quarta-feira, 29 de setembro de 2010

São Miguel, defendei-nos no combate!


A Igreja Católica tem em alto conceito a devoção aos Santos Anjos. Acredita na sua existência que é provada por muitas citações bíblicas, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Sabe e ensina, que os anjos, como Santos mensageiros de Deus, desempenham uma missão especial em nosso favor. São defensores, do corpo e da alma, em todos os perigos, principalmente na hora da morte.

Como um dos primeiros, senão o primeiro e mais eminente dos espíritos celestiais, os livros sagrados nos apresentam S. Miguel. O profeta Daniel dá a S. Miguel o título de Príncipe dos Anjos, e a Igreja enumera-o entre os arcanjos. Seu nome tem o significado de “Quem é como Deus ?” pois foi S. Miguel que se pôs à frente dos anjos fiéis contra Lúcifer, o chefe dos anjos rebeldes, em defesa da autoridade de Deus. S. Miguel, por tanto, é um espírito guerreiro, arauto de Deus, e Príncipe dos exércitos celestiais. A arte cristã o apresenta como tal, em armadura brilhante, com lança e espada, em vôo como de mergulho se precipitando sobre o dragão infernal, e, fortemente o investindo, fazendo-o sentir o vigor irresistível do pé vitorioso, arremessa-o às profundezas do inferno.

S. Miguel pelos judeus era havido como protetor do povo eleito. Segundo o Apóstolo S. Judas (v. 9.) o cadáver de Moisés estava entregue aos cuidados do arcanjo. Foi este mesmo arcanjo, quem apareceu a Josué antes da tomada de Jericó e lhe prometeu seu auxílio; foi S. Miguel que defendeu os israelitas contra as hostes de Senacherib, desbaratando-as; foi ainda S. Miguel, quem se opôs a Balaam, quando ia amaldiçoar o povo de Deus. Heliodoro experimentou a força vingadora do arcanjo, quando se aparelhou para praticar o roubo sacrílego do templo. (2. mac. 3, 25).

Da sinagoga e do povo eleito a missão de S. Miguel se transferiu à Igreja de Cristo. Numerosas são as suas aparições registradas na história da Igreja. Seu nome é mencionado várias vezes no sacrifício da Santa Missa. No “Confiteor” o sacerdote se dirige ao arcanjo S. Miguel, e invoca sua intercessão junto de Deus. Sobre o incenso, na missa solene é invocado seu nome. Ao Santo anjo, isto é, a S. Miguel o sacerdote logo depois da consagração se dirige, com o pedido de levar o santo sacrifício ao altar sublime de Deus. Terminada a missa rezada, em uma oração especial o povo pede a S. Miguel que o defenda no combate; cubra-o com o seu escudo contra os embustes e ciladas do demônio; precipite ao inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. S. Miguel é ainda o patrono dos agonizantes, o guia das almas dos defuntos para o céu, como faz lembrar o texto do ofertório da missa de “Requiem”.

Na história da Igreja são mencionadas duas aparições de S. Miguel: Uma ao Papa Gelásio I no monte Gargano. A festa de hoje é a comemoração deste fato e da consagração da Igreja de S. Miguel naquele lugar. Mais conhecida é a outra, de que foi dignado o Papa S. Gregório, o Grande, em ocasião de em Roma grassar a peste.

S. Miguel apareceu ao Papa no Castelo de Santo Ângelo e em sinal de cessão da epidemia, meteu a espada na bainha. Realmente a epidemia imediatamente parou de fazer vítimas.

Oração a São Miguel Arcanjo
São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, cobri-nos com vosso escudo, contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o, Deus, instantemente o pedimos e vós, príncipe da milícia celeste, precipitai no inferno a Satanás e a todos os outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas.
São Miguel Arcanjo, protegei-nos na luta para que não pereçamos no tremendo juízo.
Sacratíssimo Coração de Jesus. Tende piedade de nós! (3 X)

R E F L E X Õ E S
O fato de a Igreja ter instituído diversas festas dedicadas aos Santos Anjos e ao Príncipe dos exércitos angélicos, tem sua razão no desejo da mesma Igreja de ver bem viva nos fiéis a devoção aos espíritos celestiais. Quer a Igreja que às crianças sejam ensinadas a doutrina sobre os Santos Anjos e implantada nos seus corações a devoção ao anjo tutelar, tão católica, e, como tal, tão útil, senão necessária; que nas famílias seja cultivada esta devoção com a recitação diária de orações ao Anjos de Deus.
Ao grande São Miguel devemos pedir, que nos assista nos combates do bem contra o mal; que ele o chefe dos exércitos divinos, alcance aos católicos o espírito da paciência, como também de combatividade sempre, que preciso for, defender os interesses da Santa Igreja, quer na vida particular, quer na vida pública. Que S. Miguel esteja ao nosso lado na hora da morte; que no momento que o sacerdote o invoca em nosso nome, leve a nossa alma aos páramos da Igreja triunfante.

sábado, 25 de setembro de 2010

É preciso conciliar tempo para
trabalho e família.
Diz Papa.

A sala de imprensa da Santa Sé apresentou nesta sexta-feira, 24, a carta enviada pelo Papa Bento XVI ao presidente do Pontifício Conselho para a Família, Cardeal Ennio Antonelli. Na mensagem, o Santo Padre confirmou o VII Encontro Mundial das Famílias, que será realizado entre 30 de maio e 3 de junho de 2012, em Milão, na Itália, e fez uma reflexão sobre o tema do evento: "A Família: o trabalho e a festa”.

“O trabalho e a festa - explicou Bento XVI no documento - estão intimamente relacionados com a vida das famílias, pois condicionam as escolhas, influenciam as relações entre os cônjuges e entre pais e filhos, além de influenciarem nas relações das famílias com a sociedade e a Igreja".

“Nos nossos tempos atuais – disse o Papa -, infelizmente, a organização do trabalho baseada na competição do mercado e do lucro máximo, bem como a utilização das festas como ‘válvulas de escape’ contribuem para a desagregação da estrutura familiar e para o condicionamento de um estilo de vida individualista”.

"Por isso, é necessário promover uma reflexão e um compromisso para conciliar as exigências e os tempos do trabalho com os da família, e recuperar o verdadeiro sentido da festa, especialmente do domingo, páscoa semanal, dia do Senhor e dia do homem, dia da família, da comunidade e da solidariedade".

O Papa escreve que "o próximo Encontro Mundial das Famílias é uma ocasião privilegiada para voltar a expor o trabalho e a festa na perspectiva de uma família unida e aberta à vida, bem integrada na sociedade e na Igreja, atenta contra a qualidade das relações e a economia do núcleo familiar".

Seguidamente o Santo Padre expressa seu desejo de que já no ano 2011 (no 30° aniversário da exortação apostólica ‘Familiaris consortio’ de João Paulo II), "carta magna" da pastoral familiar, comece um itinerário com iniciativas em nível paroquial, diocesano e nacional, com o fim de "destacar as experiências de trabalho e de festa em seus aspectos mais reais e positivos, com especial insistência na incidência sobre a experiência de vida concreta das famílias".

Ao final da carta, o Santo Padre assinala que o VII Encontro Mundial, como os iores, durará cinco dias e culminará no sábado a noite com a ‘Festa dos testemunhos’ e na manhã do domingo com a Missa solene. Nestas duas celebrações, que presidirei, reuniremo-nos como ‘família de famílias’".

Comentando o tema da carta, o Cardeal Antonelli se referiu aos problemas que afetam a família e advertiu que "se privatiza e se reduz a um lugar de afetos e de gratificação individual; não recebe o adequado apoio cultural, jurídico, econômico e político; sofre o oneroso condicionamento de dinâmicas desintegrantes complexas, entre as que têm uma influência significativa a organização do trabalho e o declive da festa ao "tempo livre".

Neste sentido, sublinhou que o tema do Encontro de Milão "pode supor uma importante contribuição à defesa e promoção dos valores humanos autênticos no mundo atual, começando por novos estilos de vida familiar".

Participaram também da coletiva o Bispo Jean Laffitte, Dom Carlos Simón Vázquez e o padre Gianfranco Grieco, respectivamente secretário, subsecretário e chefe de escritório do Pontifício Conselho para a Família; o Bispo Auxiliar de Milão, Dom Erminio Do Scalzi, delegado do Cardeal Arcebispo Dionigi Tettamanzi para a organização do Encontro e Davide Milani, responsável pelas comunicações sociais desta arquidiocese.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mediação Universal de Maria - Parte VI

Tratando da Mediação Universal, os Sumos Pontífices frisam e destacam que o poder intercessor da Santíssima Virgem é quase onipotente.



Assim diz o Papa Leão XIII, na Encíclica “Adiutricem populi”, de 5 de setembro de 1895:



“É indescritível a amplitude de Sua atuação e de Seu Poder, depois de Sua Assunção à Glória Celeste, junto de Seu FILHO, segundo a dignidade e claridade de Seus Méritos. Pois, desde aquele Dia começou, segundo os Desígnios Divinos, a vigiar a Igreja de tal maneira e a favorecer-nos tão Maternalmente com Suas Graças e Seu Patrocínio, que, dotada de quase imenso Poder, se tornou a administradora daquelas Graças que derivam do Mistério da Redenção do gênero humano para todos os tempos, do mesmo modo que foi auxiliadora na Obra da Redenção.”



Leão XIII, na Encíclica “Supremi apostolatus”, de 1 de setembro de 1883, aconselha:



“Implorar a benevolência da grande MÃE de DEUS que é, perante DEUS, a Medianeira de nossa paz, a administradora das Graças Celestiais e elevada ao mais alto poder da Glória dos Céus, oferece aos homens, em meio dos perigos e labores de sua peregrinação à Pátria Celeste, Seu constante Patrocínio e Auxílio.”



Leão XIII, na Encíclica “Diuturni temporis”, de 5 de setembro de 1898 (a última das dez encíclicas que o Papa escreveu sobre o santo Rosário):



“DELA emanam, como de transbordante canal, os Dons Celestes. Em Suas Mãos estão os tesouros das Misericórdias do SENHOR (São João Damasceno).

DEUS quer que ELA seja a Fonte de todos os bens (Santo Ireneu). No amor desta MÃE, que procuramos fomentar e aumentar dia a dia, queremos terminar, assim esperamos, os nossos dias”.



Leão XIII, na Encíclica “Octobri mense”, de 22 de setembro de 1891, fazendo suas as palavras de São Bernardino, escrevia:



“Toda a Graça concedida ao mundo segue esta tríplice graduação: de DEUS a JESUS CRISTO, de JESUS CRISTO à Santíssima Virgem, da Santíssima Virgem aos homens; tal é a ordem maravilhosa da sua disposição.”



O Papa Pio X, na Encíclica “Ad diem illum”, de 2 de fevereiro de 1904, comemorativa do qüinquagésimo ano da definição dogmática da Imaculada Conceição, e tantas vezes citada nestes textos, ensina:



“Por esta comunhão de dores e sentimentos entre MÃE e FILHO (ao pé da Cruz), MARIA Santíssima mereceu tornar-se dignamente reparadora da humanidade decaída e dispensadora de todos os tesouros que, por Sua Morte e por Seu Sangue, nos adquiriu JESUS.”

“Certamente afirmamos pertencer, exclusivamente, a JESUS CRISTO a distribuição desses tesouros, que só por Sua Morte nos foram alcançados, e ELE, de SI Mesmo, é o Mediador entre DEUS e os homens. Entretanto, por essa comunhão de Dores e Sofrimentos de que falamos, entre MÃE e FILHO, foi concedido à Augustíssima Virgem ser junto do FILHO a poderosíssima Medianeira e Conciliadora de todo o Universo. A Fonte, pois, é JESUS CRISTO, e da SUA Plenitude todos nós participamos.



MARIA, porém, como acertadamente diz São Bernardo, é o canal, ou mesmo, o colo que une o Corpo à Cabeça, e desta transmite àquele a robustez e a virtude. Da CABEÇA ELA é o colo, pelo qual se transfundem todos os Dons Espirituais em Seu Corpo Místico.

Longe de nós, sem dúvida, atribuir à MÃE de DEUS a virtude que só a DEUS pertence, de produzir a Graça sobrenatural. ELA, porém, que a todos supera em santidade e união com CRISTO, e por ESTE foi associada à Obra da Redenção da humanidade, merece, no dizer teológico, “de côngruo” o que JESUS nos mereceu “de condigno”. É a dispensadora das Graças.”



O Papa Bento XV, segue a mesma doutrina, na carta que dirigiu a 5 de maio de 1917 ao Cardeal Secretário Gasparri, incitando os fiéis a recorrerem à Santíssima Virgem para obter a Graça da paz:



“E como todas as Graças que o AUTOR de todo bem se digna conceder aos míseros descendentes de Adão, por um amoroso designo da Divina Providência, passam pelas mãos da Santíssima Virgem, queremos que, nesta hora terrível (era o tempo da 1ª Guerra Mundial), mais do que nunca, o vivo e confidente suplicar dos filhos aflitos, suba à excelsa MÃE de DEUS.”



O Papa Pio XI, inúmeras vezes, em discursos e Encíclicas glorifica a NOSSA SENHORA Medianeira de Todas as Graças. Por exemplo, na Encíclica sobre o Santo Rosário, de 29 de setembro de 1937:



“Antes, conforme recordamos no começo, é mister interpor junto de DEUS a Mediação da Bem-Aventurada Virgem, que ELE aceita muitíssimo, visto que, para usar as palavras de São Bernardo, é esta a Vontade de DEUS que alcançássemos tudo por meio de MARIA.”



Na Encíclica “Caritate CHRISTI compulsi” diz:



”Invoquem o Coração de JESUS interpondo o poderosíssimo patrocínio de MARIA Santíssima, Medianeira de Todas as Graças, para si, para suas famílias, pela Pátria e pela Igreja”.



Por sua vez, o Papa Pio XII, na sua grandiosa rádio-mensagem dirigida a Portugal, por ocasião da Coroação da Imagem de NOSSA SENHORA de Fátima, expõe a mesma doutrina sobre a Mediação Universal de MARIA Santíssima, que os Pontífices Pio IX, Leão XIII, Pio X, Bento XV e Pio XI tantas e tão repetidas vezes ensinaram e inculcaram à Cristandade, em suas memoráveis Encíclicas:

Diz, pois, Pio XII, na rádio-mensagem:



“Bendito seja o SENHOR, DEUS e PAI de nosso SENHOR JESUS CRISTO, PAI das Misericórdias e DEUS de toda a consolação, e com o SENHOR seja Bendita Aquela que ELE constitue MÃE de Misericórdia, Rainha e Advogada nossa, Amorosíssima, Medianeira de Suas Graças, Dispensadora de Seus tesouros.”



“E o EMPÍRIO viu que ELA era realmente digna de receber a honra, a Glória e o império, porque mais cheia de Graça, mais santa, mais formosa, mais divinizada... incomparavelmente mais que os maiores santos e os Anjos mais sublimes, separados ou juntos. Misteriosamente emparentada na ordem da união hipostática com toda a TRINDADE BEATÍSSIMA, com AQUELE que só é por essência a Majestade infinita, REI dos reis e SENHOR dos senhores. FILHA primogênita do PAI, MÃE extremosa do VERBO e ESPOSA predileta do ESPÍRITO SANTO, porque MÃE do REI Divino, DAQUELE a quem, desde o SEIO Materno, deu o Senhor DEUS o Trono de Davi e a Realeza Eterna na casa de Jacó; e que de SI mesmo proclamou ter-LHE sido dado todo o Poder nos Céus e na Terra.



ELE, o FILHO de DEUS, reflete sobre a Celeste MÃE a Glória, a Majestade, o império de Sua Realeza, porque associada como MÃE e Ministra ao REI dos mártires, na Obra inefável da humana Redenção, LHE É para sempre associada, com Poder quase imenso, na distribuição das Graças que da Redenção derivam.

JESUS é REI dos séculos eternos por Natureza e Conquista. Por ELE, com ELE, subordinadamente a ELE, MARIA é Rainha por Graça, por Parentesco Divino, por Conquista, por singular Eleição. E Seu Reino é vasto como o de Seu FILHO e DEUS, pois de Seu Domínio nada se exclue.” (Ata “Sanctae Sedis”, julho de 1946, págs. 264-267)





Clássico resumo da Doutrina da Mediação Universal

na Encíclica “Mystici Corporis CHRISTI”, do Papa Pio XII:



“Realize veneráveis irmãos, estes nossos paternos votos, que sem dúvida são também os vossos, e alcance-nos a todos o verdadeiro amor para com a Igreja, à Virgem MÃE de DEUS, cuja alma Santíssima foi mais repleta do Divino Espírito de JESUS CRISTO que todas quantas saíram das Mãos de DEUS e que em nome de toda natureza humana deu o Seu consentimento para que se efetuasse o matrimônio espiritual entre o FILHO de DEUS e a natureza humana.



ELA que com parto admirável, porque Fonte de toda a vida Celestial nos deu CRISTO SENHOR, já no Seu Seio Virginal ornado da dignidade de Cabeça da Igreja, e, Recém-nascido, o apresentou aos primeiros, dentre os judeus e gentios, que o foram Adorar qual Profeta, Rei e Sacerdote. Foi ELA que com Seus rogos Maternais em Cana da Galiléia moveu o Seu UNIGÊNITO a operar o admirável Prodígio, pelo qual creram NELE os Seus Discípulos.



Foi ELA, a Imaculada, isenta de toda mancha original ou atual, e sempre intimamente unida com o Seu FILHO, que, como outra Eva, juntamente com o holocausto dos Seus direitos maternos e do Seu Materno Amor, O ofereceu no Gólgota ao Eterno PAI, por todos os filhos de Adão, manchados pela Sua queda miseranda. De modo que a que era fisicamente MÃE da nossa CABEÇA foi, com novo título de dor e de Glória, feita espiritualmente MÃE de todos os Seus membros.



Foi ELA que, com Suas eficacíssimas orações, obteve que O ESPÍRITO do Divino REDENTOR, dado já na Cruz, fosse depois, em Dia de Pentecostes, conferido com aqueles Dons prodigiosos à Igreja Recém-nascida.



ELA finalmente, suportando com ânimo forte e confiante, imensas dores, verdadeira Rainha dos mártires, mais que todos os fiéis, completou o que falta à Paixão de CRISTO... pelo Seu Corpo que é a Igreja. E assistiu o Corpo Místico de CRISTO, nascido do Coração rasgado do SALVADOR, com o mesmo amor e solicitude Materna com que amamentou e acalentou no berço o Menino DEUS.

ELA, pois, MÃE Santíssima de todos os membros de CRISTO, a cujo Coração Imaculado, confiadamente consagramos todos os homens, e que agora em Corpo e Alma refulge na Glória e Reina juntamente com Seu Filho, nos alcance DELE que, sem interrupção, corram os caudais da Excelsa CABEÇA para todos os membros do Corpo Místico. E, como nos tempos passados, assim hoje proteja a Igreja com Seu Poderosíssimo patrocínio e LHE obtenha finalmente a ela e a toda humana sociedade tempos mais tranqüilos.”

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ataque e vandalismo contra a Cúria da Paraíba

Dom Aldo Pagotto, Arcebispo da Paraíba, escreveu dois artigos contra o plebiscito pela limitação do tamanho das propriedades rurais. Veja o que aconteceu, relatado pelo próprio Arcebispo.



Aproveito para relatar o fato ocorrido por ocasião do “grito dos excluídos”, na tarde do dia 1º/09 pp. Em frente à Cúria Metropolitana, um pequeno grupo de manifestantes leu um texto com expressões agressivas à minha pessoa, referindo-se a um artigo meu sobre o limite de propriedade.

Embora fossem poucos, se apresentaram como representantes de 50 entidades, algumas citadas no texto lido, publicado pela “Adital”, internet.

Entre os poucos manifestantes pode-se reconhecer pelas fotos, alguns membros da CPT e um assessor de deputado do PT, candidato à reeleição, num carro de som, comandando palavras de ordem.

Numa atitude de vandalismo, toda a fachada artística e patrimonial da Cúria foi pichada com frases de protestos e reivindicações. Da Cúria se dirigiram à Procuradoria da Justiça do Estado (PB) onde tentaram pichar também aquele prédio.

Foram impedidos por policiais. Documentamos as frases. Exigem a liberalização do aborto e o limite de propriedade. Dispensam-se comentários.

A Igreja defende e promove a vida e a família! O artigo 5º da Constituição Federal vincula ao direito de propriedade, o direito à vida e sustento da família, através do trabalho.

É estranho notar como certos militantes dos movimentos sociais, de organizações populares, de partidos políticos (etc.) em tese, defendem a democracia. Na prática não admitem opiniões opostas que contrariam seus intentos. Temem e tentam reprimir a liberdade de expressão.

Com a minha gratidão, aqui vai a reflexão sugestiva. Aprofundemos nossas reflexões a partir da Palavra de Deus, do Catecismo da Igreja Católica e do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que abordam os assuntos como estes, eqüidistantes de ideologias partidárias.

Fiquemos ao lado de Jesus Cristo e seu Evangelho para estarmos sempre mais do lado do povo e ao serviço de todos!

+ Aldo di Cillo Pagotto,
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A MEDIAÇÃO UNIVERSAL Parte V

Ao entrarmos na exposição da segunda parte da Mediação Universal de MARIA Santíssima, que diz respeito à intercessão e distribuição de todas as Graças que DEUS concede ao mundo por Sua Mediação, seja-nos permitido exultar de alegria por tão amoroso e misericordioso Desígnio do Todo-Poderoso!



A nós, pobres filhos de Eva, que caminhamos neste vale de exílio, cercados de paixões, perigos, tentações, perseguições infernais e que muitas vezes nos sentimos ladear os abismos da condenação eterna, só de pensar que nos Céus temos uma MÃE Onipotente pela Sua intercessão, nos enche o coração e a alma de radiosas esperanças de que, na hora extrema, encontramos Misericórdia, perdão e salvação eterna.



“Oh! Coração de JESUS, o oceano infinito de bondade e amor, permiti que vos rendamos infinitos agradecimentos por terdes entregue nossa salvação eterna ao Coração Imaculado de Vossa Excelsa MÃE e incomparável MÃE nossa. Oh! Coração Divino, estes vossos extremos de carinho e terno amor filial para com o Refúgio dos Pecadores, encoraja, anima e entusiasma até aqueles pobres desesperados que já estão dominados pelo terror da desgraça e condenação eternas.

Salve, bendito e misericordioso Decreto da Mediação Universal, salve Medianeira de Todas as Graças!”



Para melhor compreensão da consoladora doutrina, é importante meditarmos nos seguintes princípios:



1° - É DEUS que quer que recebamos tudo por MARIA:



O misericordioso decreto de que não recebamos Graças, senão por intermédio da Onipotente intercessão de MARIA Santíssima, dependeu única e exclusivamente da Vontade de DEUS.



“A Vontade de DEUS é que recebamos tudo por MARIA”. É esta a célebre palavra de São Bernardo, que enfeixa a doutrina da Mediação Universal, e que depois, através dos séculos, a Igreja repete, sem cessar, pela boca dos doutores, santos escritores e principalmente pelos Sumos Pontífices.



Bem pudera DEUS dispensar a cooperação da Virgem nos mistérios da Redenção, mas SUA Suprema Vontade quis que ELA fosse a Co-Redentora, na Encarnação e Morte do SALVADOR, e que agora fosse, no Céus, a Medianeira de todas as Graças.



Sim, é Vontade de DEUS que recebamos tudo por MARIA. Vontade de DEUS que a primeira Graça da Redenção, na ordem sobrenatural, outorgada a São João Batista, ainda no seio materno, fosse concedida por intermédio de MARIA.

Vontade de DEUS que os pastores e Reis Magos encontrassem o Menino JESUS nos braços de MARIA.

Vontade de DEUS que o primeiro Milagre, na ordem natural, fosse feito por JESUS, a pedido de MARIA, nas bodas de Caná.



Vontade de DEUS que a Virgem fosse Co-Redentora ao pé da Cruz.

Vontade de DEUS que os Apóstolos se preparassem e recebessem o ESPÍRITO SANTO ”cum MARIA MATRE JESU” com MARIA MÃE de JESUS.

E essa Divina Vontade continua agora a conceder Graças e favores do Céus, somente por intermédio de Sua MÃE Santíssima, que constituiu Medianeira de Todas as Graças.



2° - Quais são as Graças que dependem da Mediação Universal?



Dependem deste Divino Decreto todas as Graças atuais, isto é, todos os auxílios que nos tornam possível a consecução de nosso fim último sobrenatural, quer sejam auxílios naturais ou sobrenaturais; quer sejam internos ou externos. Dependem também diretamente os bens materiais e a remoção de males temporais, que tem relação direta com a salvação eterna.



A graça santificante, as virtudes sobrenaturais e os dons do Divino ESPÍRITO SANTO, são objeto indireto da Mediação Universal.

Pois a Graça santificante, tanto a sua primeira infusão, como o seu aumento, é fruto direto da digna recepção dos santos Sacramentos e das boas obras.

Mas para recebermos dignamente os santos Sacramentos e para praticarmos boas obras, são necessárias as Graças atuais, e estas nos alcança a Virgem Medianeira, com o fim de que recebamos a Graça santificante ou que ela em nós aumente.



3° - A Mediação Universal não exclua a invocação dos Santos:



Dentro dos princípios acima expostos, a doutrina da Mediação Universal não admite nenhuma exceção. MARIA Santíssima é de fato a Medianeira de Todas as Graças, como inúmeras vezes afirma o Papa Pio XI:



“É a Rainha de todas as Graças, é a Medianeira de todas as Graças.”

Mesmo quando nos dirigimos aos santos, e pela intercessão deles obtivemos Graças e até Milagres, nunca é sem a intercessão também da Medianeira. Acontece, muitas vezes, que DEUS e a própria Santíssima Virgem, querendo glorificar e honrar determinado Santo (a), aguardam as súplicas pela intercessão deste ou desta bem-aventurada, para então conceder a Graças solicitada.



Quando, pois, obtivemos Graças, favores e Milagres pela invocação dos santos, sempre é exigida a intercessão da Medianeira. Ouçamos o que ensinam a este respeito os Sumos Pontificas Bento XV e Pio XI.



Quando a Congregação dos Ritos (na época) hesitou, durante anos, em atribuir à Bem-Aventurada Joana D’Arc um dos Milagres propostos para a sua canonização, por ele ter ocorrido em Lourdes, Bento XV assim se manifestou:

“Se em todos os Prodígios convém reconhecer a Mediação de MARIA, pela qual, segundo a Vontade Divina, toda a Graça e todo o benefício nos vem, não se pode negar que esta Mediação se manifestou, de modo muito particular, num dos Milagres precitados.



Entendemos que o SENHOR assim O permitiu, para nos sugerir que nunca devemos deixar de pensar em MARIA, ainda mesmo quando um Milagre pareça dever atribuir-se à intercessão de um bem-aventurado ou santo.

Até quando DEUS se compraz em glorificar os Seus santos, é preciso supor sempre a intercessão d’Aquela que os padres chamam “Medianeira dos medianeiros” - “Mediatrix mediatarum ommium.”



A mesma doutrina focaliza admiravelmente o Papa Pio XI na Encíclica sobre o santo Rosário, de 29 de setembro de 1937:

“Convidamos a todos os fiéis para conosco agradecerem à MÃE de DEUS por termos recuperado a saúde. Como em outra parte já havemos dito, atribuímos esta Graça à intercessão de Santa Teresinha de Menino JESUS, mas sabemos também que tudo quanto nos vem de DEUS, o recebemos das mãos de MARIA Santíssima.”



4° - Para obter Graças, MARIA é a Mediadora, mesmo não sendo invocada.



Apesar de DEUS não conceder favor algum senão por MARIA, contudo, não é necessário lembrarmos sempre deste importante fator, para sermos socorridos por ELA. Pois MARIA é MÃE, e que MÃE...! Por isso intercede sem cessar pelos filhos, mesmo quando não é invocada. Basta lembrar os gentios que se salvam pela Maternal intercessão da Virgem, e nem sequer a conhecem.



Com que singeleza e amor terno dizia o grande Cura de Ars, São João Maria Viawey:

“Quando chegar o fim do mundo, NOSSA SENHORA há de ficar muito aliviada. Mas até lá, mal sobe para onde há de se voltar. É como uma mãe que tem muitos filhos: está continuamente ocupada em atender ora a um, ora a outro.” E confessava ingenuamente que tantas vezes tinha ido beber à fonte, que, se ela não fosse inesgotável, de há muito teria secado. (R. Plus S.I. _ MARIA em nossa História Divina-, pág. 169, 170)



5° - MARIA intercede por toda Graça, em particular para cada homem.



Esta preciosíssima verdade nos ensina o Papa Leão XIII, na Encíclica “Magnae Dei Matris”, de 08 de dezembro de 1892, eco da Tradição dos Santos Padres e Doutores:



“MARIA, muito melhor que nenhuma outra mãe, conhece e vê os socorros de que necessitamos para viver, os perigos públicos e particulares que nos ameaçam, as angústias e males que nos oprimem, e, sobretudo, a luta encarniçada que havemos de sustentar com os inimigos da salvação.

Nestas e em outras dificuldades da vida, melhor do que ninguém, pode ELA generosamente, pois deseja ardentemente, proporcionar a Seus filhos queridos, consolação, força e toda a espécie de auxílios.”


“Bendita seja a grande MÃE de DEUS, MARIA Santíssima, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Socorro muito certo!”

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Saber Esperar, Uma Grande Virtude

Do Que Vale Uma Perfeição Que Sufoca O Outro?

Constatamos claramente que existe na sociedade de hoje uma suposta "cultura do imediatismo", e se analisarmos cuidadosamente nosso proceder encontraremos nele marcas desse imediatismo vigente.

Queremos tudo pronto, do jeito que idealizamos e na hora em que pensamos. Por isso, o homem contemporâneo se perde cada vez mais em uma profunda superficialidade, pois não consegue experimentar o crescimento e a maturidade que o ato de esperar traz a cada pessoa. Como diz o ditado: "O apressado come cru". É verdade. Basta olhar para os fatos.

Quantas são as pessoas que se encontram infelizes ou se separaram, partiram, enfim, porque se casaram precipitadamente… Quantos jovens se encontravam ansiosos para casar e, até contrariando a muitos, se casaram antes da hora, e depois como fruto de sua impaciência vivem um verdadeiro inferno conjugal. E o que é pior: chegando até a culpar a Deus pelo seu infortúnio.

Na hora de fazer algo não se pensa em Deus nem se pergunta para Ele, depois cruelmente Ele se torna o vilão da história… É como o aborto. "Na hora de fazer ninguém pensa", depois que acontece a gravidez surgem as justificativas: "Não tenho condições de criar essa criança". Ou "Não tenho uma boa situação financeira, por isso não poderei dar uma boa educação [para a criança]". Por que não se pensa nisso na hora de concretizar o ato? Por onde andava a "responsabilidade" nesse momento?

Agir precipitadamente em busca de um prazer imediato muitos querem, mas assumir as consequências de suas ações poucos ou quase ninguém quer… É nossa a responsabilidade pelos nossos atos, ou pelo menos deveria ser.

Saber esperar o tempo certo é sinal de maturidade. Quem é maduro espera, quem não o é inventa motivos ilusórios para fazer sua vontade antes do tempo.

"A paciência tudo alcança", a espera nos faz crescer. Deus lhe dará o que você pede (se for conforme a vontade d'Ele), mas, antes, Ele o prepara para receber. E saiba que é sempre mais do que foi pedido. Basta apenas confiar e esperar n'Ele.

Precisamos aprender a não desistir; a não desistir dos outros e, principalmente, de nós mesmos. Tudo tem seu tempo, é necessário dar tempo ao tempo, cada pessoa tem seu tempo de amadurecer e crescer, não temos o direito de desistir das pessoas impulsionados pelo nosso imediatismo.

Quem é maduro sabe esperar o tempo de cada pessoa, o tempo do amigo, da esposa, do companheiro de trabalho, entre outros. Temos que acreditar nas pessoas, enxergando além de suas fraquezas do hoje, pois o mundo está carente de pessoas que vejam nas outras a virtude que está por vir, o positivo que está escondido por detrás da imperfeição… Já existe muita gente que condena e aponta o erro, precisamos de gente que aja de forma diferente.

Você também não tem o direito de desistir de você, nem de ninguém. Calma. Aos poucos tudo se encaixa. Tenha paciência consigo, pois, “a conversão é um processo e não uma mágica…”

Tenho medo de pessoas que se acreditam práticas e resolvidas demais, pessoas que são rápidas e boas em tudo, pois estas, por inúmeras vezes, matam a muitos que precisam ter a oportunidade de ser gente; "gente que não nasce sabendo e que aprende aos poucos".

Do que vale uma perfeição que sufoca o outro? Jesus nunca nos pediu isso. Ao contrário, Ele nos pede a misericórdia.

"Paciência não se ganha, se conquista, mas, com paciência…". Se você não entendeu alguma coisa, não se preocupe, calma. Aos poucos você vai compreender… Aliás, quem foi que disse que você tem de entender tudo? Quem!?

Fonte:


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Adriano Zandoná

eminarista e Missionário da Comunidade Canção Nova. Reside na Missão de Cachoeira Paulista. É formado em Filosofia e em Teologia, e está preparando-se para a Ordenação Diaconal. Atualmente trabalha na Rádio Canção Nova, onde apresenta o programa “Viver Bem”. Acesse: blog.cancaonova.com/adrianozandona e acompanhe outros artigos do autor.

domingo, 5 de setembro de 2010

Festa de Nossa da Saúde

Procissão De Abertura da Festa de Nossa Senhora da Saúde 2010



Show de Inauguração da Imagem Gigante de Nsa. Sra. da Saúde.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Satanismo, Possessão, Infestação...

Vade retro Satana!

Um inimigo que nos vigia continuamente. Como um chacal, ronda suas vítimas
à espreita do momento para devorá-las.*
Sua tática principal: fazer-nos crer que ele não existe.**


“Uma jovem professora de Avignon (França), que dava sinais de possessão demoníaca, foi conduzida, por ordem do Bispo, ao Cura d’Ars. Ia acompanhada de um vigário e da Superiora das Franciscanas de Orange. Chegaram a Ars em 27 de dezembro de 1857. No dia seguinte, fizeram-na entrar na sacristia, no momento em que o santo Cura revestia-se para celebrar a Missa. Em seguida a possessa se pôs a gritar, procurando fugir:

“- Tem gente demais aqui! – exclamava.

“- Tem gente demais, – acrescentou o Cura – pois bem, saiam todos!

“E, a um sinal de sua mão, ficou só, frente a frente com Satanás. No início, apenas ouviu-se dentro da igreja um ruído confuso e violento. Logo o tom se elevou ainda mais. O vigário de Avignon, vigilante junto à porta, pôde captar o seguinte diálogo:

“- Queres sair a todo custo? -- dizia o Padre Vianney.

“- Sim!

“- E por quê?

“- Porque estou com um homem que não quero!

“- Não me queres então? -- perguntou o Cura com tom irônico.

“- Não! - gritou o espírito infernal. E este não! foi proferido em tom estridente e furioso.

“Quase em seguida, a porta tornou a abrir-se. Todos puderam ver a jovem professora chorando de alegria .... E voltando-se para o Padre Vianney, disse-lhe:

“- Tenho medo que ele volte!

“- Não, minha filha -- respondeu-lhe o santo homem --, ou não tão breve.

“A jovem pôde retomar suas funções de educadora na cidade de Orange. E ele não retornou”.

Eis aí um, dentre tantos fatos históricos que comprovam experimentalmente a existência do demônio e sua ação característica na alma e no corpo de uma possessa, descrito por Mons. Cristiani, conhecido autor francês, em sua obra Presença de Satan no mundo moderno (1).

O renomado teólogo francês Ad Tanquerey, em sua conhecida obra Compêndio de Teologia Ascética e Mística assim descreve a ação do demônio sobre os homens: “Cioso de imitar a ação divina na alma dos Santos, esforça-se o demônio por exercer também o seu império ou antes a sua tirania sobre os homens. Às vezes assedia, por assim dizer, a alma por fora, suscitando-lhe horríveis tentações; outras vezes instala-se no corpo e move-o a seu talante, como se fosse senhor dele, a fim de lançar a perturbação na alma. No primeiro caso temos a obsessão, no segundo a possessão” (2).

Assim, enquanto mediante a obsessão (ver quadro ao final) o demônio atua externamente suscitando no homem tentações, grandes ou pequenas, mas sempre perigosas, pela possessão ele instala-se no corpo deste para perturbar a alma.

Eis a explicação, apresentada por Mons. Cristiani em sua referida obra, sobre a natureza e a causa da possessão:

“Não existe talvez fato mais extraordinário que o da possessão diabólica. Que tal fato existe é o que demonstram muitíssimas experiências. Sem dúvida, houve possessos desde muito tempo antes da vinda de Jesus Cristo à Terra. Houve possessos em torno dEle, como o Evangelho no-lo mostra. Na Igreja primitiva, foram inúmeros os casos, e a instituição da ordem dos exorcistas, entre os membros do clero, é uma boa prova disso. ....

“A teologia católica, baseada sobre os fatos de possessão demoníaca, tomou posição tão decidida a respeito deste problema, que chegou a elaborar uma teoria completa sobre o assunto. Assim, o Ritual Romano, livro oficial do cerimonial eclesiástico, explica os sinais pelos quais se conhece a autêntica possessão e dá os remédios necessários para combatê-la: os exorcismos” (3).

O mesmo autor afirma, no que concerne à possessão e suas causas, que não podemos escolher guia mais seguro e mais preciso que a obra de Mons. Saudreau, L’état mystique... et les faits extraordinaires de la vie spirituel (Paris, Amat, 2ª ed., 1921).

Natureza de um fenômeno estranho: a possessão

“Segundo Mons. Saudreau, a possessão nunca chega até a animação. Isto quer dizer que o demônio não substitui a alma do possesso, não dá vida ao corpo, mas, sem que saibamos como, apodera-se desse corpo, faz sua morada nele, quer seja no cérebro, quer nas entranhas, porém, em todo caso, no sistema nervoso. Não tira à alma, portanto, seu domínio normal sobre o corpo e sobre os membros; imprime às faces do rosto uma expressão desconhecida e que corresponde à ação do demônio.

“O demônio não está sempre presente no possesso. Entra nele quando quer. Provoca nele ataques. Um possesso poderá até ser liberado momentaneamente pelos exorcismos, e depois torna-se novamente presa do demônio. Em seu estado normal, o possesso é como todo mundo...

“Por outro lado, os demônios não atuam todos da mesma maneira, porque estão longe de ser totalmente iguais. Acreditava-se, não sem razão, que todos os deuses do paganismo eram demônios” (4). “Omnes dii gentium, daemonia”, diz a Escritura(Salmos 95, 5).

Múltiplas causas da possessão: o sortilégio ou bruxaria

“O bom senso popular colocaria na primeira fila das causas da possessão as faltas cometidas pelo possesso. Não é assim em absoluto. As causas de possessão são, na verdade, muito variáveis. ....

“Se os demônios fizessem livremente seus estragos entre os homens, a humanidade estaria transtornada, não seríamos mais donos de nossos destinos, a obra de Deus entre nós estaria desviada de seu objetivo. O fato é, em si, inconcebível e, por mais poderosos que sejam os demônios, a verdade é que ‘esses cães estão acorrentados’....

“Os demônios não atuam entre nós senão na medida em que obtêm -- como está escrito no Livro de Jó -- a permissão de Deus, soberano Senhor. O caso do mesmo Jó, submetido às infestações de Satanás, é uma boa prova de que não são as faltas da vítima que explicam suas penas.

“Por vezes, pode haver culpa do possesso, como reconhece Mons. Saudreau: ‘Uma pessoa ficou possessa em conseqüência de uma oração a Mercúrio, feita por ela, a conselho de uma velha curandeira’ (5).

“Em muitos casos pareceria que a origem da possessão teria sido um malefício. É o que o público denomina mais correntemente uma bruxaria. Mons. Saudreau é categórico neste ponto: ‘uma das causas mais freqüentes das vexações diabólicas é o malefício’. E esclarece: ‘os malefícios são os sacramentos do demônio’”.

“Pareceria que o demônio, depois de ter estabelecido seu ritual próprio para o lançamento de sortilégios, se vê obrigado a atuar quando o bruxo observa as formas que ele prescreveu.... Porém os malefícios não têm todos a mesma eficácia.

“No século XVII, em processo célebre, descobriu-se que os malefícios tinham por base assassinatos de crianças, pecados contra a natureza e missas sacrílegas” (6).

“A possessão pode ser e é seguramente, às vezes, uma prova permitida por Deus, como no caso do santo homem Jó ou no do Cura d’Ars; sem que tenha havido falta por parte do infestado ou do possesso e sem que haja ocorrido malefício.

“Em suma, os casos de possessão são casos extremos de um fato imenso que se estende por todo o universo espiritual: a luta do bem contra o mal, da Cidade de Deus contra a Cidade de Satanás” (7).

Como combater a possessão

O autor francês refere-se a seguir ao exorcismo como o meio de combater a possessão:

Como dissemos, o remédio que Deus quis para a possessão é o que chamamos exorcismo, que significa conjuro. Porém, existem regras muito precisas para praticar o exorcismo.

“Se a pessoa manifesta em si a presença de uma inteligência diferente da sua, existe possessão e não enfermidade. O Ritual Romano traz precisões sobre este ponto essencial. E acrescenta: ‘Os demônios suscitam todos os obstáculos que podem impedir que o paciente seja submetido a exorcismos’” (8).

O cânon 1172 do Código de Direito Canônico contém disposições concernentes aos exorcismos.

O demônio no Antigo e no Novo Testamento

O demônio é mencionado freqüentemente no Antigo Testamento, por exemplo, no Livro de Isaías: “Como caíste do céu, ó astro brilhante, que, ao nascer do dia, brilhavas?” (Is 14, 12).

O Apocalipse -- o último livro do Novo Testamento, escrito pelo Apóstolo São João Evangelista -- assim descreve a queda de Lúcifer e dos anjos rebeldes:

“E houve no Céu uma grande batalha: Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão com os seus anjos pelejavam contra ele; porém, estes não prevaleceram; e o seu lugar não se achou mais no Céu. E foi precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama o Demônio e Satanás, que seduz todo o mundo; e foi precipitado na terra, e foram precipitados com ele os seus anjos” (Apoc. 12, 7-9).

Incapazes de amor, os demônios encontram-se ligados pelo ódio mútuo e ódio a todas as coisas. Por isso, tramaram também a perdição do gênero humano.

“Satanás, invisível agente pessoal, inimigo do homem, que o conduz à perdição, afastando-o de Deus” (9).

Adão e Eva cederam à tentação diabólica

“Sereis como deuses conhecendo o bem e o mal”(Gn 3, 5). Esta foi a frase que a astuta serpente disse a Eva. E, assim, Adão e Eva se deixaram seduzir.

A propósito, observa o renomado escritor e polemista francês Mons. Henri Delassus: “Desde a criação do gênero humano, o homem se extraviou. Em vez de crer na palavra de Deus, e de obedecer à sua ordem, Adão escutou a voz sedutora que lhe dizia para colocar o seu fim em si mesmo, na satisfação de sua sensualidade, nas ambições do seu orgulho” (10).

Diz piedosa tradição que Adão e Eva fizeram penitência numa caverna do monte Calvário, que tem esse nome porque ali foi descoberta a caveira do primeiro homem (cfr. Lc 23, 33). Realmente, debaixo do Calvário e ocupando o mesmo espaço do Gólgota, hoje encontra-se a capela de Adão, na qual estiveram também, até 1808, os sepulcros de Godofredo de Bouillon, que conquistou a Cidade Santa, e de seu irmão Balduíno, primeiro rei católico de Jerusalém.

“Por sua vida penitente, Adão e Eva são considerados santos e sua festa celebra-se a 19 de dezembro. Dois de seus filhos, Caim e Abel, constituem o primeiro exemplo de divisão do gênero humano: Abel é o exemplo dos fiéis que caminham para o Bem, e Caim, dos que caminham para o Mal” (11).

Os demônios conspiram contra o homem porque não podem tolerar que ele tenha sido redimido pelo Verbo Divino que se encarnou no seio puríssimo de Maria, unindo-se à natureza humana.

O pecado original foi uma vitória de Satanás sobre o homem. Mas a Redenção foi a vitória de Jesus Cristo sobre Satanás. Assim, Deus não consentiu que o demônio arrastasse todos os homens para o seu reino.

Pode-se falar num Império de Satanás?

Não se pode pôr em dúvida, entretanto, que Satanás tenha o seu Império, considerando-se o termo latino imperium no seu significado político-jurídico: “Imperium é o vocábulo empregado, em amplo sentido, para significar o supremo poder, ou a suprema autoridade, conferida a certas instituições ou a certas pessoas. Indica, assim, o próprio poder conferido ao imperador, em virtude do qual exerce sua autoridade soberana em todo território onde se situam ou limitam os domínios imperiais, em relação a todas as coisas ou a todas as pessoas” (12).

Ora, Satanás manda nos diabos e nos homens que a ele se entregam pelo pecado. Ensina Nosso Senhor que “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8, 34). E o Império de Satanás possui seu território, seu âmbito de competência e sua área de jurisdição. Tem sua metrópole e suas colônias. A metrópole é o Inferno, mas, pelo menos em potência, seu área de expansão colonial abarca toda a Terra habitável.

Em geral, fora do Inferno, à primeira vista não parece que Satanás exerça verdadeiro império sobre um território, mas apenas sobre pessoas. No entanto, se atentarmos bem ao que acontece, verificaremos que, embora de forma temporária e não permanente, há nações que se comportam, durante longos períodos de tempo, como verdadeiras colônias do Império infernal, tal é a dominação que ele exerce sobre o povo no seu conjunto. Em outros lugares, não possui Satanás debaixo de suas ordens senão minorias nacionais dispersas, mais numerosas ou menos; mas há nações em que as maiorias e os governos vivem como que subjugados por ele.

Exemplo frisante disso foi a extinta e desditosa U.R.S.S. A respeito do regime que nela imperava, Mons. André Sheptyskyj, Arcebispo de Lvov e líder da Igreja Católica na Ucrânia durante as perseguições de Lênin e Stalin, escreveu à Santa Sé uma carta, na qual figura uma frase bastante significativa: “Este regime só pode se explicar como um caso de possessão diabólica coletiva”. E pediu ao Papa Pio XI que sugerisse a todos os sacerdotes e religiosos do mundo que “exorcizassem a Rússia soviética”. O Prelado ucraniano faleceu em 1944, estando atualmente em andamento seu processo de beatificação(cfr. Catolicismo, no 590, fevereiro 2000, p.19).

A questão levantada pelo Arcebispo ucraniano não se colocaria hoje, talvez até com mais razão, em alguns lugares do mundo, uma vez que o processo revolucionário multissecular de destruição da civilização cristã não fez senão acentuar-se intensamente desde então? Assim, não estaríamos assistindo, em escala crescente, a um fenômeno de possessão coletiva, ao menos em largas esferas do mundo atual?

Questão ainda mais delicada: pode o demônio insinuar-se dentro da própria Igreja de Jesus Cristo, em certos períodos de grande provação e pecado? Para responder com segurança a tal pergunta seria preciso que teólogos – autênticos teólogos de ortodoxia ilibada – o estudassem com cuidado e se pronunciassem a respeito. Mas a pergunta não pode deixar de ser levantada tendo em vista o memorável pronunciamento de Paulo VI sobre as calamidades na fase pós-conciliar da Igreja, feito em 29 de junho de 1972, na Alocução "Resistite fortes in fide", que citamos aqui na versão da Poliglotta Vaticana (maiúsculas nossas):

O Pontífice, "referindo-se à situação da Igreja de hoje, afirmou ter a sensação de que `por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no templo de Deus'. Há a dúvida, a incerteza, o complexo dos problemas, a inquietação, a insatisfação, a confrontação. Não se confia mais na Igreja; confia-se no primeiro profeta profano que nos venha falar, por meio de algum jornal ou movimento social, a fim de correr atrás dele e perguntar-lhe se tem a fórmula da verdadeira vida. E não nos damos conta de que já a possuímos e somos mestres dela. Entrou a dúvida em nossas consciências, e entrou por janelas que deviam estar abertas à luz. .... Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza. Pregamos o ecumenismo, e nos afastamos sempre mais uns dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de enchê-los. Como sucedeu isto? O Papa confia aos presentes um pensamento seu: o de que tenha havido a intervenção de um poder adverso. Seu nome é o diabo, este misterioso ser ao qual também alude São Pedro em sua Epístola" (Cfr. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, pp. 707-709).

O Império de Satanás possui os seus cidadãos

Entre os homens, ao Império de Satanás pertence aquele que o deseje: é suficiente um pecado mortal para adquirir cidadania nesse Império; e para nele permanecer, basta a falta de contrição, que se torna muito fácil pela preguiça ou má vontade em encarar de frente o próprio pecado, reconhecê-lo e humildemente acusá-lo no tribunal da Confissão.

A cidadania infernal concede o “direito” de satisfazer todos os apetites da concupiscência, e de praticar todos os pecados mortais correspondentes, enquanto houver saúde e dinheiro. Em troca, os deveres impostos por esse Império cumprem-se geralmente depois da morte, e consistem em suportar o insuportável fogo eterno... Por outro lado, basta o verdadeiro arrependimento dos pecados e o sacramento da Confissão para livrar-se da tirania desse Império.

Quanto à principal tática do demônio para atuar internamente na Igreja, desde que Ela foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, é a disseminação das heresias.

O conhecido historiador francês do início do século XX, Pe. Emmanuel Barbier, comenta a esse respeito: “O flagelo da heresia decorre de duas fontes. As primeiras conquistas da Igreja haviam sido feitas sobre o elemento judeu e sobre o elemento pagão. Aqueles que aceitaram o Evangelho, nele não reconheceram toda a divina salvação, que é preciso receber simplesmente, sem acréscimo e sem atenuação. Muitos misturaram à doutrina cristã outros ensinamentos e deram assim nascimento às heresias. Estes ensinamentos estranhos estavam incrustados quer no judaísmo, quer no paganismo” (13).

“O número dos tolos é infinito”: o gosto de ser enganado

Diz antigo provérbio que o mundo quer ser enganado, e por isso, em todas as idades houve embusteiros que trataram de satisfazer esse desejo das massas. E o demônio pode utilizar-se desses embusteiros para afastar as pessoas da verdadeira Fé.

A essa má inclinação, as Sagradas Escrituras acrescentam que “os perversos dificultosamente se corrigem e o número dos tolos é infinito” (Ecl 1, 15).

Quando o embuste se vela sob formas religiosas ou misteriosas e atua por meio de agentes de mistificação com poderes desconhecidos ou preternaturais, então ele pode arraigar-se de tal modo no coração, que a luz claríssima da verdade dificilmente consegue arrancá-lo da imaginação popular.

Exemplo frisante de estultice popular o leitor encontrará nos episódios vividos pelo Profeta Daniel (Dn 14, 1-42). Depois dele desmascarar o falso deus Baal dos babilônios, estes o quiseram matar!...

* * *

É ótima defesa contra o demônio usar sobre si a Medalha Milagrosa, o Escapulário do Carmo, o Agnus Dei, a Medalha de São Bento (ver quadro ao final), a água benta etc. De nada adiantarão, porém, se a pessoa não se empenhar na observância dos Mandamentos.

O Pe. Gabriele Amorth -- de quem falaremos adiante -- assim se refere ao uso da Medalha Milagrosa: “Constatei em várias ocasiões a eficácia das medalhas que as pessoas usam com fé. Bastaria falar da Medalha Milagrosa difundida em milhões de exemplares no mundo depois da aparição da Virgem a Santa Catarina Labouré (Paris, 1830); se falássemos das graças prodigiosas recebidas através dessa simples medalhinha, nunca mais acabaríamos” (14).

Cultos afro-asiáticos de conotação satanista na atualidade

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira observava que “o homem gosta de meias verdades, mas tem horror à verdade total”. E Donoso Cortez, renomado escritor, filósofo e sociólogo espanhol, diz que “o espírito humano tem fome de absurdo e de pecado” (cfr. Obras Completas: Ensaio sobre o Catolicismo, B.A.C., Madrid, 1946, Tomo 2, p. 377).

É por isso que a grande maioria dos homens prefere o caminho fácil das meias verdades, desembocando em religiões falsas. O demônio os atrai como pode, explorando suas más tendências e seus vícios. Assim, a uns conseguirá arrastar diretamente para o satanismo radical dos sacrifícios cruentos. A outros, atrairá para as formas mais veladas de falsa religiosidade que parecem benignas, às vezes sob a capa de filantropia ou de bem espiritual, como certas práticas hinduístas.

Exemplo típico, entre muitos, de satanismo cruento, é o caso de uma vendedora do Rio de Janeiro que declarou ter matado a própria filha de três anos em um ritual de magia negra. Ela foi presa com o concubino e a mãe de santo, que também teriam participado do crime, no litoral fluminense (cfr. “O Estado de São Paulo”, 15-1-99).

A difusão de cultos afro-asiáticos de conotação satanista é hoje uma realidade. No Uruguai, por exemplo, a umbanda é a prática religiosa que mais cresce, a tal ponto que a festa de Iemanjá é a mais popular do país, atraindo para as praias centenas de milhares de praticantes desse culto de origem africana (cfr. “Folha de S. Paulo”, 27-11-99).

Mesmo aqueles que procuram esses cultos por razões folclóricas ou turísticas, arcam com o risco de ser envolvidos por eles e sofrerem as conseqüências.

Espiritismo umbandista

D. Frei Boaventura Kloppenburg O.F.M., Bispo de Novo Hamburgo (RS), explica: “Não podemos indicar uma data exata para a aparição, entre nós, daquilo que hoje se chama espiritismo de Umbanda. Movimentos populares, de origem nitidamente africana, com fachadas cristãs, mas fortemente paganizadas e diretamente influenciadas pelas práticas espíritas, aos poucos se aglutinaram e continuam a coordenar-se ainda hoje, para formar a umbanda (palavra africana que significa feitiçaria). O Batuque do Sul, a Macumba do Rio, o Candomblé da Bahia, o Xangô de Pernambuco, o Catimbó do Nordeste, o Nagô ou as Casas de Minas do Maranhão, a Pajelança da Amazônia: eis a matéria remota desse novo tipo de Espiritismo. Os Kardecistas não toleram que se qualifique a Umbanda como espírita. Mas os próprios umbandistas continuam a proclamar empenhadamente que também eles são verdadeiros espíritas. A Federação Espírita Brasileira, numa solene declaração, publicada no órgão oficial Reformador, de julho de 1953, página 149, acabou concedendo aos umbandistas o ‘privilégio’ de se chamarem espíritas” (15).

Evocar os mortos: proibição formal da Igreja

Em sua obra Sobre a heresia espírita, o mesmo autor acrescenta: “A prática generalizada pelo espiritismo de evocar os mortos não é recente. O espiritismo atual é a continuação da magia e da necromancia de tempos idos. Já no Antigo Testamento existem testemunhos das consultas aos mortos praticadas pelos hebreus” (16).

E prossegue: “Mas o fim visado foi sempre o mesmo: evocar os mortos, para deles saber alguma coisa. O espiritismo moderno, portanto, é a magia ou a necromancia da Antigüidade. Ora, consta de textos insofismavelmente claros do Antigo Testamento que Deus proibiu, sob as mais severas penas, semelhantes práticas de necromancia e magia” (17).

Eis abaixo alguns textos da Sagrada Escritura, que condenam severamente a necromancia e a magia:

· Êxodo 22, 18: “Não deixarás viver os feiticeiros”.

· Levítico 20, 27: “O homem ou a mulher em que houver espírito pitônico ou de adivinho, sejam punidos de morte. Apedrejá-los-ão, o seu sangue cairá sobre eles”.

· Lev. 19, 31: “Não vos dirijais aos magos, nem interrogueis os adivinhos, para que vos não contamineis por meio deles. Eu sou o Senhor vosso Deus”.

· I Reis 28, 5-25: Estes versículos narram a história do rei Saul, que foi consultar uma pitonisa. A conseqüência do episódio inteiro é exposta no I Livro dos Paralipômenos 10, 3: “Morreu, pois, Saul, por causa das suas iniqüidades, porque tinha desobedecido ao mandamento que o Senhor lhe tinha imposto e não tinha observado; e além disso tinha consultado a pitonisa e não tinha posto a sua esperança no Senhor; por isso Ele o matou, e transferiu o seu reino para David, filho de Isaí”.

· IV Reis 17, 17: “E consagraram seus filhos e suas filhas por meio do fogo, e entregaram-se a adivinhações e agouros, e abandonaram-se a fazer o mal diante do Senhor, provocando a sua ira”.

· Isaías 8, 19-20: “E quando vos disserem: Consultai os pitões e os adivinhos, que murmuram em segredo nos seus encantamentos: Acaso não consultará o povo ao seu Deus, há de ir falar com os mortos acerca dos vivos? Antes à Lei e ao Testamento que se deve recorrer. Porém, se eles não falarem na conformidade desta palavra, não raiará para eles a luz da manhã”.

Em vista do acima exposto, decorre a proibição divina de evocar os mortos e consultar médiuns, macumbeiros, gurus, cartomantes. Tal proibição é clara, repetida, enérgica e severíssima.

O espiritismo: verdadeira heresia

Em face dessa tão radical negação de toda a doutrina cristã, o Episcopado Brasileiro, reunido no VI Congresso Eucarístico Nacional (1953), presentes os Senhores Cardeais, Arcebispos, Bispos e Prelados e o Representante da Nunciatura Apostólica, Mons. João Ferrofino, determinou que: “Os espíritas devem ser tratados como verdadeiros hereges” (18).

O que vem a ser, pois, o herege? É aquele que, após o batismo, nega com pertinácia qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou duvida pertinazmente a respeito dela, uma vez que o Direito Canônico assim define a heresia: “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela” (cân. 751).

É essencial ao herege, pois, negar com pertinácia. Não seria herege quem negasse uma verdade sem obstinação, sem saber que se trata de verdade de Fé. Portanto não são hereges, nem podem ser tratados como tais, todos aqueles que, por ignorância e iludidos pela falaz propaganda espírita, aderiram ao espiritismo. Mas se, avisados, persistirem no espiritismo, tornam-se pertinazes, e, portanto, hereges, devendo conseqüentemente ser tratados como tais.

Em seu livro acima mencionado, D. Frei Boaventura Kloppenburg conclui que “é sem dúvida severo e inexorável o modo de tratar os espíritas. Mas é uma medida necessária e justa. .... O modo como continuam a evocar os mortos equivale a uma insurreição aberta contra Deus e a Igreja” (19).

Por isso, “os espíritas excluíram-se a si mesmos da Igreja” (20).

Condenações do reencarnacionismo há muitos séculos

“Reencarnação é o termo usado para indicar a passagem da alma de um a outro corpo humano. Há um significado mais restrito da metempsicose, que indica a transmigração da alma humana através de vários corpos dos homens, dos animais, das plantas etc” (21).

“No século IV, Orígenes tentou apresentar esta doutrina como sendo católica, inspirando-se em Platão, levantando-se contra ele uma forte polêmica. Ela foi condenada pelo Concílio de Constantinopla no ano de 543 (Papa Virgílio). O absurdo da reencarnação foi posto a nu em declarações inequívocas do Magistério Eclesiástico, segundo o qual, após a morte, cada indivíduo é julgado e recebe um destino eterno irrevogável(cfr. II Concílio de Lyon, ano 1274; Constituição Apostólica Benedictus Deus, de Bento XII, 29-1-1336; Decretum pro graecis, do Concílio de Florença, 4-6-1439)” (22).

“Um decreto do Santo Ofício, de 4 de agosto de 1856, declara ilícita, herética e escandalosa a prática de evocar as almas dos mortos, receber respostas etc.; a declaração da S. Penitenciária (1º de fev./1882), declara ilícito assistir, ainda que passivamente, às consultas e jogos espíritas. Leão XIII proibiu a leitura e a posse dos livros nos quais se ensina ou se recomenda o sortilégio, a adivinhação, a magia, a evocação dos espíritos e semelhantes superstições” (23).

Faltam exorcistas autênticos

O Pe. Gabriele Amorth, exorcista oficial da Diocese de Roma, esclarece em seu ensaio Um exorcista conta-nos: “O demônio faz tudo para não ser descoberto, mostra-se muito lacônico e procura todos os meios para desencorajar o paciente e o exorcista” (24).

E acrescenta: “Os exorcistas na Itália são pouquíssimos, e os que estão preparados, ainda são menos. A situação noutros países é ainda pior, por isso têm-me procurado para a bênção pessoas vindas da França, Áustria, Alemanha, Suíça, Espanha e Inglaterra, onde -- a se acreditar no que me dizem -- não conseguiram encontrar um exorcista. Incúria dos bispos e dos sacerdotes?” (25).

“Hoje em dia a Pastoral, neste setor e no mundo católico, está completamente descurada. Não era assim no passado. Cada Catedral devia ter um exorcista, do mesmo modo que tem um confessor, e deviam ser tanto mais numerosos os exorcistas, quanto maiores fossem as necessidades: nas paróquias mais importantes, nos santuários” (26).

“Minha experiência direta leva-me a afirmar que novos fatores estão na origem do aumento considerável das vítimas do Maligno. Em primeiro lugar, analisemos a situação do mundo consumista do Ocidente em que o sentido materialista e hedonista da vida fez com que muita gente perdesse a fé. Penso que sobretudo na Itália uma grande parte da culpa cabe ao comunismo e ao socialismo que, com as doutrinas marxistas, dominaram nestes últimos anos a cultura, a educação e o mundo do espetáculo” (27).

“A magia e o espiritismo são incentivados por vários canais de televisão. Acrescentem-se ainda os jornais e os espetáculos de horror, em que ao sexo e à violência se aliam mesmo um sentido de perfídia satânica e a difusão de certas músicas de massa que invadem o público até à obsessão. Faço aqui muito particularmente referência ao rock satânico ....” (28).

“Os Exorcismos são esconjuros ou mandados imperativos que o ministro autorizado pela Igreja faz em nome de Deus contra o demônio, para que abandone as pessoas por ele possuídas ou cesse de infestar pessoas ou coisas, ainda que inanimadas” (29).

Visão de Leão XIII: crescente atuação diabólica no mundo

E ainda o mesmo autor diz:

“Muitos de nós recordamos que, antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, os celebrantes e os fiéis, no fim de cada missa, ajoelhavam-se para rezar uma oração a Nossa Senhora e outra a São Miguel Arcanjo:

‘São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, sede nosso auxílio contra a malícia e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e Vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a Satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas.’

“Como é que nasceu esta oração? Transcrevo o artigo escrito pelo Pe. Domenico Pechenino na revista Ephemerides Liturgicae, 1955, pp. 58-59: Não me lembro exatamente do ano. Uma manhã, o grande Pontífice Leão XIII tinha celebrado a S. Missa e estava a assistir a uma outra de ação de graças, como de costume. De repente, viu-se ele virar energicamente a cabeça, depois de fixar qualquer coisa intensamente, sobre a cabeça do celebrante. Finalmente, voltando a si, bate ligeira, mas energicamente com a mão, levanta-se. Dirige-se ao seu escritório particular. Daí a uma meia hora, manda chamar o Secretário da Congregação dos Ritos, e estendendo-lhe uma folha de papel, manda fazê-la imprimir e enviar a todos os Ordinários do mundo. Que assunto continha? A oração que rezávamos no fim da missa com o povo” (30).

Apesar dos embustes do sincretismo religioso, a doutrina católica não mudou

Ora -- poderia objetar algum leitor --, há eclesiásticos que abrem os braços e dialogam amigavelmente com macumbeiros e espíritas.

Infelizmente é bem verdade que, sobretudo nos últimos 30 ou 40 anos, muitas declarações e atitudes de membros do clero parecem em contradição com a doutrina acima exposta.

Uma conferência anual de padres e Bispos negros realizada em Salvador, em julho do ano passado, incluiu uma visita aos dois principais terreiros de candomblé. Chocado com isto, o Pe. Pierre Mathon anunciou que celebraria uma missa de repúdio às práticas religiosas que descreveu como demoníacas, e acusou o clero em questão de desviar-se da única Fé verdadeira. “O diálogo é bom, mas fechar os olhos aos padres católicos que recebem as bênçãos de sacerdotes do cadomblé é simplesmente inaceitável”, afirmou o Pe. Mathon durante sermão em Salvador. E acrescentou: “Esses padres são a própria Igreja e estão dando um mau exemplo”. ....

É o que confirma o próprio Arcebispo Primaz de Salvador, D. Geraldo Majella, que atribui as manifestações de sincretismo religioso presentes na Bahia à “.... falta de conhecimento mais profundo da Religião e da Fé católica. Conseqüentemente, acreditam que qualquer coisa vale, que tudo está bem, que você pode misturar a Fé da Igreja com um outro credo, como se fosse algum tipo de mescla”, comentou em declarações reproduzidas por Larry Rohter no “The New York Times” (31).

Convém insistir, portanto, que o sincretismo -- fusão de várias formas e opiniões religiosas (32) -- apresenta-se como um “fenômeno universal em relação aos problemas religiosos mais graves, especialmente no que se refere ao judaísmo e ao cristianismo” (33). Mistura os Santos da Religião Católica com personagens, míticos ou não, de outras religiões, sejam elas o espiritismo, o candomblé, a macumba, ou qualquer outro culto pagão. Trata-se de um artifício de que pode servir-se o diabo para enganar os incautos, especialmente as pessoas que vivem na ignorância religiosa.

Além do sincretismo, é inquietante a difusão considerável que a superstição, a magia e o ocultismo vêm alcançando em nossos dias, como veremos a seguir.

Tão universal é o fenômeno, que recente notícia da agência Zenit menciona o espantoso avanço do esoterismo e da magia no país em que se encontra o próprio centro da Igreja Católica e da Cristandade:

“No mínimo inquietantes: assim são os dados oferecidos no Congresso sobre Superstição, Magia e Satanismo na Úmbria, organizado pelo Instituto Teológico de Assis. Os números falam por si mesmos: mais de 12 milhões de italianos recorrem a um mago pelo menos uma vez por ano, mais mulheres do que homens, 40% com estudos secundários, 30% com estudos universitários superiores. A Agencia ANSA cita Mons. Ennio Antonelli, secretário-geral da Conferência Episcopal italiana: ‘com a taxa de 8 por mil do imposto sobre a renda que se destina às igrejas e religiões, a Igreja Católica recebe 500 milhões de dólares, por ano, enquanto a quantia faturada pelo mundo do ocultismo chega a 750 milhões de dólares’ (34).

A nós, católicos leigos, cumpre, nas tristes circunstâncias atuais, redobrar os esforços para esclarecer o próximo sobre a expansão das várias formas de cultos satânicos que vão corroendo o catolicismo no Brasil. Peçamos a Nossa Senhora Aparecida e a São Miguel Arcanjo que nos dêem toda proteção e ajuda nessa luta contra o Império de Satanás.

Obsessão: tentações mais intensas e prolongadas

“A obsessão é em substância uma série de tentações mais violentas e duradouras que as tentações ordinárias. É externa quando atua sobre os sentidos externos, por meio de aparições; internas, quando provoca impressões íntimas. É raro que seja puramente externa, visto o demônio não atuar sobre os sentidos senão para perturbar mais facilmente a alma. Há, contudo, Santos que, pelo fato de serem obsedados exteriormente por toda a qualidade de fantasmas, conservam na alma uma paz inalterável”.

Ad Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, Livraria Apostolado da Imprensa, 4ª edição, 1948, Porto, p.858. A Medalha de São Bento

Propagada em todo o mundo há mais de trezentos anos pelos monges beneditinos, e aprovada pelo Papa Bento XIV em 1742, a Medalha de São Bento tornou-se célebre por sua extraordinária eficácia no combate aos demônios e suas manifestações; protege contra malefícios de toda espécie, doenças contagiosas, picadas de serpentes e outros animais venenosos; protege também os animais domésticos e veículos. Aprovada e louvada pelos Papas, a Medalha de São Bento possui a força exorcística da Santa Cruz do Redentor - o sinal de nossa salvação.

Dom Próspero Guéranger O.S.B., A Medalha de São Bento, Artpress, 1999, São Paulo.





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Notas

(*) São Pedro compara o demônio a um leão rugidor que gira em torno dos homens para tentar devorá-los (cfr. I Petr. 5, 8 e 9).

(**) Cfr. Charles Baudelaire, poeta francês satanista (1821-1867): “A melhor astúcia do diabo é fazer-nos crer que não existe”.

1. Monsenhor Cristiani, Presencia de Satán en el mundo moderno, Ediciones Penser, Buenos Aires, 1962, pp. 94-95. Tradução castelhana da edição original francesa (Éditions France-Empire, Paris, 1959) por Marta Acosta Vam Praet.

2. Ad Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 4ª ed., Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, Portugal. Tradução Portuguesa da 5ª edição (1920) do original francês pelo Pe. Dr. João Ferreira Fortes.

3. Cfr. Monsenhor Cristiani, op. cit. pp. 63 e 64.

4. Op. cit., pp. 64-65.

5. Op. cit., pp. 65-66.

6. Op. cit., pp. 67-68.

7. Op. cit., pp. 68, 69-70.

8. Op. cit., pp. 70, 71-72.

9. Enciclopedia Cattolica, Città del Vaticano, 1953, vol. 10, p. 1948.

10. Mons. Henri Delassus, La Conjuration Antichrétienne; Desclée, De Brouwer et Cie., Lille, 1910, tomo 1, p. 12.

11. Cfr. John L. McKenzie S. J., Dicionário Bíblico, São Paulo, Paulinas, 4ª ed., 1983, pp. 2 e 133).

12. De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, Livraria Forense, Rio de Janeiro, 10ª ed., 1987, vol. 1, p. 420.

13. Abbé Emmanuel Barbier, Histoire Populaire de L’Église, P. Lethielleux, Éditeur, Paris, 1910, pp. 181-182.

14. Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos, Paulinas, Lisboa, 3ª ed., 1998, p. 57.

15.Frei Boaventura Kloppenburg O. F. M., O Espiritismo no Brasil, Estudos 1, Vozes, Petrópolis, 1960, p. 51

16. Idem, Sobre a Heresia Espírita, Vozes, 4ª ed., 1957, p. 23.

17. Idem, ibidem.

18. Op. cit., pp. 9-18.

19. Op. cit., p. 16.

20. Op. cit., p. 17

21. Enciclopedia Cattolica, Città del Vaticano, 1953, vol. 10, p.677.

22. Idem, p.678.

23. Enciclopedia Cattolica, vol. 11, p. 1135 e ss.

24. Pe. Gabriele Amorth, op. cit., p. 97

25. Op. cit., p. 21.

26. Op. cit., p. 22.

27. Op. cit., p. 59.

28. Op. cit., p. 60.

29. Enciclopedia Cattolica, Città del Vaticano, 1950, vol. 5, p. 596.

30. Pe. Gabriele Amorth, op. cit., pp. 43-45.

31. Larry Rother, Relação com candomblé divide católicos da Bahia, “The New York Times”, 12. 01. 2000.

32. The Catholic Encyclopedia, The Universal Knowledge Foundation, Inc. New York, 1912, vol. 14, p. 383.

33. Enciclopedia Cattolica, Città del Vaticano, 1953, vol. 11, p. 662.

34. Agência Zenit, Roma, 10-5-2000.

O Papel dos Anjos no Universo Criado

Dotados de natureza mais perfeita que a humana, esses puros espíritos foram criados para dar glória a Deus, reger o mundo material e serem potentes auxiliares dos homens, com vistas à sua salvação eterna.

Num êxtase, Santa Maria Madalena de Pazzi viu uma religiosa de sua Ordem (carmelita) ser tirada do Purgatório e levada ao Céu por seu Anjo da Guarda.

E Santa Francisca Romana viu seu Anjo da Guarda conduzir ao Purgatório, para ser purificada, uma alma a ele confiada. O espírito celeste permaneceu fora daquele local de purgação, para apresentar ao Senhor os sufrágios oferecidos por aquela alma. E, ao serem estes aceitos por Deus, essa alma era aliviada em suas penas (1).

Logo ao nascer, o homem recebe de Deus um desses angélicos guardiões, que o acompanhará durante a vida, protegendo-o e comunicando-lhe boas inspirações. Se a pessoa tiver vivido segundo a Lei de Deus, a ponto de se santificar e ir diretamente para o Céu, o Anjo da Guarda a conduzirá a esse lugar bendito. Se, de outro lado, o que é mais provável, ela precisar purificar-se no fogo do Purgatório, o Anjo conduzi-la-á depois ao Paraíso Celeste. Ou, caso contrário, se tiver rejeitado suas inspirações e bons impulsos, condenando-se para todo o sempre, abandoná-la-á às portas do Inferno.

Em nossos dias, a par do materialismo e do ateísmo reinantes em tantas almas e em incontáveis ambientes, nota-se uma salutar reação – cada vez mais intensa e generalizada – a essas chagas da civilização contemporânea.

O sentimento religioso, a crença em Deus e no destino eterno ganham sempre mais terreno, especialmente no seio da juventude atual. Um sintoma desse renascer dos valores espirituais é precisamente o interesse pelos Anjos, o aumento da devoção aos puros espíritos, bem como dos pedidos invocando sua intercessão. Embora tal revivescência, infelizmente, se manifeste em alguns casos mesclada a superstições e até manifestações de ocultismo.

Para atender a esse sadio movimento de alma, propusemo-nos hoje apresentar a nossos leitores a atualíssima e atraente temática dos Anjos.

* * *

O Anjo só passa a custodiar o novo ser depois que este sai das entranhas maternas. Isso porque, desde o momento da concepção até o do nascimento do novo ser, o Anjo da Guarda da mãe cuida também da nova criatura, assim como quem guarda uma árvore carregada de frutos, juntamente com a árvore custodia também os frutos (2).

Temos necessidade da celeste proteção angélica. Nossa alma imortal está destinada a ser, de futuro, companheira dos Anjos e ocupar a seu lado, no Céu, um dos tronos deixados vazios pela queda daqueles puros espíritos que se rebelaram contra Deus, transformando-se em demônios. Tal necessidade sobretudo provém da própria humana fraqueza para atingir esse objetivo.

Que empenho não terá o demônio para que um recém-nascido não receba as águas regeneradoras do Batismo? Muitas vezes também procura causar-nos males físicos.

"A função principal do Anjo da Guarda é iluminar-nos em relação à verdade e à boa doutrina. Mas sua proteção acarreta também muitos outros efeitos, tais como reprimir os demônios e impedir que nos sejam causados danos espirituais ou corporais". Eles "rezam por nós e oferecem nossas preces a Deus, tornando-as mais eficazes pela sua intercessão (Apoc. 8, 3; Tob. 12, 12), sugerem-nos bons pensamentos, incitando-nos a fazer o bem (At. 8, 26; 10, 3ss). Do mesmo modo, quando nos infligem penas medicinais para nos corrigir (2 Sam. 24, 16): e ¾ mais importante que tudo ¾ quando nos assistem na hora da morte, fortalecendo-nos contra os supremos assaltos do demônio" (3).

Algumas almas muito eleitas, que conservaram intacta sua inocência e candura batismal ao longo da vida, por especial privilégio de Deus tiveram a dita de ver seu Anjo da Guarda. Assim sucedeu com São Geraldo Magela, Santa Francisca Romana, Santa Gema Galgani e outros Santos. Vejamos dois exemplos:

· Santa Francisca Romana: dama romana da mais ilustre estirpe, queria fazer-se religiosa mas foi obrigada pelos pais a casar-se, tendo procurado santificar-se no estado de matrimônio. Desse casamento nasceram vários filhos. Um deles, João Evangelista, de extrema piedade, dotado do dom da profecia, faleceu angelicamente aos nove anos.

Um ano após sua morte, apareceu ele a Francisca, resplandecente de luz, acompanhado por um jovem ainda mais brilhante. Fez conhecer à mãe a glória de que gozava no Céu; e comunicou-lhe que vinha buscar sua irmãzinha Inês, de cinco anos, para colocá-la entre os Anjos. E que, por ordem de Deus, deixaria aquele Anjo para -- juntamente com seu Anjo da Guarda -- assisti-la no que lhe restava de vida terrena. Era um Anjo de categoria superior, um Arcanjo.

A partir de então, Santa Francisca via constantemente esse Arcanjo que, segundo ela, brilhava mais que o sol, de maneira que não conseguia fitá-lo. Se Francisca deixava escapar alguma palavra menos necessária, ou caso se preocupasse um pouco demais com os problemas domésticos, o Anjo desaparecia, ficando oculto até que ela se recolhesse de novo. Ele, com suas luzes, a auxiliava muitas vezes, defendendo-a contra os ataques do demônio, que constantemente a assaltava (4).

· Santa Mariana de Jesus: cognominada a Açucena de Quito, após o falecimento do pai, sendo ainda um bebê, a mãe retirava-se para uma casa de campo levando-a ao colo, no lombo de uma mula. Na passagem de um riacho de águas muito céleres, a mula tropeçou e a criança caiu dos braços maternos... No entanto, a menina predestinada ficou sustentada no ar por seu Anjo da Guarda, até que a pressurosa genitora a recolhesse (5).

Valiosos conselheiros celestes

Os Anjos da Guarda são nossos conselheiros, inspirando-nos santos desejos e bons propósitos. Evidentemente, fazem-no no interior de nossas almas, se bem que, como vimos, tenha havido almas santas que mereceram deles receber visivelmente celestiais conselhos.

Quando Santa Joana D’Arc, ainda menina, guardava seu rebanho, ouviu uma voz que a chamava: "Jeanne! Jeanne!" Quem poderia ser, naquele lugar tão ermo? Ela viu-se então envolvida numa luz brilhantíssima, no meio da qual estava um Anjo de traços nobres e aprazíveis, rodeado de outros seres angélicos que olhavam a menina com comprazimento. "Jeanne", lhe disse o Anjo, "sê boa e piedosa, ama a Deus e visita amiúde seus santuários". E desapareceu. Joana, inflamada de amor de Deus, fez então o voto de virgindade perpétua. O Anjo apareceu-lhe outras vezes para aconselhá-la, e quando a deixava, ela ficava tão triste que chorava (6).

O desvelo do nosso Anjo da Guarda para conosco está bem expresso pelo Profeta Davi no Salmo 90: "O mal não virá sobre ti, e o flagelo não se aproximará da tua tenda. Porque mandou [Deus] os seus Anjos em teu favor, que te guardem em todos os teus caminhos. Eles levar-te-ão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra" (Sl. 90, 10-12).

Inúmeros são os exemplos do poderoso auxílio dos Anjos na vida dos Santos. Santa Hildegonde, alemã (+ 1186), tendo ido em peregrinação a Jerusalém com o pai e falecendo este a caminho, foi freqüentemente socorrida por seu Anjo. Certo dia, quando viajava a caminho de Roma, foi assaltada e abandonada como morta. Pôde enfim levantar-se, e viu surgir seu Anjo num cavalo branco. Este ajudou cuidadosamente sua protegida a montar, e a conduziu até Verona. Lá, dela se despediu dizendo: "Eu serei teu defensor onde quer que vás" (7).

Santa Hildegonde poderia aplicar a si o seguinte comentário de São Bernardo ao Salmo acima citado: "Quão grande reverência, devoção e confiança devem causar em teu peito as palavras do real profeta! A reverência pela presença dos Anjos, a devoção por sua benevolência, e a confiança pela guarda que têm de ti. Veja que vivas com recato onde estão presentes os Anjos, porque Deus os mandou para que te acompanhem e assistam em todos teus caminhos; em qualquer pousada e em qualquer rincão, tem reverência e respeito ao teu anjo, e não cometas diante dele o que não ousarias fazer estando eu em tua presença" (8).

São Boaventura afirma: "O santo anjo é um fiel paraninfo conhecedor do amor recíproco existente entre Deus e a alma, e não tem inveja, porque não busca sua glória, senão a de seu Senhor". Acrescenta que a coisa mais importante e principal "é a obediência que devemos ter a nossos santos Anjos, ouvindo suas vozes interiores e saudáveis conselhos, como de tutores, curadores, mestres, guias, defensores e medianeiros nossos, assim em fugir da culpa do pecado, como no abraçar a virtude e crescer em toda perfeição e no amor santo do Senhor" (9).

Intrépidos guerreiros do Exército do Senhor

Em várias partes dos Livros Sagrados os Anjos são mencionados como sendo a Milícia Celeste. Assim, narra o Profeta Isaías ter visto que "Os Serafins ... clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos". (Is. 6, 2-3). E, no Apocalipse, chefiados pelo Arcanjo São Miguel, travaram no Céu uma grande batalha derrotando Satanás e seus anjos rebeldes (Ap. 12, 7).

Em outras passagens aparecem eles exercendo mesmo funções bélicas. Lemos, por exemplo, no II Livro das Crônicas que, tendo Senaqueribe invadido a Judéia, mandou uma delegação a Jerusalém dissuadir seus habitantes da fidelidade ao seu rei Ezequias, blasfemando contra o Deus verdadeiro. O Rei de Judá e o Profeta Isaías puseram-se em oração implorando a proteção divina contra as tropas inimigas. "E o Senhor enviou um anjo que exterminou todo o exército do rei da Assíria no próprio acampamento, com os chefes e os generais, e o rei voltou para sua terra inteiramente confuso" (II Cron. 32, 1 a 21).

Guerreiros angélicos -- tanto no Antigo quanto no Novo Testamento -- às vezes juntam-se também aos homens contra os inimigos do Senhor. Assim, por exemplo, ajudaram Judas Macabeu numa batalha decisiva. Outras vezes auxiliaram os soldados da Cruz contra os muçulmanos, como vem narrado nas crônicas das Cruzadas.

Na Sagrada Escritura, o próprio autor dos Atos dos Apóstolos afirma: "O Senhor Deus dos exércitos freqüentemente envia também seus guerreiros para livrar seus amigos das mãos dos ímpios" (Atos 5, 18-20; 12, 1-11).

Protetores dos homens, mensageiros de Deus

No Livro de Daniel (10, 13-21), o Arcanjo São Miguel defendeu os interesses dos israelitas contra o Anjo protetor da Pérsia. No Apocalipse, São João refere-se à vitória desse Arcanjo contra o demônio e seus asseclas. Mais recentemente, lemos na autobiografia de Santo Antonio Maria Claret, que certo dia, estando ele só no coro do Mosteiro do Escorial, viu Satanás que o fitava com grande raiva e despeito, por ter frustrado algum de seus planos com relação aos estudantes. Ouviu então a voz do Arcanjo São Miguel que lhe disse: "Antonio, não temas. Eu te defenderei".

São Gabriel foi o grande mensageiro e embaixador de Deus não só na Anunciação a Nossa Senhora, mas, segundo o parecer de muitos teólogos, também junto a São Zacarias, para anunciar-lhe o nascimento de João Batista. E junto a São José, a quem apareceu três vezes em sonhos: para anunciar a concepção divina de Maria, recomendar a fuga para o Egito e o retorno daquele país, após a morte de Herodes.

A missão de São Rafael junto ao jovem Tobias é detalhadamente descrita na Bíblia. Já em tempos bem posteriores, assinalam-se também muitas de suas intervenções, como a salvação eterna do tesoureiro de um rei da Polônia, pelo fato de o protegido ter-lhe grande devoção; e o ter livrado das mãos de assaltantes um burguês de Orleans que a ele se recomendara, numa peregrinação a Santiago de Compostela (10).

Narra-se na vida da Beata Madre Humildade de Florença (+1310) que, tendo sido eleita Abadessa de seu mosteiro, além de seu Anjo da Guarda, recebeu mais um para ajudá-la no governo da comunidade. Ela compôs para suas religiosas uma singela oração, pedindo a guarda dos sentidos, prece em que se nota muito a influência do espírito de Cavalaria da época:

"Bons Anjos, meus possantes protetores: guardai todas minhas vias e vigiai cuidadosamente à porta de meu coração, de medo que eu não seja surpreendida por meus inimigos. Brandi diante de mim vosso gládio protetor! Guardai também a porta de minha boca para que nenhuma palavra inútil escape de meus lábios! Que minha língua seja como uma espada, quando for o caso de combater os vícios ou de ensinar a virtude! Fechai meus olhos com um duplo selo quando eles quiserem ver com complacência outra coisa que Jesus. Mas tende-os abertos e despertos quando for para rezar e cantar os louvores do Senhor. Vigiai também a porta de meus ouvidos, a fim de que eles repilam sempre com desgosto tudo o que vem da vaidade ou do espírito do mal. Colocai entraves a meus pés quando eles quiserem ir pecar. Mas acelerai meus passos quando se tratar de trabalhar para a gloria de Deus ou da santa Virgem Maria, ou a salvação das almas! Fazei que minhas mãos sejam sempre, como as vossas, prontas a executar as ordens de Deus. Abafai em mim o olfato do corpo, a fim de que minha alma não aspire mais que o suave perfume das flores celestes. Em uma palavra, guardai todos meus sentidos, de maneira que minha alma se deleite constantemente em Deus e com as coisas celestes. Meus Anjos bem-amados: fui colocada sob vossa guarda pelo doce Jesus; eu vos suplico que me guardeis sempre com cuidado, pelo amor dEle. Ó meus Anjos bem-amados, eu vos peço de me conduzir um dia à presença da Rainha do Céu, e de suplicar-lhe que eu seja colocada nos braços do divino Menino Jesus, seu Filho bem-amado!" (11).

Qual a natureza desses puros espíritos?

Os Anjos são seres puramente espirituais, dotados de inteligência, vontade e livre arbítrio, elevados por Deus à ordem sobrenatural, isto é, chamados pela graça a participar na vida de Deus através da visão beatífica. Muitíssimo mais perfeitos que os homens, sua inteligência é inerrante e sua vontade imensamente poderosa. Como não têm dependência nenhuma da matéria, seu conhecimento é consideravelmente mais perfeito que o do homem; para eles, ver é já conhecer. E conhecer significa compreender a coisa em toda a profundidade de que são capazes, em sua substância, e sem possibilidade de erro.

Por isso, a prova, para eles, teve conseqüência imediata e irremediável. Pois seu querer é absoluto, sem volta atrás. Aquilo que querem, desejam-no para todo o sempre. Daí o fato de, após a prova, terem passado imediatamente à eternidade do Inferno (os demônios), como à do Céu (os anjos bons).

Deus criou os Anjos para conhecê-Lo, amá-Lo, servi-Lo e proclamar suas grandezas, executar suas ordens, governar este universo e cuidar da conservação das espécies e dos indivíduos que ele contém.

"Como príncipes e governadores da grande Cidade do Bem, a que se refere todo o sistema da criação, os anjos presidem, na ordem material, ao movimento dos astros, à conservação dos elementos, e à realização de todos os fenômenos naturais que nos enchem de alegria ou de terror. Entre eles está compartilhada a administração deste vasto império. Uns cuidam dos corpos celestes, outros da terra e seus elementos, outros de suas produções, árvores, plantas, flores e frutos. A estes, está confiado o governo dos ventos e mares, dos rios e fontes; àqueles, a conservação dos animais. Não há uma criatura visível, nem grande nem pequena, que não tenha uma potência angélica encarregada de velar por ela" (12).

Algumas vezes os Anjos, quando são enviados por Deus aos homens para alguma missão, utilizam a forma humana, a fim de acomodar-se à nossa natureza. Entretanto, nesses corpos etéreos e ligeiros com os quais em geral aparecem, não estão como a alma humana está no corpo, dando-lhe vida e tornando-o capaz de operações vegetais e animais. Pelo contrário, ali estão como um operário está em sua máquina, da qual se serve para executar as obras de sua arte. Fora do horário de trabalho, não têm com elas nenhuma ligação.

"Segundo os mais doutos intérpretes, as aparições acidentais dos anjos no mundo não são mais que o prelúdio de sua aparição habitual no Céu. Assim, é provável que no Céu os anjos assumirão magníficos corpos aéreos para regozijar a vista dos eleitos e conversar com eles face a face" (13).

A maravilhosa classificação dos coros angélicos

A distinção dos Anjos em nove coros, agrupados em três hierarquias diferentes, embora não conste explicitamente da Revelação, é de crença geral. Essa distinção é feita em relação a Deus, à condução geral do mundo, ou à condução particular dos Estados, das companhias e das pessoas. (Ver quadro ao lado).

Os três coros da primeira hierarquia, vêem e glorificam a Deus, como diz a Escritura: "Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado trono .... Os Serafins estavam por cima do trono ... E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos" (Is. 6, 1-3). "O Senhor reina .... está sentado sobre querubins" (Sl. 98, 1).

Os três Coros inferiores aos acima enunciados estão relacionados com a conduta geral do universo.

E os três últimos Coros dizem respeito à conduta particular dos Estados, das companhias e das pessoas. (14).

Conclusão: devoção e fidelidade aos Anjos

Evidentemente, todas essas maravilhas do mundo angélico deveriam levar-nos a um profundo amor, reverência e gratidão especialmente para com nosso Anjo da Guarda, evitando tudo aquilo que possa contristá-lo, como são nossos pecados. "Como te atreverias a fazer na presença dos Anjos aquilo que não farias estando eu diante de ti?", interpela-nos o grande São Bernardo.

E deveríamos fazer tudo o que sabemos poder alegrar o Anjo da Guarda, pois só assim estaremos trabalhando efetivamente para nossa própria santificação e salvação.

A reverência a seu Anjo da Guarda levava Santo Estanislao Kostka, que o via constantemente, a este requinte de delicadeza: quando ambos deviam entrar por uma porta, ele pedia ao Anjo para passar antes. E como este, às vezes, se recusasse, insistia com ele até que cedesse (15).

Oxalá tantos e tão belos exemplos nos sirvam para reverenciar e acrescer nossa devoção a esses bem-aventurados espíritos angélicos que Deus, em sua misericórdia, concedeu-nos como guardiões, conselheiros, protetores e mensageiros – especialmente valiosos no mundo neopagão em que vivemos –, com vistas à obtenção da vida celeste!

Os 9 Coros Angélicos, agrupados em três hierarquias
· Serafins — do grego "séraph", abrasar, queimar, consumir. Assistem ante o trono de Deus* e é seu privilégio estar unidos a Deus de maneira mais íntima, nos ardores da caridade.
· Querubins — do hebreu "chérub", que São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam como "plenitude de sabedoria e ciência". Assistem também ante o trono de Deus, e é seu privilégio ver a verdade de um modo superior a todos os outros anjos que estão abaixo deles.
· Tronos — algumas vezes são chamados "Sedes Dei", (Sedes de Deus). Também assistem ante o trono de Deus, e é sua missão assistir os anjos inferiores na proporção necessária.
· Dominações – São assim chamados porque dominam sobre todas as ordens angélicas encarregadas de executar a vontade de Deus. Distribuem aos Anjos inferiores suas funções e seus ministérios.
· Potestades — Ou "condutores da ordem sagrada", executam as grandes ações que tocam no governo universal do mundo e da Igreja, operando para isso prodígios e milagres extraordinários.
· Virtudes — cujo nome significa "força", são encarregados de tirar os obstáculos que se opõem ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da divina Providência.
· Principados — Como seu nome indica, estão revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, às províncias, e às dioceses; são assim denominados pelo fato de sua ação ser mais extensa e universal.
· Arcanjos — são enviados por Deus em missões de maior importância junto aos homens.
· Anjos — os que têm a guarda de cada homem em particular, para o desviar do mal e o encaminhar ao bem, defendê-lo contra seus inimigos visíveis e invisíveis, e conduzi-lo ao caminho da salvação. Velam por sua vida espiritual e corporal e, a cada instante, comunicam-lhe as luzes, forças e graças que necessitam (14).
(*) "‘Assistir’ ante o trono de Deus tem dois significados: um é quando recebem Suas ordens; quando Lhe oferecem as orações, esmolas, boas obras e votos dos mortais; quando defendem contra os demônios as causas dos homens no Tribunal Supremo; quando fixam seu olhar nos raios da face divina para perceber as delicias inefáveis que constituem sua felicidade.
"Neste último sentido, todos os anjos, sem excetuar nenhum, são ‘assistentes diante de Deus’, porque todos gozam, sem interrupção, da Visão Beatífica, mesmo enquanto se ocupam do desempenho de alguma missão no governo do mundo. Mas, em outro sentido estrito, a expressão ‘assistir diante do trono de Deus’ designa os Anjos da primeira hierarquia, e que não podem ser empregados em ministérios exteriores" (cfr. Corn. A Lapide, in Tob. XII, 15; apud Mons. Gaume, Tratado del Espíritu Santo, Granada, Imp. Y Lib. Española de D. José Lopez Guevara, 1877, p. 137 ).

Oração a nosso Anjo da Guarda
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Santo Anjo do Senhor;
meu zeloso guardador,
já que a ti me confiou
a piedade divina,
sempre me rege,
guarda, governa e ilumina.
Amém
Exorcismo breve do Papa Leão XIII (1884)
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São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nossa proteção contra a maldade e as ciladas do demônio.
Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos;
e vós, Príncipe da milícia celeste, pela força divina, precipitai no Inferno satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas.
Amém

Notas
1 - Cfr. Deharde, apud Pe. Ramón J. de Muñana, Verdad y Vida, Editorial El Mensajero del Corazón de Jesús, Bilbao, 1947, tomo I, p. 233.
2 - Cfr. Dr. Eduardo María Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compañía - Editores, 5a edição, tomo I, p. 497.
3 - Plinio Maria Solimeo, Os Santos Anjos, Nossos Celestes Protetores, Coleção Catolicismo nº 2, 1997, pp. 63, 64.
4 - Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d’après le Père Giry, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo III, p. 311.
5 - Cfr. Id., ib., tomo VI, p. 230.
6 - Cfr. Debout, Vie de Saint Jeanne D’Arc, apud Pe. Muñana, op. cit., p. 230.
7 - Cfr. Les Petits Bollandistes, t. IV, p. 529; Deharbe, apud Pe. Muñana, op. cit. p. 232.
8 - Cfr. Eduardo Vilarrasa, op. cit., p. 499.
9 - Pedro de Ribadaneira, Flos Sanctorum, apud Eduardo Vilarrasa, op. cit., p. 499.
10 - Cfr. Les Petits Bollandistes, op. cit., t. XI, pp. 501-502.
11 - Id. Ib., tomo VI, pp. 109, 110.
12 - Mons. Gaume, Tratado del Espíritu Santo, tradução espanhola de D. Joaquin Torres Asensio, Imp. Y Lib. Española de D. José Lopez de Guevara, Granada, 1877, t. 1, p. 116.
13 - Id. Ib. p. 116.
14 - Cfr. Les Petits Bollandistes, op. cit., t. XI, 501-502.
15 - Cfr. V. Agustí, Vida de San Estanislao de Kostka, p. 308, apud, Pe. Muñana, op. cit., p. 230