quarta-feira, 3 de março de 2010

Amar a Cristo e imitá-lo é "programa" para a Igreja, diz o Papa

"São Francisco de Assis é um alter Christus, um homem que se se aproximou apaixonadamente de Cristo. No amor que leva à imitação, ele se configurou plenamente com Ele. São Boaventura apontava este vivo ideal para todos os seguidores de Francisco. Esse ideal, válido para todos os cristãos, ontem, hoje e sempre, foi identificado como um programa também para a Igreja do Terceiro Milênio pelo meu Venerado Predecessor João Paulo II. Tal programa, ele escreveu na Carta Novo Millennio ineunte, se concentra 'no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para n'Ele viver a vida trinitária e com Ele transformar a história até à sua plenitude na Jerusalém celeste'".

Um dos maiores teólogos da história da Igreja e importante santo na Ordem Franciscana, São Boaventura de Bagnoregio foi o tema central da Audiência Geral (Catequese) de Bento XVI nesta quarta-feira, 3. Foi a primeira audiência pública do Pontífice após o término dos Exercícios Espirituais em preparação à Quaresma.

Além de recordar esse programa para a vida cristã - o amor a Cristo que leva à imitação -, o Papa destacou diversos episódios da vida desse santo franciscano que exerceu papel crucial durante a formação e estudos do então padre Joseph Ratzinger.

"Vos confesso que, ao propor este tema, sinto uma certa nostalgia, porque recordo das pesquisas que, como jovem estudioso, realizei sobre este autor, particularmente caro para mim. Conhecê-lo afetou de modo considerável a minha formação", confessou.


Papel fundamental

Antes de entrar na Ordem Franciscana, São Boaventura vivia em Paris e se fez um questionamento importante, que perpassa os jovens de todas as épocas: "O que devo fazer da minha vida?"

Bento XVI salienta que a atração exercida sobre Boaventura foi a de perceber a ação de Cristo no movimento franciscano, que o levou a ter um pensamento profundamente cristocêntrico.

Naquela época, havia uma grande polêmica em torno das Ordens Mendicantes (franciscanos e dominicanos), quando se questionava o direito de seus membros ensinarem nas Universidades. Boaventura aquietou ao problema com a publicação de um ensaio intitulado A perfeição evangélica.

Bento XVI destaca: "Para além destas circunstâncias históricas, o ensinamento ministrado por Boaventura nesta sua obra e na sua vida permanece sempre atual: a Igreja fica mais luminosa e bonita na fidelidade à vocação daqueles filhos e filhas que não somente colocam em prática os preceitos evangélicos, mas, pela graça de Deus, são chamados a observar os conselhos e testemunhos também com seu estilo de vida pobre, casto e obediente, de que o Evangelho é a fonte de alegria e perfeição".