar o fim do mundo, NOSSA SENHORA há de ficar muito aliviada. Mas até lá, mal sobe para onde há de se voltar. É como uma mãe que tem muitos filhos: está continuamente ocupada em atender ora a um, ora a outro.” E confessava ingenuamente que tantas vezes tinha ido beber à fonte, que, se ela não fosse inesgotável, de há muito teria secado. (R. Plus S.I. _ MARIA em nossa História Divina-, pág. 169, 170)
5° - MARIA intercede por toda Graça, em particular para cada homem.
Esta preciosíssima verdade nos ensina o Papa Leão XIII, na Encíclica “Magnae Dei Matris”, de 08 de dezembro de 1892, eco da Tradição dos Santos Padres e Doutores:
“MARIA, muito melhor que nenhuma outra mãe, conhece e vê os socorros de que necessitamos para viver, os perigos públicos e particulares que nos ameaçam, as angústias e males que nos oprimem, e, sobretudo, a luta encarniçada que havemos de sustentar com os inimigos da salvação.
Nestas e em outras dificuldades da vida, melhor do que ninguém, pode ELA generosamente, pois deseja ardentemente, proporcionar a Seus filhos queridos, consolação, força e toda a espécie de auxílios.”
“Bendita seja a grande MÃE de DEUS, MARIA Santíssima, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Socorro muito certo!”