1. Introdução
Este artigo é continuação daquele, e aqui queremos nos manifestar ao grande público, a respeito de um assunto pouco falado, até inédito em muitos meios e poucas vezes abordado de forma equilibrada.
O que nos motivou a isso foram por algumas afirmações iluminadoras do Santo Padre Bento XVI em sua recente viagem a Fátima, em Maio deste ano, a respeito de questões envolvendo o anunciado Triunfo da Santíssima Virgem, ao chamado “Terceiro Segredo de Fátima” e a perseguição da Igreja.
Já no início deste artigo, fazemos questão de deixar muito claro duas coisas:
•Esclarecemos que existem “versões” do “Terceiro Segredo de Fátima” que circulam na internet, dizendo falsamente que “este é o texto do Terceiro Segredo de Fátima que a Igreja deu permissão de revelar”. Ora, esclarecemos que até a presente data de publicação deste artigo (13/10/2010), o texto que citamos no artigo é a ÚNICA versão do Terceiro Segredo de Fátima que temos oficialmente divulgada pelo Vaticano.
•TODAS as citações de profecias contidas neste artigo são de aparições da Virgem OFICIALMENTE APROVADAS pela Santa Igreja, bem como profecias de SANTOS CANONIZADAS pela Igreja, como também BEATOS.
Pedimos que, antes de ser lido este artigo, seja lido o artigo primeiro artigo desta série, citado acima – está http://www.reinodavirgem.com.br/mistica/caminho-triunfo.html, tendo em vista que este é uma continuação daquele, além do fato de este poder parecer exageradamente pessimista ou sensacionalista, se for tomado fora do contexto apresentado pelo artigo anterior.
Pelo contrário, nosso contexto é otimista: é a expectativa do grande Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem, que Ela prometeu em Fátima (1917):
“Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará.”
E este acontecimento, também confirmado por outras aparições marianas oficialmente aprovadas pela Santa Igreja e por santos canonizados, talvez venha ser o maior acontecimento da história desde Nosso Senhor Jesus Cristo.
2. Papa: apressar o anunciado Triunfo
O Papa Bento XVI, em um dos grandes momentos do seu pontificado, esteve em Fátima em Maio deste ano, no 93º aniversário da primeira aparição da Santíssima Virgem lá.
Na homilia que fez no Santuário no 13 de Maio – ela pode ser lida na íntegra em http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2010/documents/hf_ben-xvi_hom_20100513_fatima_po.html -, entre outras coisas, ele falou:
“Possam os sete anos que nos separam do centenário das Aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade.”
Comentário: o Santo Padre alude aqui a promessa da Santíssima Virgem em Fátima:
“Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará.”
Aqui o Papa mostra duas coisas:
1.Que ele não considera este Triunfo nenhuma “fantasia"
2.Que ele acredita que este Triunfo ainda NÃO aconteceu (descartando, portanto, interpretações reducionistas do Triunfo, que referem-se a ele como tão somente a sobrevivência do saudoso Papa João Paulo II ao atentado que sofreu em 1981 e a queda do Muro de Berlim)
E mais: O Papa parece ligar isso, de alguma forma misteriosa, ao menos em sua expectativa, ao centenário das aparições de Fátima.
3. Papa: Fátima não está concluída
Na mesma homilia, o Papa falou:
“Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída.”
Isso parece ser iluminado pelo que o próprio Papa falou dois dias antes disso (11 de Maio), em entrevista feita no avião que o conduzia a Fátima.
O que Papa respondeu tento sido publicado no site “Corriere de Sara” e “Repubblica”, e nos é transmitido pelo jornalista católico Antonio Socci (Da Libero).
A pergunta que o Papa escolheu para responder, dentre as várias que foram lhe apresentadas, dizia, a respeito do chamado “Terceiro Segredo de Fátima”:
“Santidade, que significado têm hoje para nós as aparições de Fátima? Quando o senhor apresentou o texto do Terceiro Segredo, na sala de imprensa vaticana, em Junho de 2000, foi-lhe perguntado se a mensagem podia ser estendida, além do atentado a João Paulo II, mas também aos outros sofrimentos dos Papas. É possível segundo o senhor, enquadrar também naquela visão os sofrimentos da Igreja de hoje pelos pecados dos abusos sexuais de menores?”
Resposta do Papa Bento XVI:
“Somente no curso da história podemos ver toda a profundidade, digamos assim, de que estava revestida nessa visão, possível às pessoas concretas. Além dessa grande visão do sofrimento do Papa, que substancialmente podemos referir a João Paulo II, são indicadas realidades do futuro da Igreja que pouco a pouco se desenvolvem e se mostram. Isto é verdade que além do momento indicado na visão, fala-se, se vê a necessidade de uma paixão da Igreja, que naturalmente se reflete na pessoa do Papa. Mas o Papa está na Igreja e, portanto, são sofrimentos da Igreja que se anunciam (…). Quanto às novidades que podemos hoje descobrir nessa mensagem, é também que não só de fora vem os ataques ao Papa e à Igreja, mas os sofrimentos da Igreja vem justamente do interior da Igreja, do pecado que existe na Igreja (…). Hoje nós o vemos de modo realmente terrificante: que a maior perseguição da Igreja não vem dos inimigos de fora, mas nasce do pecado na Igreja”.
Vamos analisar as palavras do Papa:
O Santo Padre diz que engana-se quem pensa que “a missão profética de Fátima esteja concluída” e que no 3o segredo são “indicadas realidades do FUTURO da Igreja que pouco a pouco se desenvolvem e SE MOSTRAM“; diz que “se vê a necessidade de uma PAIXÃO DA IGREJA”; que “são sofrimentos da Igreja que se anunciam“; o Papa relaciona ainda a questão ao “pecado que existe na Igreja” e que “a maior perseguição da Igreja NÃO vem dos inimigos de fora, mas nasce do pecado na Igreja”.
Ou seja, isso significa que a interpretação do visão do Terceiro Segredo, que pretende limitar TUDO a “coisas que já aconteceram” e que se referiam SOMENTE ao atentado que João Paulo II sofreu, é equivocada.
Na verdade, a interpretação do texto do Terceiro Segredo, sugerida pelo Vaticano em 2000, juntamente com a publicação do Terceiro Segredo, e que pode ser lida em http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20000626_message-fatima_po.html, embora sugira que a visão do texto refira-se ao atentado que sofreu João Paulo II, NÃO parece limitar a interpretação a isso, como o próprio Papa deixou claro em suas recentes palavras que citamos acima.
Até porque é próprio do gênero profético, e isso desde o Antigo Testamento, permitir mais de uma hermenêutica possível para uma visão profética, sem que uma necessariamente descarte a outra.
É comum, ainda, na Tradição Cristã, o cumprimento “cíclico” de uma profecia, em que um “primeiro cumprimento” é imagem de uma realidade futura (assim, por exemplo, as profecias referentes ao Anticristo que estão no Apocalipse de São João podem se referir tanto ao Império Romano, quanto aos “anticristos” de outras épocas e a Provação Final da Santa Igreja; ver Catecismo da Igreja Católica, n. 675-677).
4. Terceiro Segredo de Fátima, sua interpretação e realidade atual
Vamos retomar o texto do segredo, tornado oficialmente público em 2000. O relato é da Irmã Lúcia:
“Vimos ao lado de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêm as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns atrás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.”
Retomamos: existem “versões” do “Terceiro Segredo” que circulam na internet, dizendo falsamente que “a Igreja deu permissão de revelar o Terceiro Segredo de Fátima”. Ora, esclarecemos que até a presente data de publicação deste artigo (13/10/2010), este texto que citamos acima é a ÚNICA versão do Terceiro Segredo de Fátima que temos oficialmente divulgada pelo Vaticano.
Mas vamos ao comentário da visão, integrando com os dados que o Papa nos trouxe neste ano e que citamos acima:
Segundo o Papa, então, o segredo fala de coisas futuras que, como diz o Bento XVI, “pouco a pouco se desenvolvem e se mostram”, e o Papa liga aos “sofrimentos da Igreja” e a “perseguição da Igreja”.
O que pouco a pouco “se desenvolve e se mostra”, e que tem a ver com sofrimentos para a Santa Igreja? Ora, me parece claro é exatamente a realidade da perseguição, que temos visto estourar com uma força sem precedentes, principalmente a partir de deste ano, com toda esta questão da pedofilia (veja que o Papa fala em “pecado na Igreja”), e conhecidos teólogos que se dizem católicos (como os da Teologia da Libertação) patrulhando abertamente o próprio Papa e quem está em comunhão com ele (o Papa fala em “a maior perseguição da Igreja NÃO vem dos inimigos de fora”).
Não é difícil ver, ao menos nos acontecimentos deste ano, algo nesse sentido e no sentido da visão que “se desenvolve e se mostra”: o Papa, “bispo vestido de branco”, “aos pés da grande cruz”, sendo atingido por “um grupo de soldados que lhe atiraram vários tiros e setas”. Espiritualmente falando, creio é o que estamos vendo acontecer.
Vejamos, por exemplo, como esta questão da pedofilia tem sido usada para perseguir a Santa Igreja e que o próprio entrevistador mencionou na pergunta ao Papa, que fizemos acima.
Quem é grande a adversária do aborto? A Igreja.
E da libertinagem sexual? A Igreja.
Do comunismo? A Igreja.
E assim por diante...
Isso deixa claro que existem interesses revolucionários, sim, de patrulhar a Igreja.
Além disso, Antonio Gramsci, comunista italiano, escreveu que três elementos impediam que a Revolução Marxista triunfasse no ocidente: o pensamento grego, o direito romano e a moral judaico-cristã. Era preciso, portanto, destruir os três.
Este assunto é apresentado com detalhes e provado com fatos pelo Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, na sua palestra sobre o “Marxismo Cultural”, que pode ser escutada em http://padrepauloricardo.org/audio/marxismo-cultural/ .
Alguns pensadores católicos, como o próprio Pe. Paulo Ricardo e o filósofo Olavo de Carvalho, nos falam de uma técnica de engenharia social usada por este revolucionários, e facilmente verificada em nosso meio, que se chama “espiral do silêncio”.
Esta técnica parte do princípio que uma notícia, para fazer diferença para a a população, ela precisa ser repetida um certo número de vezes.
Então, por exemplo, acontece uma grande manifestação contra o aborto, e o que normalmente aparece na grande mídia? Uma notícia de meia-dúzia de linhas no canto da página. Aí aparece um escândalo de padre pedófilo, e o que a grande mídia normalmente faz? Se fica metralhando isso com uma frequência e de uma forma descaradamente mal-intencionada...e logo todos estão desconfiando de qualquer padre que apareça na sua frente e achando que a Santa Igreja é a grande criminosa da história da humanidade.
Vejamos a contradição:
Essa onda de pedofilia (que NÃO atinge apenas sacerdotes, mas atinge também pastores protestantes e gente de tudo quanto é classe social...) tem como causadora NÃO a Santa Igreja, mas exatamente o contrário: é a crise religiosa e moral que a nossa sociedade se afundou, a partir das idéias revolucionárias anticristãs ***propagadas pelos mesmos que combatem a Santa Igreja***.
Ora, qual é a grande Instituição que tem, com todas as suas forças, defendido a castidade (segundo o estado de vida de cada um, evidentemente, na continência ou na vivência do matrimônio segundo o Projeto de Deus) dos sacerdotes, dos celibatários, dos casais, dos jovens, de todos? A Igreja!
E quem tem disseminado libertinagem sexual, propagando pornografia, incentivando que se faça sexo de tudo quanto é jeito e distribuindo camisinha nas escolas para as crianças? ***São esses mesmos Revolucionários que querem difamar a Igreja!***
Um sacerdote pedófilo é um MAU SACERDOTE. Não é fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja e aos Projeto de Deus que ele se comprometeu a viver.
Agora, um revolucionário que vai nas escolas promover pornografia, promiscuidade e distribuir camisinha pra criança é UM BOM REVOLUCIONÁRIO, fiel à sua cartilha marxista e gramsciana.
Não aceitamos o rótulo que eles querem nos colocar!
5. Confirmação nas Aparições Marianas reconhecidas pela Santa Igreja...
•Fátima (Portugal, 1917)
Também em Fátima, disse a Virgem:
“Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará.”
Embora isso seja dito na “Segunda Parte do Segredo” ou no chamado “Segundo Segredo” (e, portanto, divulgado há várias décadas atrás), NÃO parece pertencer completamente ao passado, pois:
•o perigo anunciado (“nações inteiras aniquiladas”) nunca se cumpriu; nem mesmo na Segunda Guerra Mundial foram aniquiladas “nações inteiras”.
•além disso, porque hoje vemos acontecendo, como nunca, a disseminação dos erros da Rússia pelo mundo inteiro (comunismo, marxismo cultural, ateísmo prático...), e inclusive no interior da Igreja, através da “Teologia da Libertação”.
Aliás, a própria Irmã Lúcia escreveu ao Papa João Paulo II, no dia 12 de Maio de 1982, a respeito do “Terceiro Segredo” ou “Terceira Parte do Segredo”:
«A terceira parte do “segredo” refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”».
Chamam atenção também duas visões que a Beata Jacinta, uma das videntes de Fátima, relatou, e que parecem dizer respeito ao nosso tempo (principalmente esta primeira, relativa ao Papa):
“Eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos diante de uma mesa, com as mão na cara a chorar. Fora de casa estava muita gente, e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas, e diziam-lhe muitas palavras feias.”
A outra visão, Jacinta mostra em um diálogo com Lúcia (a outra vidente de Fátima); quem descreve é a própria Irmã Lúcia, em sua “3a Memória”:
“Não vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome, e não têm nada para comer?! E o Santo Padre numa igreja, diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar?! E tanta gente a rezar com ele?! Passados alguns dias perguntou-me: Posso dizer que vi o Santo Padre e toda aquela gente? – Não. Não vês que isso faz parte do segredo?! Que por aí logo se descobria?! – Está bem; então não digo nada.”
Em entrevista ao Pe. Agostinho Fuentes, Postulador da Causa de Beatificação dos videntes de Fátima, Irmã Lúcia, em 1957, revela toda a gravidade dos tempos que vivemos, dizendo:
“A Santíssima Virgem me disse que o demônio está prestes a travar uma batalha decisiva contra Ela, e como em pouco tempo precisa ganhar o maior número possível de almas, tudo faz para conquistar as almas consagradas a Deus, pois desta maneira deixa desamparado o campo das almas e poderá apoderar-se delas mais facilmente.”
•La Salette (França, 1846):
Em La Salette, aparição oficialmente reconhecida pela Santa Igreja, a Virgem falou palavras fortes.
Sobre a aparição de La Salette, o Papa João Paulo II afirmou:
“Neste lugar, Maria, a mãe sempre amorosa, mostrou sua dor pelo mal moral causado pela humanidade. Suas lágrimas nos ajudam a entender a gravidade do pecado e a rejeição a Deus, enquanto manifestam ao mesmo tempo a apaixonada fidelidade que Seu Filho mantém com relação a cada pessoa, embora Seu amor redentor esteja marcado com as feridas da traição e do abandono dos homens.”
Disse a Virgem em La Salette:
“O Vigário do meu Filho terá muito que sofrer, porque por um tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições - será o tempo das trevas. A Igreja terá uma crise medonha. Esquecida a santa fé de Deus, cada indivíduo quererá governar-se por si mesmo e ser superior aos seus semelhantes. Serão abolidos os poderes civis e eclesiásticos, toda a ordem e justiça serão calcadas aos pés. Só se verão homicídios, ódios, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e pela família. O Santo Padre sofrerá muito. Estarei com ele, até o fim, para receber o seu sacrifício. Os malvados atentarão muitas vezes contra a sua vida, sem poder pôr fim aos seus dias; nem ele, porém, nem o seu sucessor verão o triunfo da Igreja de Deus.”
As referências explícitas a dois papas, e talvez implicitamente a um terceiro (que veja o Triunfo da Igreja?) são misteriosas.
A Virgem continua:
“Várias grandes cidades serão abaladas e soterradas por terremotos. As pessoas acreditarão que tudo estará perdido. Não se verá mais do que homicídios, não se ouvirá senão os ruídos das armas e blasfêmias. Os justos sofrerão muito; as suas orações, a sua penitência e as suas lágrimas subirão ao Céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia, e implorará a minha ajuda e intercessão.”
•Akita (Japão, 1973):
Também nas suas manifestações de Akita (Japão, 1973), também oficialmente aprovadas pela Santa Igreja, a Virgem falou sobre estes graves assuntos.
Em Akita, a Irmã Agnes Sasagawa (Instituto Servas da Eucaristia), confidente da Virgem, recebeu o estigma de Nosso Senhor na mão esquerda e uma imagem da Virgem verteu lágrimas de sangue 101 vezes.
Fato interessante: a imagem da Virgem é a de “Nossa Senhora de Todos os Povos” (aparição da Virgem na Holanda, cuja devoção foi oficialmente aprovada pelo Bispo Local, é que é descrita no primeira artigo desta série “A Caminho do Triunfo”).
O Arcebispo local, Dom Shojiro-Jean Ito, reconheceu oficialmente os fenômenos de Akita, escrevendo:
“Depois das indagações levadas a efeito até o dia de hoje, não se pode negar o caráter sobrenatural de uma série de acontecimentos inexplicáveis, relativos à imagem da Virgem que se encontra no Convento do Instituto das Servas da Eucaristia em Yuzawadai, no Convento de Soegawa, província de Akita, Diocese de Niigata. Tampouco se podem encontrar ali elementos contrários à fé católica ou aos bons costumes. Conseqüentemente, autorizo, em toda a extensão da Diocese da qual fui encarregado e me foi confiada, a veneração da Santa Mãe de Akita, esperando que a Santa Sé publique seu juízo definitivo sobre este assunto. Chamo a atenção, relembrando, que mesmo que a Santa Sé publique mais tarde um juízo favorável a propósito dos acontecimentos de Akita, trata-se apenas de uma revelação particular que não é um ponto doutrinal. Os cristãos são levados a crer apenas no conteúdo da Revelação Divina (encerrada com a morte do último Apóstolo) que comporta tudo o que é necessário à salvação. A Igreja, sempre, até agora, também teve em consideração as revelações particulares enquanto elas fortalecem a fé.” (22/04/1984)
Quatro anos, em 1988, mais tarde, o Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, na época Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, proferiu julgamento definitivo sobre os eventos e mensagens de Akita como “confiáveis e dignos de fé”.
Em Akita, a Virgem disse:
“Como já te disse, se os homens não se arrependerem e não melhorarem, o Pai infligirá um castigo terrível à humanidade inteira. Será um castigo mais severo que o dilúvio, tal como jamais houve antes. Cairá do Céu um fogo que aniquilará uma grande parte da humanidade. (...) Os sobreviventes se encontrarão em tal desolação que invejarão os mortos. As únicas armas que nos restarão então serão o Rosário e o Sinal deixado pelo Meu Filho. Rezem cada dia as orações do Rosário. Com o Rosário, rezem pelo Papa, pelos Bispos e pelos sacerdotes. A ação do diabo se infiltrará mesmo na Igreja, de modo que serão vistos cardeais se oporem a cardeais, bispos a outros bispos. Os padres que me veneram serão desprezados e combatidos por seus confrades; as igrejas, os altares serão saqueados, a Igreja estará cheia daqueles que mantém compromissos espúrios e o demônio forçará muitos sacerdotes e consagrados a deixarem o serviço do Senhor. O demônio se encarniçará sobretudo contra as almas consagradas a Deus. A perspectiva da perda de numerosas almas é a causa da minha tristeza. Se os pecados crescerem em número e gravidade, para esses não haverá perdão. (...) Reze muito as orações do Rosário. Eu sozinha ainda sou capaz de salvar vocês das calamidades que se aproximam. Aqueles que colocarem sua confiança em Mim serão salvos.” (13/10/1973)
A mensagem é forte, porém, nada mais é do que a repetição e atualização do que Nosso Senhor nos diz no Evangelho:
“Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo.“ (Lc 13,5)
Não nos esqueçamos, porém, de que a Virgem Santíssima promete proteção para os que confiarem na Sua poderosa intercessão, e nos garante em Fátima:
“Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará”!
6... e nas profecias dos Santos
•Dom Bosco (Itália, séc. 19):
Em termos de futuro, é impossível aqui não lembrar aqui de um sonho profético de Dom Bosco, que mostra o Papa saindo de Roma, e quando retorna (possivelmente 200 dias depois), as “cidades”, “aldeias” e “campos” tinham a “população muito diminuída”, a “terra estava pisada como por um furacão, por um temporal e pelo granizo”, e “as pessoas iam umas para as outras dizendo com ânimo comovido” que “Há um Deus em Israel”.
Os elementos da visão parecem muito relacionados com a visão do Terceiro de Fátima.
Transcrevemos abaixo, na íntegra, esta visão do sonho de Dom Bosco, que parece vir complementar a visão do outro sonho dele (o sonho das “Duas Colunas” ), que publicamos primeiro artigo desta série.
Segue a visão de Dom Bosco:
“Era uma noite escura. Os homens não podiam mais discernir qual fosse o caminho para retornar a suas aldeias, quando apareceu no céu uma luz esplendorosíssima que esclarecia os passos dos viajantes como se fosse meio-dia.
Naquele momento, foi vista uma multidão de homens, de mulheres, de velhos, de crianças, de monges, freiras e Sacerdotes, tendo à frente o Pontífice, sair do Vaticano enfileirando-se em forma de procissão. Mas eis um furioso temporal escurecendo um tanto aquela luz. Parecia engajar-se uma batalha entre a luz e as trevas.
Chegou-se a uma pequena praça coberta de mortos e de feridos, dos quais vários pediam conforto em altas vozes. As fileiras da procissão se tornaram bastante ralas. Depois de ter caminhado por um espaço de duzentos levantar do sol, cada um percebeu que não estava mais em Roma. O espanto invadiu os ânimos de todos, e cada um se recolheu em torno do Pontífice para guardar a sua pessoa e assisti-lo em suas necessidades. Naquele momento, foram vistos dois anjos que portavam um estandarte e o foram apresentar ao Pontífice dizendo: ‘Recebe o vexilo d'Aquela que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra. Os teus inimigos desapareceram, os teus filhos, com lágrimas e com suspiros, invocam o teu retorno.’
Levantando, depois, o olhar para o estandarte, se via escrito nele, de um lado: ‘Regina sine labe originale concepta’; e do outro lado: ‘Auxillium Christianorum’. O Pontífice tomou o estandarte com alegria, mas tornando a olhar o pequeno número daqueles que haviam permanecido em torno de si, ficou aflitíssimo.
Os dois anjos acrescentaram: ‘Vai depressa consolar os teus filhos. Escreve a teus irmãos dispersos nas várias partes do mundo que é preciso uma reforma nos costumes e nos homens. Isto só se poderá obter repartindo aos povos o pão da Divina Palavra. Catequizai as crianças, pregai o desapego das coisas da terra.’ ‘Chegou o tempo’, concluíram os dois anjos, ‘que os pobres serão os evangelizadores dos povos. Os Levitas serão buscados entre a enxada, a pá e o martelo, a fim de que se cumpram as palavras de Davi: Deus levantou o pobre da terra para colocá-lo sobre o trono dos príncipes do teu povo.’
Ouvindo isto, o Pontífice se moveu e as filas da procissão começaram a engrossar-se. Quando, afinal, ele colocou o pé na cidade santa, ele começou a chorar por causa da desolação em que estavam os cidadãos, dos quais muitos não existiam mais. Reentrado, enfim, em São Pedro, ele entoou o Te Deum, que foi respondido por um coro de anjos, cantando: ‘Gloria in excelsis Deo, et pax in terris hominibus bonae voluntatis’.
Terminado o canto, cessou de fato toda escuridão e se manifestou um sol fulgidíssimo. As cidades, as aldeias, os campos tinham a população muito diminuída, a terra estava pisada como por um furacão, por um temporal e pelo granizo, e as pessoas iam umas para as outras dizendo com ânimo comovido: ‘Há um Deus em Israel’.
Do começo do exílio até o canto do Te Deum, o sol se levantou duzentas vezes. Todo o tempo que transcorreu para se cumprirem estas coisas corresponde a quatrocentos levantar de sol.”
•Papa São Pio X (1835-1914):
Também o grande Papa São Pio X, conhecido como o “Papa do Santíssimo Sacramento”, descreveu:
“Tive uma visão assombrosa. Será comigo, ou com algum sucessor meu? Vi que o Papa deixará Roma e, para sair do Vaticano, terá que passar sobre os cadáveres de seus padres.”
E ainda:
“Ele se exilará disfarçando-se em algum lugar e após um curto isolamento, sofrerá uma morte cruel.”
•Beata Anna Maria Taiji (Itália, séc. 19):
Escreveu ela:
“A Religião será perseguida, e os religiosos massacrados. As Igrejas serão fechadas, porém por um breve período. O Santo Padre será obrigado a deixar Roma.”
•Santa Brígida, Estigmatizada (Suécia, séc. 14):
Escreveu ela:
“40 anos antes do ano 2000, o demônio será deixado solto, por um tempo. Quando tudo parecer perdido, Deus, mesmo de improviso, porá fim à maldade. (...) Os sacerdotes deixarão de usar hábito santo e se vestirão como pessoas comuns; as mulheres se vestirão como os homens e os homens como as mulheres.”
•Beata Anna Catharina Ememrich, Estigmatizada (Alemanha, séc. 18):
Foi a mística que, com as suas visões a respeito da vida de Nosso Senhor, inspirou Mel Gibson no filme “A Paixão de Cristo”.
Fala a Beata, no seu famoso livro “Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus”:
“Ouvi dizer que Lúcifer, se não me engano, 50 ou 60 anos antes do ano 2.000 de Cristo, seria novamente solto por certo tempo. Muitas outras datas e números foram indicados, dos quais não me lembro mais. Deviam ser soltos ainda outros demônios antes desse tempo, para provação e castigo dos homens.”
•São Luis Maria Monfort (França, séc. 18):
Escreveu São Luis, no seu marailhoso “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”:
“Maria deve ser, enfim, terrível para o demônio e seus sequezes como um exército em linha de batalha, principalmente nesses últimos tempos, pois o demônio, sabendo bem que pouco tempo lhe resta para perder as almas, redobra cada dia seus esforços e ataques. Suscitará, embreve, perseguições cruéis e terríveis emboscadas aos servidores fiéis e aos verdadeiros filhos de Maria, que mais trabalho lhe dão para vencer.”
7. Conclusão
As palavras do Papa João Paulo II, em Fulda, na Alemanha, falando aos jovens, em 1981, ecoam em nosso coração:
“Quantas vezes se realizou no sangue a renovação da Igreja?”
Tudo isso é impressionante, mas que isso seja motivo para nos entregarmos aquilo que nossa Mãe Santíssima pediu em Fátima:
•a consagração ao Seu Coração Imaculado, como Ela pediu:
“Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Coração Imaculado.”
•a oração diária do Santo Terço, como Ela pediu:
“Rezem o Terço todos os dias pela paz no mundo e para acabar com a guerra.”
•a adoração da Presença Real e Substancial de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, como o Anjo de Portugal, precursor da Virgem nas aparições, ensinou a Lúcia, Francisco e Jacinta:
“Meu Deus, eu creio, adoro-vos, espero-vos e amo-vos; peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam”.
E vermos a mensagem de Fátima, acima de tudo, como uma mensagem de esperança, que nos leva a ver que, depois deste período de Grande Tribulação e Grande Provação, virá aquilo que ser humano algum jamais presenciou acontecer:
O Grande Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem!
Ela quem prometeu:
“Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará!”
Em La Salette, estes foram os apelos da Santíssima Virgem:
“Eu dirijo um urgente apelo à Terra: chamo os verdadeiros discípulos do Deus Vivo, que reina nos céus; chamo os verdadeiros imitadores de Cristo feito homem - o único e verdadeiro Salvador dos homens; chamo os meus filhos, os meus verdadeiros devotos, os que se deram a mim, para que eu os conduza ao meu Divino Filho - aqueles que eu levo, por assim dizer, nos meus braços; chamo os que viveram do meu espírito; chamo, enfim, os Apóstolos dos Últimos Tempos, os fiéis discípulos de Jesus Cristo, que viveram no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento, e desconhecidos do mundo. Já é hora de saírem e virem iluminar a Terra. Ide e mostrai-vos como meus filhos queridos. Estou convosco e em vós, desde que a vossa fé seja a luz que vos ilumine nesses dias de infortúnio. Que o vosso zelo vos torne como que famintos da glória e da honra de Jesus Cristo. Combatei, filhos da luz, vós, pequeno número que ainda tendes vista....”
sexta-feira, 20 de maio de 2011
A caminho do Triunfo
- O século, as colunas, o Dogma e o Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem -
Apostolado Reino da Virgem Mãe de Deus - 13 de Abril de 2010, memória litúrgica de Santo Hermenegildo, mártir da Eucaristia
1. Introdução
O saudoso Papa João Paulo II, tão presente na vida de todos nós, é o “Papa de Maria”. Ele se consagrou inteiramente a ela, Ela sob o lema “Totus Tuus” (“Todo Teu”).
E no Grande Jubileu do ano 2000, o saudoso Papa João Paulo II consagrou o Terceiro Milênio a Santíssima Virgem. Nessa ocasião, ele fez publicamente esta oração:
“Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.”
Vivemos, de fato, em um período de caos social, nas ruínas de uma sociedade destruída pela revoluções liberais e totalitárias dos últimos séculos.
Mas, voltando nossos olhos para o mundo espiritual, temos a consoladora expectativa do cumprimento da promessa da Santíssima Virgem em suas aparições de Fátima (1917), quando disse: “Por fim o Meu Coração Imaculado Triunfará!”
E alguns fatos, à partir das experiências dos santos canonizados, Papas e místicos católicos, nos concedem mais luz para compreender este momento.
2. O século
Há uma conhecida visão que o Papa Leão XIII teve no dia 13 de Outubro de 1884. O padre Domingo Pechenino, em "Ephemerides Liturgicae", n° 69 (1955), pp. 58-59, relata.
Viu ele Satanás travando um diálogo com Deus. Satanás dizia: “Eu posso destruir a Igreja e arrastar a humanidade toda para o inferno. Mas para isto preciso de mais tempo e mais poder.” Uma voz doce responde: “Quanto tempo e quanto poder?” Retruca o Demônio: “De 75 a 100 anos, e mais poder sobre os que se põem ao meu serviço.”
Deus responde: “Pois tens esse tempo.”
Algo que naturalmente nos recorda da provação de Jó, no Antigo Testamento, onde Deus permite que ele seja provado por Satanás, em prol de um bem maior (Jó 1, 6-12).
Foi imediatamente após esta visãa que o Papa Leão XIII escreveu aquela conhecida oração a São Miguel Arcanjo, para ser rezada no final de todas as Missas. A oração é a seguinte:
"São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, insistentemente pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo, para perder as almas. Amém".
Talvez o Papa tenha feito isso lembrando do que escreveu, já no Antigo Testamento, o Profeta Daniel: “Naquele tempo, surgirá Miguel, o protetor dos filhos do seu povo.” (Daniel 12,1)
3. As colunas
Na mesma época, um santo canonizado pela Igreja, São João Bosco, teve um sonho onde a Santa Igreja era atacada. Dom Bosco via a Barca da Igreja, em meio ao mar, sendo conduzida pelo Papa, em uma grande batalha com as barcas inimigas.
Em meio ao mar, havia duas colunas, que assim ele descreve:
"No meio da imensa extensão do mar elevavam-se acima das ondas duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra. Sobre uma delas havia a estátua da Virgem Imaculada, em cujos pés pendia um longo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxílio dos Cristãos). Sobre a outra, que era muito mais alta e mais grossa, havia uma Hóstia de grandeza proporcional à coluna, e debaixo um outro cartaz com as palavras: Salus Credentium (Salvação dos que crêem)."
Dom Bosco continua descrevendo a visão:
“O Papa cai gravemente ferido. Imediatamente, os que estão com ele o ajudam e o levantam. Uma segunda vez, o Papa é atingido; ele cai de novo e morre. Um grito de júbilo e vitória irrompe dentre os inimigos; de seus navios eleva-se uma indizível zombaria. Mas assim que o Pontífice cai, um outro assume o seu lugar. Os pilotos, tendo-se reunido, elegeram outro tão prontamente que, com a notícia da morte do anterior já se apresentam as boas novas da eleição do sucessor. Os adversários começam a perder a coragem.
O novo Papa, pondo o inimigo em fuga e superando todos os obstáculos, guia o navio diretamente às duas colunas e consegue descansar entre elas. Ele ancora o seu navio à coluna encimada pela Hóstia, prendendo uma corrente leve que sai da proa a uma âncora presa à coluna; uma outra corrente leve presa à popa é atracada a uma âncora que pende da coluna sobre a qual está a Virgem Maria.
Neste ponto, inicia-se uma grande convulsão. Todos os navios que estiveram até então em luta contra o navio do Papa são dispersados; eles se afastam em confusão, colidem e quebram-se em pedaços, uns contra os outros. Alguns afundam e tentam afundar os outros. Muitas das pequenas embarcações que lutaram galantemente pelo Papa correm a prender-se às colunas. Outras, que se haviam mantido à distância, por medo da batalha, observam cautelosamente de longe; assim que os escombros dos navios afundados são dispersados pelos redemoinhos do mar, elas se aventuram a rumar para as duas colunas, e alcançando-as, fazem-se prender aos ganchos que delas pendem, para se porem a salvo, à sombra do navio principal, onde está o Papa. Reina sobre o mar uma grande calma.”
Impossível não lembrar aqui das palavras do Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, quando na homilia da Santa Missa do próprio conclave que o elegeu Papa, ele denunciava as grandes ideologias que são as adversárias da Santa Igreja na nossa sociedade, usando exatamente o exemplo da barca:
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamento... A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi não raro agitada por estas ondas – lançada dum extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até ao ponto de chegar à libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Todos os dias nascem novas seitas e cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é freqüentemente catalogado como fundamentalismo, ao passo que o relativismo, isto é, o deixar-se levar ao sabor de qualquer vento de doutrina, aparece como a única atitude à altura dos tempos atuais. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio “eu” e os seus apetites.”
Nesta batalha da visão de Dom Bosco, o Papa é quem conduz a barca, e ele é quem mais é perseguido pelos adversários da Santa Igreja. Algo que lembra a visão da Beata Jacinta, uma das três crianças que viu a Santíssima Virgem em Fátima:
"Eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos diante de uma mesa, com as mãos no rosto a chorar; fora da casa estava muita gente e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre, temos que pedir muito por ele!”
Na visão de Dom Bosco, é quando a Barca da Santa Igreja é conduzida pelo Papa até as colunas da Eucaristia e da Santíssima Virgem que ela alcança a vitória, e a paz reina!
4. O Dogma
Têm se tornado cada vez mais conhecidas as aparições da Santíssima Virgem em Amsterdan, na Holanda, de 1945 a 1972, a Ida Peerdeman (1905-1996). A Virgem se apresentou como “Senhora de Todos os Povos”, e o Bispo da diocese de Haarleu Amsterdam, Henrik Bonners, e o seu auxiliar, Josef Punt, autorizaram oficialmente publicamente a devoção, no dia dia 3 de maio de 1996.
A Virgem pediu que pintasse um quadro dela, em frente a cruz, sobre um globo.
Nesta aparição de Amsterdan, a Santíssima Virgem disse, entre outras coisas:
“Façam penitência. O mundo não será salvo pela força, mas sim através do Espírito.”
“Querem expulsar a prática da religião. Isto será feito com tanta sutileza, que quase ninguém notará”
“Virá um tempo de inquietação e turbulência: Humanismo, paganismo, descrença; serpentes que tentarão dominar o mundo”.
“O tempo chegou. O Espírito Santo deve vir sobre a terra, sobre os povos”.
“Antes de mais nada voltai para Ele (Deus), somente depois virá a verdadeira paz”.
“Que seja definido o dogma mariano de Co-Redentora, Medianeira e Advogada.”
No falecimento de Ida em 1996, o Bispo Dom Henrik Bomers esteve presente, e falou sobre ela:
“Era e permaneceu até a morte uma senhora completamente sóbria e teve sempre uma grande relutância na glorificação à sua pessoa. Ela era absolutamente sincera e disse a verdade sobre tudo aquilo que ouviu.”
Também o Cardeal Stickler, reconhecido pela sua fidelidade a doutrina católica, em uma carta aos participantes do encontro em Amterdã de 13 de Maio de 1997, dizia:
“Considero um grande dom as aparições que houve em Amsterdã desde 1945. À vidente Ida foi relevado sobretudo a Vontade de Deus venerar Maria, Sua Mãe, como Co-Redentora, Medianeira e Advogada. Nossa Senhora anuncia que o Santo Padre deve proclamar estes títulos como Dogma para a renovação da Igreja e de toda a humanidade no Espírito Santo. A Igreja deveria submeter estas mensagens a sério exame à luz dos acontecimentos que se verificaram na Igreja e no mundo nestes 50 anos: uma impensável crise de fé e da moral, da política e da economia. Quando a Senhora de Todos os Povos veio a Amsterdã em 1945, ninguém podia imaginar em que medida seriam realizadas estas profecias.”
Com efeito, há um significativo número de teólogos que defende hoje a proclamação deste 5º Dogma Mariano (Co-Redentora, Medianeira e Advogada), que são títulos já mencionados com veneração no Magistério Ordenado de Papas e santos canonizados, como Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Santa Igreja, e São Luis Maria Montfort e que que completariam os outros 4 (Mãe de Deus, Imaculada Conceição, Virgindade Perpétua e Gloriosa Assunção).
As citações acima, de Dom Henrik Borners e do Cardeal Sitincker, podem ser encontradas no livro “Aparições de Nossa Senhora”, de Ernersto N. Roman, Paulus, 6ª Ed, p. 82)
Em tempo: a imagem da Virgem que em Akita, no Japão, em 1973, verteu lágrimas de sangue 101 vezes, era esculpidade em madeira e era exatamente esta, da "Senhora de todos os povos", segunda a devoção que surgiu em Amsterdan em torno da aparição que falamos; em 1988, o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento e na época Prefeiro da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé, declarou os fenômenos de Akita como dignos de credibilidade.
5. O Triunfo
Todos esses fatos nos levam a expectativa do grande Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem. Ela prometeu em Fátima (1917):
“Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz".
Também a Santíssima Virgem falou sobre o mesmo assunto em La Salette (França, 1846), em aparição oficialmente reconhecida pela Santa Igreja, e a respeito da qual o saudoso Papa João Paulo II declarou:
“Neste lugar, Maria, a mãe sempre amorosa, mostrou sua dor pelo mal moral causado pela humanidade. Suas lágrimas nos ajudam a entender a gravidade do pecado e a rejeição a Deus, enquanto manifestam ao mesmo tempo a apaixonada fidelidade que Seu Filho mantém com relação a cada pessoa, embora Seu amor redentor esteja marcado com as feridas da traição e do abandono dos homens.”
Nesta aparição de La Salete, disse a Virgem:
“Será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda a parte. Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, que será forte, humilde e piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. O Evangelho será pregado por toda a parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os obreiros de Jesus Cristo e porque os homens viverão no temor de Deus.”
É o que anunciam expressamente também dois santos marianos, canonizados pela Santa Igreja: São Luis Maria Montfort e São Maximiliano Kolbe.
São Maximiliano Kolbe, mártir pelas mãos do totalitarismo nazista, fundou a Milícia da Imaculada visando “a instauração do misericordiosíssimo Reino da Imaculada sobre a terra.” E vivendo no século XX, anunciou:
“Vivemos numa época que poderia ser chamada o início da era da Imaculada. Sob o seu estandarte haverá de combater-se uma grande batalha e haveremos de hastear as suas bandeiras sobre as fortalezas do rei das trevas.”
No maravilhoso “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de São Luis Maria Montfort (o livro que levou o saudoso Papa João Paulo II a se consagrar a Santíssima Virgem), o santo afirma:
“Quanto, portanto, e é certo, o conhecimento e o Reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma consequência necessária do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela o deu ao mundo a primeira vez, e também da segundo, o fará resplandecer.” (n.13)
E ainda:
“Nesses últimos tempos, Maria deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça. Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão ao seio da Igreja católica; em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por seus interesses.” (n. 50)
Assim São Luis Montfort exclama:
“Ah! Quando virá este tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus? Quando chegará o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino. Ut adveniat regunum tuum, adveniat regnum Mariae. Sim, querido irmão, quando chegará esse tempo feliz, essa era de Maria, em que muitas eleitas que terá obtido do Altíssimo, mergulharão voluntariamente no abismo das suas próprias entranhas, tornando-se cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo?”
Esta devoção que São Luis Montfort mencionada não é outa senão a prática da consagração perfeita a Santíssima Virgem que ela ensina no Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, e foi por meio desta consagração que o Papa João Paulo II se entregou inteiramente a Virgem, sob o lema Totus Tuus.
O mesmo tema do Triunfo da Santíssima Virgem, que será também o triunfo de Nosso Senhor, parece ser retomado por outros santos canonizados e místicos católicos, como Santa Catarina de Sena, doutora da Santa Igreja (1380):
“Deus purificará a Santa Igreja por um meio que foge a toda previsão humana, e haverá uma reforma perfeita na Santa Igreja de Deus e uma renovação muito feliz dos santos pastores que, quando penso, meu coração estremece no Senhor. As nações estranhas à Igreja se converterão ao verdadeiro Pastor.”
Na mesma linha, fala São Cesário de Arles (470-542):
“Haverá um Grande Papa, que será mais eminente em santidade e mais perfeito em todas as qualidades. O Papa estará ao lado do Grande Monarca, um homem cheio de virtudes, que será o rebento da santidade dos reis franceses. O Grande Monarca ajudará o Papa na reformulação de toda a terra. Muitos príncipes e nações que estão vivendo no erro e impiedade serão convertidos e uma paz admirável reinará entre a humanidade durante muitos anos, porque a ira de Deus será apaziguada através do arrependimento, penitência e boas obras. Haverá uma lei comum, uma fé comum, um batismo, uma religião. Todas as nações reconhecerão a Santa Sé de Roma, e prestarão homenagens ao Papa.”
Também a Beata Ana Maria Taiji (1769-1837):
“A Cristandade se espalhará por todo o mundo. (...) Estas conversões serão incríveis. Aqueles que sobreviverem se conduzirão bem. Haverá inúmeras conversões de hereges, que voltarão para a Igreja; todos notarão a conduta edificante de suas vidas, assim como todos os outros Católicos. A Rússia, a Inglaterra e a China irão para a Igreja e o povo estará em júbilo contemplando o triunfo espetacular da Igreja.”
Em uma oração dirigida ao Espírito Santo, diz São Luis Maria Montfort:
“Quando virá esse dilúvio de fogo do puro amor, que deveis atear em toda a terra de um modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, os idólatras, e os próprios judeus hão de arder nele e converter-se?” (Prece de São Luis Montfort pedindo a Deus missionários para a Companhia de Maria)
Que estas palavras sejam a nossa expectativa e a nossa oração, junto com as palavras de João Paulo II:
“Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.”
Apostolado Reino da Virgem Mãe de Deus - 13 de Abril de 2010, memória litúrgica de Santo Hermenegildo, mártir da Eucaristia
1. Introdução
O saudoso Papa João Paulo II, tão presente na vida de todos nós, é o “Papa de Maria”. Ele se consagrou inteiramente a ela, Ela sob o lema “Totus Tuus” (“Todo Teu”).
E no Grande Jubileu do ano 2000, o saudoso Papa João Paulo II consagrou o Terceiro Milênio a Santíssima Virgem. Nessa ocasião, ele fez publicamente esta oração:
“Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.”
Vivemos, de fato, em um período de caos social, nas ruínas de uma sociedade destruída pela revoluções liberais e totalitárias dos últimos séculos.
Mas, voltando nossos olhos para o mundo espiritual, temos a consoladora expectativa do cumprimento da promessa da Santíssima Virgem em suas aparições de Fátima (1917), quando disse: “Por fim o Meu Coração Imaculado Triunfará!”
E alguns fatos, à partir das experiências dos santos canonizados, Papas e místicos católicos, nos concedem mais luz para compreender este momento.
2. O século
Há uma conhecida visão que o Papa Leão XIII teve no dia 13 de Outubro de 1884. O padre Domingo Pechenino, em "Ephemerides Liturgicae", n° 69 (1955), pp. 58-59, relata.
Viu ele Satanás travando um diálogo com Deus. Satanás dizia: “Eu posso destruir a Igreja e arrastar a humanidade toda para o inferno. Mas para isto preciso de mais tempo e mais poder.” Uma voz doce responde: “Quanto tempo e quanto poder?” Retruca o Demônio: “De 75 a 100 anos, e mais poder sobre os que se põem ao meu serviço.”
Deus responde: “Pois tens esse tempo.”
Algo que naturalmente nos recorda da provação de Jó, no Antigo Testamento, onde Deus permite que ele seja provado por Satanás, em prol de um bem maior (Jó 1, 6-12).
Foi imediatamente após esta visãa que o Papa Leão XIII escreveu aquela conhecida oração a São Miguel Arcanjo, para ser rezada no final de todas as Missas. A oração é a seguinte:
"São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, insistentemente pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo, para perder as almas. Amém".
Talvez o Papa tenha feito isso lembrando do que escreveu, já no Antigo Testamento, o Profeta Daniel: “Naquele tempo, surgirá Miguel, o protetor dos filhos do seu povo.” (Daniel 12,1)
3. As colunas
Na mesma época, um santo canonizado pela Igreja, São João Bosco, teve um sonho onde a Santa Igreja era atacada. Dom Bosco via a Barca da Igreja, em meio ao mar, sendo conduzida pelo Papa, em uma grande batalha com as barcas inimigas.
Em meio ao mar, havia duas colunas, que assim ele descreve:
"No meio da imensa extensão do mar elevavam-se acima das ondas duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra. Sobre uma delas havia a estátua da Virgem Imaculada, em cujos pés pendia um longo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxílio dos Cristãos). Sobre a outra, que era muito mais alta e mais grossa, havia uma Hóstia de grandeza proporcional à coluna, e debaixo um outro cartaz com as palavras: Salus Credentium (Salvação dos que crêem)."
Dom Bosco continua descrevendo a visão:
“O Papa cai gravemente ferido. Imediatamente, os que estão com ele o ajudam e o levantam. Uma segunda vez, o Papa é atingido; ele cai de novo e morre. Um grito de júbilo e vitória irrompe dentre os inimigos; de seus navios eleva-se uma indizível zombaria. Mas assim que o Pontífice cai, um outro assume o seu lugar. Os pilotos, tendo-se reunido, elegeram outro tão prontamente que, com a notícia da morte do anterior já se apresentam as boas novas da eleição do sucessor. Os adversários começam a perder a coragem.
O novo Papa, pondo o inimigo em fuga e superando todos os obstáculos, guia o navio diretamente às duas colunas e consegue descansar entre elas. Ele ancora o seu navio à coluna encimada pela Hóstia, prendendo uma corrente leve que sai da proa a uma âncora presa à coluna; uma outra corrente leve presa à popa é atracada a uma âncora que pende da coluna sobre a qual está a Virgem Maria.
Neste ponto, inicia-se uma grande convulsão. Todos os navios que estiveram até então em luta contra o navio do Papa são dispersados; eles se afastam em confusão, colidem e quebram-se em pedaços, uns contra os outros. Alguns afundam e tentam afundar os outros. Muitas das pequenas embarcações que lutaram galantemente pelo Papa correm a prender-se às colunas. Outras, que se haviam mantido à distância, por medo da batalha, observam cautelosamente de longe; assim que os escombros dos navios afundados são dispersados pelos redemoinhos do mar, elas se aventuram a rumar para as duas colunas, e alcançando-as, fazem-se prender aos ganchos que delas pendem, para se porem a salvo, à sombra do navio principal, onde está o Papa. Reina sobre o mar uma grande calma.”
Impossível não lembrar aqui das palavras do Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, quando na homilia da Santa Missa do próprio conclave que o elegeu Papa, ele denunciava as grandes ideologias que são as adversárias da Santa Igreja na nossa sociedade, usando exatamente o exemplo da barca:
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamento... A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi não raro agitada por estas ondas – lançada dum extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até ao ponto de chegar à libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Todos os dias nascem novas seitas e cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é freqüentemente catalogado como fundamentalismo, ao passo que o relativismo, isto é, o deixar-se levar ao sabor de qualquer vento de doutrina, aparece como a única atitude à altura dos tempos atuais. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio “eu” e os seus apetites.”
Nesta batalha da visão de Dom Bosco, o Papa é quem conduz a barca, e ele é quem mais é perseguido pelos adversários da Santa Igreja. Algo que lembra a visão da Beata Jacinta, uma das três crianças que viu a Santíssima Virgem em Fátima:
"Eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos diante de uma mesa, com as mãos no rosto a chorar; fora da casa estava muita gente e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre, temos que pedir muito por ele!”
Na visão de Dom Bosco, é quando a Barca da Santa Igreja é conduzida pelo Papa até as colunas da Eucaristia e da Santíssima Virgem que ela alcança a vitória, e a paz reina!
4. O Dogma
Têm se tornado cada vez mais conhecidas as aparições da Santíssima Virgem em Amsterdan, na Holanda, de 1945 a 1972, a Ida Peerdeman (1905-1996). A Virgem se apresentou como “Senhora de Todos os Povos”, e o Bispo da diocese de Haarleu Amsterdam, Henrik Bonners, e o seu auxiliar, Josef Punt, autorizaram oficialmente publicamente a devoção, no dia dia 3 de maio de 1996.
A Virgem pediu que pintasse um quadro dela, em frente a cruz, sobre um globo.
Nesta aparição de Amsterdan, a Santíssima Virgem disse, entre outras coisas:
“Façam penitência. O mundo não será salvo pela força, mas sim através do Espírito.”
“Querem expulsar a prática da religião. Isto será feito com tanta sutileza, que quase ninguém notará”
“Virá um tempo de inquietação e turbulência: Humanismo, paganismo, descrença; serpentes que tentarão dominar o mundo”.
“O tempo chegou. O Espírito Santo deve vir sobre a terra, sobre os povos”.
“Antes de mais nada voltai para Ele (Deus), somente depois virá a verdadeira paz”.
“Que seja definido o dogma mariano de Co-Redentora, Medianeira e Advogada.”
No falecimento de Ida em 1996, o Bispo Dom Henrik Bomers esteve presente, e falou sobre ela:
“Era e permaneceu até a morte uma senhora completamente sóbria e teve sempre uma grande relutância na glorificação à sua pessoa. Ela era absolutamente sincera e disse a verdade sobre tudo aquilo que ouviu.”
Também o Cardeal Stickler, reconhecido pela sua fidelidade a doutrina católica, em uma carta aos participantes do encontro em Amterdã de 13 de Maio de 1997, dizia:
“Considero um grande dom as aparições que houve em Amsterdã desde 1945. À vidente Ida foi relevado sobretudo a Vontade de Deus venerar Maria, Sua Mãe, como Co-Redentora, Medianeira e Advogada. Nossa Senhora anuncia que o Santo Padre deve proclamar estes títulos como Dogma para a renovação da Igreja e de toda a humanidade no Espírito Santo. A Igreja deveria submeter estas mensagens a sério exame à luz dos acontecimentos que se verificaram na Igreja e no mundo nestes 50 anos: uma impensável crise de fé e da moral, da política e da economia. Quando a Senhora de Todos os Povos veio a Amsterdã em 1945, ninguém podia imaginar em que medida seriam realizadas estas profecias.”
Com efeito, há um significativo número de teólogos que defende hoje a proclamação deste 5º Dogma Mariano (Co-Redentora, Medianeira e Advogada), que são títulos já mencionados com veneração no Magistério Ordenado de Papas e santos canonizados, como Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Santa Igreja, e São Luis Maria Montfort e que que completariam os outros 4 (Mãe de Deus, Imaculada Conceição, Virgindade Perpétua e Gloriosa Assunção).
As citações acima, de Dom Henrik Borners e do Cardeal Sitincker, podem ser encontradas no livro “Aparições de Nossa Senhora”, de Ernersto N. Roman, Paulus, 6ª Ed, p. 82)
Em tempo: a imagem da Virgem que em Akita, no Japão, em 1973, verteu lágrimas de sangue 101 vezes, era esculpidade em madeira e era exatamente esta, da "Senhora de todos os povos", segunda a devoção que surgiu em Amsterdan em torno da aparição que falamos; em 1988, o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento e na época Prefeiro da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé, declarou os fenômenos de Akita como dignos de credibilidade.
5. O Triunfo
Todos esses fatos nos levam a expectativa do grande Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem. Ela prometeu em Fátima (1917):
“Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz".
Também a Santíssima Virgem falou sobre o mesmo assunto em La Salette (França, 1846), em aparição oficialmente reconhecida pela Santa Igreja, e a respeito da qual o saudoso Papa João Paulo II declarou:
“Neste lugar, Maria, a mãe sempre amorosa, mostrou sua dor pelo mal moral causado pela humanidade. Suas lágrimas nos ajudam a entender a gravidade do pecado e a rejeição a Deus, enquanto manifestam ao mesmo tempo a apaixonada fidelidade que Seu Filho mantém com relação a cada pessoa, embora Seu amor redentor esteja marcado com as feridas da traição e do abandono dos homens.”
Nesta aparição de La Salete, disse a Virgem:
“Será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda a parte. Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, que será forte, humilde e piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. O Evangelho será pregado por toda a parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os obreiros de Jesus Cristo e porque os homens viverão no temor de Deus.”
É o que anunciam expressamente também dois santos marianos, canonizados pela Santa Igreja: São Luis Maria Montfort e São Maximiliano Kolbe.
São Maximiliano Kolbe, mártir pelas mãos do totalitarismo nazista, fundou a Milícia da Imaculada visando “a instauração do misericordiosíssimo Reino da Imaculada sobre a terra.” E vivendo no século XX, anunciou:
“Vivemos numa época que poderia ser chamada o início da era da Imaculada. Sob o seu estandarte haverá de combater-se uma grande batalha e haveremos de hastear as suas bandeiras sobre as fortalezas do rei das trevas.”
No maravilhoso “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de São Luis Maria Montfort (o livro que levou o saudoso Papa João Paulo II a se consagrar a Santíssima Virgem), o santo afirma:
“Quanto, portanto, e é certo, o conhecimento e o Reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma consequência necessária do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela o deu ao mundo a primeira vez, e também da segundo, o fará resplandecer.” (n.13)
E ainda:
“Nesses últimos tempos, Maria deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça. Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão ao seio da Igreja católica; em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por seus interesses.” (n. 50)
Assim São Luis Montfort exclama:
“Ah! Quando virá este tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus? Quando chegará o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino. Ut adveniat regunum tuum, adveniat regnum Mariae. Sim, querido irmão, quando chegará esse tempo feliz, essa era de Maria, em que muitas eleitas que terá obtido do Altíssimo, mergulharão voluntariamente no abismo das suas próprias entranhas, tornando-se cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo?”
Esta devoção que São Luis Montfort mencionada não é outa senão a prática da consagração perfeita a Santíssima Virgem que ela ensina no Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, e foi por meio desta consagração que o Papa João Paulo II se entregou inteiramente a Virgem, sob o lema Totus Tuus.
O mesmo tema do Triunfo da Santíssima Virgem, que será também o triunfo de Nosso Senhor, parece ser retomado por outros santos canonizados e místicos católicos, como Santa Catarina de Sena, doutora da Santa Igreja (1380):
“Deus purificará a Santa Igreja por um meio que foge a toda previsão humana, e haverá uma reforma perfeita na Santa Igreja de Deus e uma renovação muito feliz dos santos pastores que, quando penso, meu coração estremece no Senhor. As nações estranhas à Igreja se converterão ao verdadeiro Pastor.”
Na mesma linha, fala São Cesário de Arles (470-542):
“Haverá um Grande Papa, que será mais eminente em santidade e mais perfeito em todas as qualidades. O Papa estará ao lado do Grande Monarca, um homem cheio de virtudes, que será o rebento da santidade dos reis franceses. O Grande Monarca ajudará o Papa na reformulação de toda a terra. Muitos príncipes e nações que estão vivendo no erro e impiedade serão convertidos e uma paz admirável reinará entre a humanidade durante muitos anos, porque a ira de Deus será apaziguada através do arrependimento, penitência e boas obras. Haverá uma lei comum, uma fé comum, um batismo, uma religião. Todas as nações reconhecerão a Santa Sé de Roma, e prestarão homenagens ao Papa.”
Também a Beata Ana Maria Taiji (1769-1837):
“A Cristandade se espalhará por todo o mundo. (...) Estas conversões serão incríveis. Aqueles que sobreviverem se conduzirão bem. Haverá inúmeras conversões de hereges, que voltarão para a Igreja; todos notarão a conduta edificante de suas vidas, assim como todos os outros Católicos. A Rússia, a Inglaterra e a China irão para a Igreja e o povo estará em júbilo contemplando o triunfo espetacular da Igreja.”
Em uma oração dirigida ao Espírito Santo, diz São Luis Maria Montfort:
“Quando virá esse dilúvio de fogo do puro amor, que deveis atear em toda a terra de um modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, os idólatras, e os próprios judeus hão de arder nele e converter-se?” (Prece de São Luis Montfort pedindo a Deus missionários para a Companhia de Maria)
Que estas palavras sejam a nossa expectativa e a nossa oração, junto com as palavras de João Paulo II:
“Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.”
sábado, 14 de maio de 2011
Igreja e Marçonaria
Desde o Papa Clemente XII, com a Constituição Apostólica "In eminenti", de 28 de abril de 1738 até nossos dias, a Igreja tem proibido aos fiéis a adesão à Maçonaria ou associações maçônicas. Após o Concílio Vaticano II, houve quem levantasse a possibilidade de o católico, conservando a sua identidade, ingressar na Maçonaria. Igualmente, se questionou a qual entidade se aplicava o interdito, pois há várias correntes: se à anglo-saxônica ou à franco-maçonaria, a atéia e a deísta, anti-clerical ou de tendência católica. Para superar essa interrogação, o Documento da Congregação para a Doutrina da Fé, com data de 26 de novembro de 1983, e que trata da atitude oficial da Igreja frente à Maçonaria, utiliza a expressão "associações maçônicas", sem distinguir uma das outras. É vedado a todos nós, eclesiásticos ou leigos, ingressar nessa organização e quem o fizer, está "em estado de pecado grave e não pode aproximar-se da Sagrada Comunhão". Entretanto, quem a elas se associar de boa fé e ignorando penalidades, não pecou gravemente. Permanecer após tomar conhecimento da posição da Igreja, seria formalizar o ato de desobediência em matéria grave.
A Congregação, no mesmo Documento de 26 de novembro de 1983, declara que "não compete às autoridades eclesiásticas locais (Conferência Episcopal, Bispos, párocos, sacerdotes, religiosos) pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas, com um juízo que implique derrogação do quanto acima estabelecido". O texto faz referência à Declaração de 17 de fevereiro de 1981, que reservava à Sé Apostólica qualquer pronunciamento que implicasse em derrogação da lei canônica em vigor. Tratava-se do cânon 2335 do Código de Direito Canônico de 1917, que previa excomunhão "ipso facto" a quem ingressasse na Maçonaria.
Reconhecer uma incompatibilidade doutrinária não implica fomentar um clima de hostilidade. Preservar a própria identidade e defendê-la, não significa incentivar atritos. Aliás, somente o respeito à Verdade facilita a paz e a busca da concórdia entre os indivíduos.
O novo Código de Direito Canônico assim se expressa: "Quem se inscreve em alguma associação que conspira contra a Igreja, seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações, seja punido com interdito" (cânon 1374). No dia seguinte à entrada em vigor do novo Código, isto é, 26 de novembro, é publicada a citada Declaração com a aprovação do Santo Padre. Diz o Documento que a Maçonaria não vem expressamente citada por um critério redacional e acrescenta: "Permanece, portanto, inalterado o parecer negativo da Igreja, a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas".
Em 1997, a Livraria do Vaticano editou uma obra intitulada "A Maçonaria nas disposições do Código de Direito Canônico de 1917 e de 1983", de autoria de Zbigniew Suchecki. O sucesso levou à tradução para o italiano de outro livro do mesmo autor.
Eu fazia parte da Comissão do novo Código, na parte final da elaboração. Recordo-me bem. Houve uma emenda para fazer permanecer, de modo explícito, a condenação à Maçonaria, como foi obtido para o aborto, com excomunhão "latae sententiae". A votação, no caso do abortamento, alcançou os dois terços requeridos e foi incluído o termo. No que se refere à Maçonaria, houve maioria em favor da explicitação da mesma associação, mas não com o índice requerido. Nos debates prévios foi alegado não ser necessário, pois o texto já continha uma proibição implícita.
Dom Boaventura Kloppenburg, em sua obra "Igreja e Maçonaria: conciliação possível?" recentemente reeditado em 4ª edição pela "Vozes", trata profusamente deste assunto, no capítulo "Dos princípios do liberalismo religioso à maçonaria brasileira". E no capítulo XI, "O Maçom perante a Igreja católica", "As razões da condenação da Maçonaria", "Frontal oposição de doutrinas". Outra obra recém-publicada pela Editora "Santuário" é "Maçonaria e Igreja católica", de Dom João Evangelista Martins Terra.
Permanecendo a proibição no ensinamento da Igreja, houve nesse período pós-conciliar uma profunda modificação no relacionamento entre pessoas, entre católicos e maçons. Embora permanecendo separadas, existe um clima de respeito mútuo que permite um diálogo. O exemplo foi o aparecimento de reuniões entre católicos e maçons para estudo como o de uma Comissão das Grandes Lojas reunidas da Alemanha e a Conferência Episcopal Alemã, de 1974 a 1980. A Declaração final do Episcopado alemão evidencia a incompatibilidade, pois a maçonaria não mudou em sua essência. A pesquisa acurada sobre rituais e os fundamentos dessa instituição demonstra a existência de doutrinas que se excluem. Entre as causas dessa separação, enumera: a ideologia dos maçons, o conceito de Verdade, de Religião, de Deus, a Revelação, sobre a tolerância, os ritos, a perfeição do homem e a espiritualidade. De outro lado, a realidade alemã vê a possibilidade de colaboração pastoral na área da Justiça Social e Direitos Humanos.
O fato de existirem eclesiásticos na maçonaria prova que há falhas na disciplina. São dadas explicações, não justificativas, baseadas em situações históricas, como no caso da Independência do Brasil. Dom Boaventura Kloppenburg, em sua obra examina o assunto e o reduz a dimensões reais. O respeito mútuo e a fidelidade aos ensinamentos da Igreja nos possibilitam uma convivência pacífica com os maçons.
A Congregação, no mesmo Documento de 26 de novembro de 1983, declara que "não compete às autoridades eclesiásticas locais (Conferência Episcopal, Bispos, párocos, sacerdotes, religiosos) pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas, com um juízo que implique derrogação do quanto acima estabelecido". O texto faz referência à Declaração de 17 de fevereiro de 1981, que reservava à Sé Apostólica qualquer pronunciamento que implicasse em derrogação da lei canônica em vigor. Tratava-se do cânon 2335 do Código de Direito Canônico de 1917, que previa excomunhão "ipso facto" a quem ingressasse na Maçonaria.
Reconhecer uma incompatibilidade doutrinária não implica fomentar um clima de hostilidade. Preservar a própria identidade e defendê-la, não significa incentivar atritos. Aliás, somente o respeito à Verdade facilita a paz e a busca da concórdia entre os indivíduos.
O novo Código de Direito Canônico assim se expressa: "Quem se inscreve em alguma associação que conspira contra a Igreja, seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações, seja punido com interdito" (cânon 1374). No dia seguinte à entrada em vigor do novo Código, isto é, 26 de novembro, é publicada a citada Declaração com a aprovação do Santo Padre. Diz o Documento que a Maçonaria não vem expressamente citada por um critério redacional e acrescenta: "Permanece, portanto, inalterado o parecer negativo da Igreja, a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas".
Em 1997, a Livraria do Vaticano editou uma obra intitulada "A Maçonaria nas disposições do Código de Direito Canônico de 1917 e de 1983", de autoria de Zbigniew Suchecki. O sucesso levou à tradução para o italiano de outro livro do mesmo autor.
Eu fazia parte da Comissão do novo Código, na parte final da elaboração. Recordo-me bem. Houve uma emenda para fazer permanecer, de modo explícito, a condenação à Maçonaria, como foi obtido para o aborto, com excomunhão "latae sententiae". A votação, no caso do abortamento, alcançou os dois terços requeridos e foi incluído o termo. No que se refere à Maçonaria, houve maioria em favor da explicitação da mesma associação, mas não com o índice requerido. Nos debates prévios foi alegado não ser necessário, pois o texto já continha uma proibição implícita.
Dom Boaventura Kloppenburg, em sua obra "Igreja e Maçonaria: conciliação possível?" recentemente reeditado em 4ª edição pela "Vozes", trata profusamente deste assunto, no capítulo "Dos princípios do liberalismo religioso à maçonaria brasileira". E no capítulo XI, "O Maçom perante a Igreja católica", "As razões da condenação da Maçonaria", "Frontal oposição de doutrinas". Outra obra recém-publicada pela Editora "Santuário" é "Maçonaria e Igreja católica", de Dom João Evangelista Martins Terra.
Permanecendo a proibição no ensinamento da Igreja, houve nesse período pós-conciliar uma profunda modificação no relacionamento entre pessoas, entre católicos e maçons. Embora permanecendo separadas, existe um clima de respeito mútuo que permite um diálogo. O exemplo foi o aparecimento de reuniões entre católicos e maçons para estudo como o de uma Comissão das Grandes Lojas reunidas da Alemanha e a Conferência Episcopal Alemã, de 1974 a 1980. A Declaração final do Episcopado alemão evidencia a incompatibilidade, pois a maçonaria não mudou em sua essência. A pesquisa acurada sobre rituais e os fundamentos dessa instituição demonstra a existência de doutrinas que se excluem. Entre as causas dessa separação, enumera: a ideologia dos maçons, o conceito de Verdade, de Religião, de Deus, a Revelação, sobre a tolerância, os ritos, a perfeição do homem e a espiritualidade. De outro lado, a realidade alemã vê a possibilidade de colaboração pastoral na área da Justiça Social e Direitos Humanos.
O fato de existirem eclesiásticos na maçonaria prova que há falhas na disciplina. São dadas explicações, não justificativas, baseadas em situações históricas, como no caso da Independência do Brasil. Dom Boaventura Kloppenburg, em sua obra examina o assunto e o reduz a dimensões reais. O respeito mútuo e a fidelidade aos ensinamentos da Igreja nos possibilitam uma convivência pacífica com os maçons.
A arrogância de um judiciário que esnoba a sociedade .
Caro Internauta, semana passada o Supremo Tribunal Federal, num flagrante ato de arrogância, desmoralizou o Poder Legislativo e o povo brasileiro, aprovando por ideológica unanimidade o reconhecimento civil das uniões homossexuais. Tal decisão é grave por vários motivos:
1. Pelo reto ordenamento, a alteração da Constituição compete somente ao Poder Legislativo. Ao Judiciário cabe vigiar pela aplicação plena das leis, sobretudo da Constituição Federal. Ontem, passando por cima do artigo 226 da nossa Carta, o STF jogou na lata do lixo o texto que ele tem por precípua competência salvaguardar! Não se constrói democracia enfraquecendo instituições ou extrapolando competências. Ontem, vergonhosamente, o STF julgou-se no direito de legislar...
2. Quem poderia introduzir mudanças no artigo 226 da Constituição, alterando a definição de família? Somente o Congresso Nacional, que representa o pensar do povo brasileiro. É importante compreender isto: o Legislativo representa o povo e delibera em seu nome (de modo ainda mais específico: os deputados representam o povo brasileiro e os senadores representam os estados da Federação). A confecção e alteração das leis dependem, portanto, do querer da sociedade, da vontade do povo, de quem emana todo poder numa democracia verdadeiramente madura. O Judiciário não representa o povo nem tem compromisso direto com o povo: seu compromisso é com a salvaguarda de lei, sobretudo dos preceitos constitucionais. Com a aberração de ontem, o Supremo passou por cima do sentir do povo brasileiro e de seus legítimos representantes. Sem legitimidade alguma, de modo autoritário e arrogante, a Corte Maior, sem ouvir o povo brasileiro – que não é sua competência – julgando-se iluminada por um saber vindo de preconceitos laicistas e de uma visão imanentista totalmente estranha à imensa maioria do nosso povo, arvorou-se no direito de ser luz para os ignorantes congressistas e para o obtuso povo brasileiro. O ato de ontem merece todo o repúdio de quem ama a liberdade e a democracia. Os togados de Brasília julgaramm-se acima da sociedade, do povo, do bem e do mal e de Deus! Numa corte suprema agindo assim, nossa democracia torna-se menor. Já foi tutelada pelos militares truculentos, por um Executivo ditatorial e, agora, por um Judiciário autossuficiente, que se julga luz da sociedade!
3. Agora, entremos no mérito da questão da união homossexual reconhecida como família. A Igreja não é contra os homossexuais. Também não é contra o direito de duas pessoas do mesmo sexo viverem maritalmente. Cada um faz o que deseja da sua própria vida. Mas a Igreja tem o direito e o dever de afirmar claramente aos seus fieis o que é segundo a vontade de Deus e o que é contrário ao seu desígnio. Segundo a revelação divina, somente a relação marital entre homem e mulher faz parte do plano de Deus e é segundo a sua vontade. A vivência marital entre duas pessoas do mesmo sexo é pecado. A Igreja orienta; cada um faça como deseja... Por que, então, a Igreja se opõe à legalização da união homossexual como família? Porque isto destrói o conceito de família: se tudo é família, nada mais é família; seu conceito, sua realidade, ficam totalmente diluídos! Há muitos modos corretos e aceitáveis de promover os legítimos direitos das pessoas homossexuais! A decisão do STF não é motivada pela serena busca do respeito aos direitos humanos, mas pelos cânones ideológicos do politicamente correto. É só. E isto é muito grave!
* o autor é Bispo de Aracaju - SE.
Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br/
1. Pelo reto ordenamento, a alteração da Constituição compete somente ao Poder Legislativo. Ao Judiciário cabe vigiar pela aplicação plena das leis, sobretudo da Constituição Federal. Ontem, passando por cima do artigo 226 da nossa Carta, o STF jogou na lata do lixo o texto que ele tem por precípua competência salvaguardar! Não se constrói democracia enfraquecendo instituições ou extrapolando competências. Ontem, vergonhosamente, o STF julgou-se no direito de legislar...
2. Quem poderia introduzir mudanças no artigo 226 da Constituição, alterando a definição de família? Somente o Congresso Nacional, que representa o pensar do povo brasileiro. É importante compreender isto: o Legislativo representa o povo e delibera em seu nome (de modo ainda mais específico: os deputados representam o povo brasileiro e os senadores representam os estados da Federação). A confecção e alteração das leis dependem, portanto, do querer da sociedade, da vontade do povo, de quem emana todo poder numa democracia verdadeiramente madura. O Judiciário não representa o povo nem tem compromisso direto com o povo: seu compromisso é com a salvaguarda de lei, sobretudo dos preceitos constitucionais. Com a aberração de ontem, o Supremo passou por cima do sentir do povo brasileiro e de seus legítimos representantes. Sem legitimidade alguma, de modo autoritário e arrogante, a Corte Maior, sem ouvir o povo brasileiro – que não é sua competência – julgando-se iluminada por um saber vindo de preconceitos laicistas e de uma visão imanentista totalmente estranha à imensa maioria do nosso povo, arvorou-se no direito de ser luz para os ignorantes congressistas e para o obtuso povo brasileiro. O ato de ontem merece todo o repúdio de quem ama a liberdade e a democracia. Os togados de Brasília julgaramm-se acima da sociedade, do povo, do bem e do mal e de Deus! Numa corte suprema agindo assim, nossa democracia torna-se menor. Já foi tutelada pelos militares truculentos, por um Executivo ditatorial e, agora, por um Judiciário autossuficiente, que se julga luz da sociedade!
3. Agora, entremos no mérito da questão da união homossexual reconhecida como família. A Igreja não é contra os homossexuais. Também não é contra o direito de duas pessoas do mesmo sexo viverem maritalmente. Cada um faz o que deseja da sua própria vida. Mas a Igreja tem o direito e o dever de afirmar claramente aos seus fieis o que é segundo a vontade de Deus e o que é contrário ao seu desígnio. Segundo a revelação divina, somente a relação marital entre homem e mulher faz parte do plano de Deus e é segundo a sua vontade. A vivência marital entre duas pessoas do mesmo sexo é pecado. A Igreja orienta; cada um faça como deseja... Por que, então, a Igreja se opõe à legalização da união homossexual como família? Porque isto destrói o conceito de família: se tudo é família, nada mais é família; seu conceito, sua realidade, ficam totalmente diluídos! Há muitos modos corretos e aceitáveis de promover os legítimos direitos das pessoas homossexuais! A decisão do STF não é motivada pela serena busca do respeito aos direitos humanos, mas pelos cânones ideológicos do politicamente correto. É só. E isto é muito grave!
* o autor é Bispo de Aracaju - SE.
Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br/
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Teimam em gritar: a Teologia da Libertação está viva!
Segundo representantes a Teologia da Libertação (TL) ainda está viva como continuam as desigualdades da América Latina onde nasceu. Luis Carlos Susin, secretário-geral do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, disse que além de viva já está presente na África e na Ásia.
Mas Dom Odilio Scherer afirmou que "como todos os movimentos, (a Teologia) teve um momento de nascer, de crescer, de enfraquecer e de desaparecer".
"O próprio Vaticano sabe que perdeu a batalha. Os dois documentos de 1984 e 1986 não frearam o movimento. Ele nasceu ouvindo o grito dos oprimidos e hoje este grito se transformou em clamor", acrescentou Boff. Casaldáliga, um dos importantes representantes da TL disse que "acredito firmemente que a Teologia da Libertação continua viva em muitas cabeças, em muitos textos, em muitas comunidades", "tenho a convicção de que a Teologia está se renovando com novos preceitos. Agora, além dos pobres, a Igreja também assumiu a causa do negro, do índio, da mulher". Afirmou também que "a recente notificação do Vaticano a Jon Sobrino e a preparação da CELAM colocaram a Teologia de novo na primeira página. É possível que avancemos (em Aparecida) e afirmemos novamente, com toda clareza, com toda convicção e atendo-nos a todas as conseqüências, a Teologia da Libertação".
Segundo Susin "a notificação tem observações, mas não proíbe nada. Estamos interpretando isso da melhor forma possível, até mesmo como um convite ao diálogo".
O frade capuchinho afirmou que "temos uma expectativa de que possa haver um debate e parece que o Papa já disse, em duas ou três ocasiões, que é favorável a um debate teológico".
Porém Boff destacou que "tememos que, em Aparecida, o Papa renove suas advertências à Teologia (TL). Como cristãos, sempre respeitaremos a figura do Papa. Mas este Papa condenou mais de cem teólogos e escreveu textos duros, quase fundamentalistas, sobre igrejas e religiões, e cerceou as conferências episcopais progressistas. Por isso, é difícil amá-lo", disse ao G1.
Somente algumas observações:
1. Quando um movimento ou instituição teima em garantir que está vivo é porque morreu e virou fantasma. A Teologia da Libertação passou como produção criativa e original. Há dez anos atrás ninguém precisava bradar que ela estava viva; ela estava e era evidente. Basta! Hoje, ela é como uma serpente com a cabeça esmagada: o corpo se contorce, mas a vida já se foi... Muitas de suas idéias ficaram, algumas boas, a maioria, muito ruim: fechamento para a Transcendência, manipulação da Palavra de Deus, deturpação da doutrina da Igreja, utilização do cristianismo com fins ideológicos, messianismo político, idolatria da esquerda, concepção marxista da história, das relações de produção e das relações entre as classes.
2. Como sempre fizeram, os expoentes de tal Teologia usam falácias como nuvens de poeira. É o caso de Leonardo Boff, ao dizer que o Vaticano perdeu para a Teologia da Libertação. O "Vaticano" é, aqui, um modo depreciativo de dizer o Sucessor de Pedro, a quem os teólogos da libertação sempre menosprezaram... Também o Frei Susin, quer iludir, falando em convite do Vaticano para o diálogo com os teólogos da libertação. Os teólogos da libertação, em geral, não dialogam. Para haver diálogo é necessário sinceridade dos dois lados. Infelizmente, o diálogo dos teólogos de esquerda é somente no sentido de tirar proveito em nome da ideologia socialista...
3. A prova do mal que tal teologia fez é que nas dioceses nas quais ela vingou as vocações sacerdotais desapareceram e tais dioceses sobrevivem às custas de padres estrangeiros, adeptos dessa teologia secularizada e secularizante.
4. A Igreja permanecerá firme no caminho do Evangelho, que exige a opção preferencial pelos pobres, o cuidado com os injustiçados do mundo, e não tem nada a ver com PT, socialismo, luta de classes, secularização, etc. A Teologia da Libertação ficou para trás porque a Igreja, o mundo, a economia mundial, as prioridades e mentalidades mudaram... O problema das ideologias é precisamente o de não querer ver a realidade: Se a realidade não concorda com os meus pressupostos ideológicos, pior para ela. É assim que eles pensam.
D. Henrique Soares, bispo auxiliar de Aracaju, SE
.
Mas Dom Odilio Scherer afirmou que "como todos os movimentos, (a Teologia) teve um momento de nascer, de crescer, de enfraquecer e de desaparecer".
"O próprio Vaticano sabe que perdeu a batalha. Os dois documentos de 1984 e 1986 não frearam o movimento. Ele nasceu ouvindo o grito dos oprimidos e hoje este grito se transformou em clamor", acrescentou Boff. Casaldáliga, um dos importantes representantes da TL disse que "acredito firmemente que a Teologia da Libertação continua viva em muitas cabeças, em muitos textos, em muitas comunidades", "tenho a convicção de que a Teologia está se renovando com novos preceitos. Agora, além dos pobres, a Igreja também assumiu a causa do negro, do índio, da mulher". Afirmou também que "a recente notificação do Vaticano a Jon Sobrino e a preparação da CELAM colocaram a Teologia de novo na primeira página. É possível que avancemos (em Aparecida) e afirmemos novamente, com toda clareza, com toda convicção e atendo-nos a todas as conseqüências, a Teologia da Libertação".
Segundo Susin "a notificação tem observações, mas não proíbe nada. Estamos interpretando isso da melhor forma possível, até mesmo como um convite ao diálogo".
O frade capuchinho afirmou que "temos uma expectativa de que possa haver um debate e parece que o Papa já disse, em duas ou três ocasiões, que é favorável a um debate teológico".
Porém Boff destacou que "tememos que, em Aparecida, o Papa renove suas advertências à Teologia (TL). Como cristãos, sempre respeitaremos a figura do Papa. Mas este Papa condenou mais de cem teólogos e escreveu textos duros, quase fundamentalistas, sobre igrejas e religiões, e cerceou as conferências episcopais progressistas. Por isso, é difícil amá-lo", disse ao G1.
Somente algumas observações:
1. Quando um movimento ou instituição teima em garantir que está vivo é porque morreu e virou fantasma. A Teologia da Libertação passou como produção criativa e original. Há dez anos atrás ninguém precisava bradar que ela estava viva; ela estava e era evidente. Basta! Hoje, ela é como uma serpente com a cabeça esmagada: o corpo se contorce, mas a vida já se foi... Muitas de suas idéias ficaram, algumas boas, a maioria, muito ruim: fechamento para a Transcendência, manipulação da Palavra de Deus, deturpação da doutrina da Igreja, utilização do cristianismo com fins ideológicos, messianismo político, idolatria da esquerda, concepção marxista da história, das relações de produção e das relações entre as classes.
2. Como sempre fizeram, os expoentes de tal Teologia usam falácias como nuvens de poeira. É o caso de Leonardo Boff, ao dizer que o Vaticano perdeu para a Teologia da Libertação. O "Vaticano" é, aqui, um modo depreciativo de dizer o Sucessor de Pedro, a quem os teólogos da libertação sempre menosprezaram... Também o Frei Susin, quer iludir, falando em convite do Vaticano para o diálogo com os teólogos da libertação. Os teólogos da libertação, em geral, não dialogam. Para haver diálogo é necessário sinceridade dos dois lados. Infelizmente, o diálogo dos teólogos de esquerda é somente no sentido de tirar proveito em nome da ideologia socialista...
3. A prova do mal que tal teologia fez é que nas dioceses nas quais ela vingou as vocações sacerdotais desapareceram e tais dioceses sobrevivem às custas de padres estrangeiros, adeptos dessa teologia secularizada e secularizante.
4. A Igreja permanecerá firme no caminho do Evangelho, que exige a opção preferencial pelos pobres, o cuidado com os injustiçados do mundo, e não tem nada a ver com PT, socialismo, luta de classes, secularização, etc. A Teologia da Libertação ficou para trás porque a Igreja, o mundo, a economia mundial, as prioridades e mentalidades mudaram... O problema das ideologias é precisamente o de não querer ver a realidade: Se a realidade não concorda com os meus pressupostos ideológicos, pior para ela. É assim que eles pensam.
D. Henrique Soares, bispo auxiliar de Aracaju, SE
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quinta-feira, 5 de maio de 2011
Qual a função do folheto "O Domingo"?
Tá bom que aquele folheto litúrgico "O Domingo" presta um verdadeiro desserviço à Santa Missa, mas as coisas pioram sempre; o abismo é o limite. Normalmente a podridão ficava nas tais orações da assembléia..comunista ou então nas colunas dos paulinos que só defendem a Teologia da Libertação e a deformação do sentido sacrificial da Missa. Entretanto, nesse Domingo a pedrada começou já no comentário aos ritos iniciais:
"Irmãos e irmãs, neste domingo o Senhor nos convida à caridade, a verdadeira liturgia que agrada a Deus. Religião não é tanto realizar uma série de ritos de purificação, mas, sim, fazer a opção pelo seu projeto, que se concretiza na prática da solidariedade. Celebremos o dia do catequista, agradecendo a evangelização que esses generosos servidores realizam"
Alguém me explique o que é isso?! Primeiro, quando o texto fala que a caridade é a verdadeira liturgia, querendo ou não, faz alusão a uma falsa liturgia, e qual seria esta, por acaso? Não é necessário se esforçar para concluir que há, nesse primeiro comentário, uma subvalorização do esplendor litúrgico em contraste a uma excessiva glorificação do materialismo assistencialista - que não é a verdadeira caridade que não prima pelo reino da matéria.
A maior pérola, sem dúvida alguma, é o papo de que a religião se concretiza na prática de solidariedade. Ora, seria a Igreja uma ONG e eu não sabia? Onde aparece Deus na história? Não aparece, afinal para esse pessoal da pesada a religião tem um fim libertador, apenas uma ferramenta de transformação social. Pode até ser que o nome de Cristo esteja salpicado entre um discurso e outro, mas quase sempre embebido numa certa compreensão de cunho socializante que naturaliza a realidade sobrenatural da Revelação e de todo o cristianismo. Não por menos, quando a Teologia da Libertação foi condenada no documento "Libertatis Nuntius", este afirmou categoricamente que tal heresia "propõe uma interpretação inovadora do conteúdo da fé e da existência cristã, interpretação que se afasta gravemente da fé da Igreja, mais ainda, constitui uma negação prática dessa fé."
Deus nos livre do folheto "O Domingo" e das suas heresias! Temos que pensar numa função melhor para tanto papel!
"Irmãos e irmãs, neste domingo o Senhor nos convida à caridade, a verdadeira liturgia que agrada a Deus. Religião não é tanto realizar uma série de ritos de purificação, mas, sim, fazer a opção pelo seu projeto, que se concretiza na prática da solidariedade. Celebremos o dia do catequista, agradecendo a evangelização que esses generosos servidores realizam"
Alguém me explique o que é isso?! Primeiro, quando o texto fala que a caridade é a verdadeira liturgia, querendo ou não, faz alusão a uma falsa liturgia, e qual seria esta, por acaso? Não é necessário se esforçar para concluir que há, nesse primeiro comentário, uma subvalorização do esplendor litúrgico em contraste a uma excessiva glorificação do materialismo assistencialista - que não é a verdadeira caridade que não prima pelo reino da matéria.
A maior pérola, sem dúvida alguma, é o papo de que a religião se concretiza na prática de solidariedade. Ora, seria a Igreja uma ONG e eu não sabia? Onde aparece Deus na história? Não aparece, afinal para esse pessoal da pesada a religião tem um fim libertador, apenas uma ferramenta de transformação social. Pode até ser que o nome de Cristo esteja salpicado entre um discurso e outro, mas quase sempre embebido numa certa compreensão de cunho socializante que naturaliza a realidade sobrenatural da Revelação e de todo o cristianismo. Não por menos, quando a Teologia da Libertação foi condenada no documento "Libertatis Nuntius", este afirmou categoricamente que tal heresia "propõe uma interpretação inovadora do conteúdo da fé e da existência cristã, interpretação que se afasta gravemente da fé da Igreja, mais ainda, constitui uma negação prática dessa fé."
Deus nos livre do folheto "O Domingo" e das suas heresias! Temos que pensar numa função melhor para tanto papel!
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