Está a Virgem Medianeira ao pé da Cruz, ofertando a VÍTIMA, a quem conferiu Corpo para a Imolação e Sangue a ser derramado pela salvação de muitos. Ao pé desta bendita Cruz, renuncia heroicamente aos Seus direitos Maternais que tem sobre o FILHO, consentindo até mesmo que morra pela Redenção da humanidade.
Haverá alguém que possa medir a extensão e a profundeza do sofrimento da MÃE das Dores, junto ao FILHO a morrer na Cruz? Se jamais estremeceu o amor e o carinho de uma mãe para com seu filho, quem poderá imaginar ou compreender o amor que ardia no Imaculado Coração de MARIA por JESUS, Seu DEUS e Seu FILHO?
MARIA embalou em Seus braços o Menino JESUS, contemplando-LHE, o primeiro sorrir, o primeiro balbuciar, os primeiro passos. MARIA, extasiada, através de uma vida inteira, admirou-LHE aquele meigo olhar, reflexo da infinita bondade e da eterna misericórdia do DEUS feito Homem. MARIA, companheira inseparável de JESUS, na infância e meninice, na adolescência e juventude, bebeu-LHE durante uma vida inteira, os ensinamentos, recebendo, ano por ano, dia por dia, hora por hora, instante por instante, os tesouros das Graças do Coração de Seu FILHO e DEUS. E mais do que tudo isto: MARIA teve a ventura, sem par, de ser chamada pelo próprio DEUS: “Minha MÃE, Minha MÃE querida!”
Uma vida assim vivida, em contato íntimo com o DEUS humanado, havia de inflamar-Lhe o Coração Materno com tais extremos de amor para com o FILHO, que, na Terra, não poderá ser imaginado amor igual, nem semelhante ao dAquele Coração de MÃE.
Pois bem: no momento extremo MARIA se adianta ao Pé da Cruz e imola integralmente Sua inefável Maternidade, declarando-se mais uma vez “a Escrava do SENHOR”. É o momento em que REDENTOR e Co-Redentora unem Seus Corações, Sua Vontades, Seus Sentimentos, e juntos, oferecem o mesmo Sacrifício pela redenção humana.
No Mistério da morte na Cruz de JESUS CRISTO, tomou MARIA Santíssima parte real e íntima, tornando-SE “Co-Redentora do gênero humano”. Esta verdade é ensinada por Leão XIII, Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI.
Diz Leão XIII na Encíclica “Jucunda semper expectatione”, de 8 de setembro de 1894:
“Quando se ofereceu a DEUS como Escrava, para a Missão de MÃE, ou quando Se ofereceu com Seu Filho como holocausto no Templo, a partir desses fatos Se tornou Co-Participante da laboriosa Obra da expiação do gênero humano. Pelo que, não se pode duvidar da Sua máxima participação, em Espírito, das terríveis Angústias e Sofrimentos do FILHO. Aliás, aquele Divino Sacrifício, para o qual nutrira generosamente do Seu Sangue a VÍTIMA, tinha que consumar-se na Sua presença e à Sua vista... Sacrificou livremente Seu FILHO à Justiça Divina, morrendo com ELE em Espírito, trespassada misticamente por uma espada de dor.”
Pio X, na Encíclica” Ad diem illum” de 2 de fevereiro de 1904, afirma: “Á Santíssima Virgem não somente coube a Glória de haver ministrado a Substância de Sua Carne ao Unigênito do Eterno que devia nascer Homem, Hóstia excelentemente preparada para a salvação dos homens, mas igualmente teve a Missão de zelar e conservar esta Hóstia, e, ao tempo devido, apresentá-LA ao Sacrifício. E entre MÃE e FILHO sempre houve tal união de Vida e Trabalhos, que se LHES pode aplicar, indistintamente, a palavra do profeta:
“Minha vida se escoou em dor, os meus anos em gemidos.”
À hora extrema do FILHO, “stabat juxta crucem JESU MATER ejus”, não simplesmente assistiu a Dolorosíssima Paixão, mas participou, porque pode oferecer o Seu UNIGÊNITO pela salvação da humanidade. E tanto participou das SUAS Dores, que, se Lhe fosse possível, de bom grado suportaria todos os tormentos que oprimiam o FILHO.
Por esta comunhão de dores e sentimentos entre MÃE e FILHO, ELA mereceu tornar-se dignamente Reparadora da humanidade decaída e Dispensadora de todos os tesouros que, por SUA morte, e por SEU Sangue, nos adquiriu JESUS.”
Bento XV, na Encíclica “Inter Sadalicia”, de 22 de março de 1918, diz:
“Referem comumente os doutores da Igreja que a Santíssima Virgem, a qual como que se ausentou durante a vida pública de CRISTO, não sem Plano Divino, se achou presente na hora de Sua Crucifixão e Morte.
A saber, de tal modo sofreu e como que morreu com CRISTO, paciente e agonizante; também de tal modo abdicou do Seu direito Materno sobre a Vida do FILHO, imolando-O assim, enquanto podia à Divina Justiça, que se pode dizer com razão, que ELA remiu o mundo juntamente com CRISTO.”
Pio XI, na Encíclica “Explorata Res”, de 27 de fevereiro de 1923, declara:
“A virgem Dolorosa participou com CRISTO na Obra da Redenção.”
E na Encíclica “Miserentíssimus Redemptor”, de 8 de maio de 1929, conclui:
“Digne-SE propiciamente atender aos nossos votos a benegníssima MÃE de DEUS, que nos deu JESUS REDENTOR; O nutriu e O ofertou ao pé da Cruz, e que, em virtude de Sua sublime união com CRISTO e da Graça singularíssima que O Mesmo Lhe concedeu, foi Reparadora; e assim piedosamente a chamamos.
Confiamos em Sua intercessão junto a JESUS CRISTO, que, sendo o único Mediador entre DEUS e os homens, quis associar a SI a Sua MÃE, como Advogada dos pecadores e Distribuidora e Medianeira das Graças.”
O maior acontecimento da história da humanidade é a Morte do Divino SALVADOR. Naquele Dia da Sexta-Feira Santa, o Sumo e Eterno SACERDOTE oferta SUAS Primícias Sacerdotais, oferecendo ao Eterno PAI a MISSA Redentora.
Em torno desta MISSA giram Céus e Terra. Desta MISSA dependeu a sorte eterna dos homens. Diante DELA desfilam reverentes os séculos. Sem esta MISSA, melhor fora nem termos nascido.
No Calvário realiza-se O Acontecimento dos acontecimentos. Pois bem, é tão grande a Maternidade Espiritual de MARIA Santíssima, e tão ligada à aplicação dos Méritos da Morte da VÍTIMA Divina que DEUS, para proclamá-La, escolheu precisamente a Consagração da MISSA Redentora.
A Palavra de DEUS é Criadora, porque ELA produz o que significa. No princípio do mundo bastou uma Palavra, e DEUS arrancou do nada Céus e Terra.
Na Vida de DEUS Humanado à uma Palavra Sua, amainavam os ventos, acalmavam as ondas encapeladas do lago. À SUA Voz erguiam-se os incuráveis, caminhavam os coxos, viam os cegos, ouviam os surdos e, ao SEU poderoso mando a própria morte estremecia, cedendo lugar à vida.
Mas DEUS nunca falou em hora mais grave, em momento mais solene, do que do alto da Cruz, quando dirigiu a última despedida à SUA Santa MÃE.
Era o momento da Consagração da MISSA Redentora. O Sumo SACERDOTE está para terminar a Redenção do gênero humano, e fala com Lábios ensangüentados, com Voz agonizante:
“- Eis aqui tua MÃE” – Eis aqui Teu filho!”
Palavras Divinas e Redentoras, com as quais, em Testamento escrito com letras de Sangue, DEUS proclama a Maternidade Espiritual de MARIA Santíssima.
Ao pronunciar essas Palavras, JESUS não somente entregou SUA Santíssima MÃE aos cuidados de São João, mas declarou solenemente, filhos de MARIA a todos os fiéis, representados na figura do discípulo amado.
E esta é a Doutrina de Leão XIII, ensinada na Encíclica “A diutricem populi”, de 5 de setembro de 1895:
“Foi uma Revelação exímia dos Mistérios da caridade de CRISTO quando morrendo legou SUA MÃE ao discípulo João pelo Testamento memorável:
“Ecce filius tuus.”
Segunda o senso da Igreja, CRISTO designou em São João o gênero humano, principalmente aqueles que LHE aderirão na fé.”