quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Homem é pó precioso aos olhos de Deus, ensina o Papa na Catequese

"O homem é pó e ao pó retornará, mas é pó precioso aos olhos de Deus, porque Deus criou o homem destinando-o à imortalidade", ensinou Bento XVI na Catequese desta Quarta-feira de Cinzas.

Com os milhares de peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Papa explicou a novidade que se expressa através do convite à conversão, feito de modo especial durante a Quaresma.

"A conversão é ir contra a corrente, onde a 'corrente' é o estilo de vida superficial, incoerente e ilusório, que muitas vezes nos arrasta, nos domina e nos torna escravos do mal ou como que prisioneiros da mediocridade moral".

O Pontífice destacou que a fórmula litúrgica usada no rito da imposição das Cinzas - "Convertei-vos e crede no evangelho!" - não expressa duas coisas diferentes, mas sim a mesma realidade.

"A conversão é o 'sim' total de quem entrega a própria existência ao Evangelho, respondendo livremente a Cristo que por primeiro se oferece ao homem como caminho, verdade e vida, como aquele que o livra e salva".

Verdadeira conversão

"Converter-se significa mudar a direção no caminho da vida: não, porém, com um pequeno ajuste, mas com uma verdadeira e real inversão de marcha", salientou Bento XVI.

Diante do contexto de uma cultura que irradia um medo do fim e da morte, a Quaresma se tornaria um convite a compreender e viver "na novidade inesperada que a fé cristã irradia na realidade da própria morte", expressou.

O Santo Padre concluiu a Catequese desejando que os fiéis vivam o tempo quaresmal como uma renovação do compromisso de seguir Jesus, de se deixar transformar pelo mistério pascal: "Para vencer o mal e fazer o bem, para fazer morrer o nosso 'homem velho' ligado ao pecado e fazer nascer o 'homem novo' transformado pela graça de Deus".

Qual o sentido da celebração das Cinzas?

A intenção deste sacramental é levar-nos ao arrependimento dos pecados

A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja; marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus se sentar sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As Cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer; que somos pó e que ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19) para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa para não mais perecer.


A intenção deste sacramental é levar-nos ao arrependimento dos pecados, marcando o início da Quaresma; e fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.


A maioria das pessoas, mesmo os cristãos, passa a vida lutando para "construir o céu na terra". É um grande engano. Jamais construíremos o céu na terra; jamais a felicidade será perfeita no vale em que o pecado transformou num vale de lágrimas. Devemos, sim, lutar para deixar a vida na terra cada vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.


Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Qual seria o desígnio do Senhor nisso? A cada dia de nossa vida temos de renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, etc... Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do cora­ção e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete, sem cessar, suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório... nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha; todo dia que nasce logo se esvai... e assim tudo passa, tudo é transi­tório.


Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro? Com­pra-se uma camisa nova e, logo, já está surrada; compra-se um carro novo e, logo, ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos, e assim por diante.


A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene.


Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: "Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia."


E isso mostra-nos também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.


Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: "Descansa, come, bebe e regala-te" (Lc 12,19b); ao que o Senhor lhe disse: "Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma" (Lc 12,20).


A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e cons­tante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfei­ção da alma buscada na longa caminhada de uma vida de me­ditação, de oração, de piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando "Deus será tudo em todos" (cf. 1 Cor 15,28).


A transitoriedade de tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de que só viveremos bem esta vida se a vivermos para os outros e para Deus. São João Bosco dizia que "Deus nos fez para os outros". Só o amor, a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a verdadeira di­mensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.


Se a vida na terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensarí­amos em Deus e no céu. Acontece que o Todo-poderoso tem para nós algo mais excelente, aquela vida que levou São Paulo a exclamar:


"Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2,9).


A corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para nós uma vida muito melhor do que esta - uma vida junto d'Ele. E, para tal, o Senhor não quer que nos acostumemos com esta [vida], mas que busquemos a outra com alegria, onde não have­rá mais sol porque o próprio Deus será a luz, nem haverá mais choro nem lágrimas.


Aqueles que não creem na eternidade jamais se confor­marão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre so­nharão com a construção do céu nesta terra. Para os que creem a efemeridade tem sentido: a vida “não será tirada, mas transformada”; o "corpo corruptível se revestirá da incorrupti­bilidade" (cf 1Cor 15,54) em Jesus Cristo.


Santa Teresinha não se cansava de exclamar:


“Tenho sede do Céu, dessa mansão bem-aventurada, onde se amará Jesus sem restrições. Mas, para lá chegar é preciso sofrer e chorar; pois bem! Quero sofrer tudo o que aprouver a meu Bem Amado, quero deixar que Ele faça de sua bolinha o que Ele quiser”.


São Paulo lembrou aos filipenses: “Nós somos cidadãos do Céu!. É de lá que também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura” (Fl 3, 20-21).


A esperança do Céu e da Sua glória fazia o Apóstolo dizer:


“Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).


E essa esperança lhe dava as forças necessárias para vencer as tribulações: “Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18).


Este é o sentido das Cinzas.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Erros de certas Teologias da Libertação

Artigo do cardeal Eugenio de Araujo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro.


O apelo urgente que o Papa Bento XVI endereçava aos Bispos dos Regionais 3 e 4 da CNBB, em visita "ad límina" a 5 de dezembro 2009, não se limitou aos Bispos que estavam presentes, mas, como sempre nessas visitas, se dirige ao Episcopado inteiro e a toda a Igreja no Brasil.



O Santo Padre lembrou as circunstâncias prementes que, 25 anos atrás, exigiam uma clara orientação da Santa Sé no Documento "Libertatis Nuntius". Este, já na primeira linha, afirma que "o Evangelho é a mensagem da liberdade e a força da libertação". Daquele documento, a Igreja recebia grande luz; mas não faltava a animosidade dos que queriam obscurecer e difamar essa doutrina.



Com palavras claras e sempre muito mais convidativas para uma reflexão serena do que repreensivas, o Papa lembrou a gravidade da crise, provocada, também e essencialmente na Igreja no Brasil, por uma teologia que tinha, em seu início, motivos ideais, mas que se entregou a princípios enganadores. Tais rumos doutrinários da Teologia chamavam-se Teologia da Libertação.



A alocução do Papa aos Bispos dos Regionais Sul 3 e 4 é uma mensagem que envolve a autoridade apostólica do Supremo Pastor e o bem evangélico da Igreja entre nós. Por isso, urge que todos os pastores acolham a palavra do Papa e se lembrem daquela crise, que tornava quase impossível, mesmo em ambientes às vezes de alto nível eclesiástico, o diálogo e a discussão serena. Hoje ainda, a Igreja no Brasil, em alguns lugares, sofre consequências dolorosas daqueles desvios.



Ao relativizar, silenciar ou até hostilizar partes essenciais do "depósito da fé", a Teologia da Libertação negligenciava "a regra suprema da Fé da Igreja, que provém da unidade que o Espírito Santo estabeleceu entre a Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério vivo", diz Bento XVI, citando as palavras do Papa João Paulo II ("Fides et Ratio", 55). "Os três não podem subsistir independentes" entre si. – Por isso, hoje ainda, as sequelas da Teologia da Libertação se mostram essencialmente ao nível da Eclesiologia, ao nível da vida e da união da Igreja. A Igreja continua enfraquecida, em algumas partes, pela "rebelião, divisão, dissenso, ofensa e anarquia" (mensagem de Bento XVI). Diz o Santo Padre: Cria-se assim "nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivaa" (Bento XVI, idem).



Já no documento "Libertatis Nuntius", do ano 1984, o Papa João Paulo II e a Congregação da Doutrina da Fé, presidida pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, quis "estender a mão" e oferecer a clara e "benigna luz" da divina fé e da comunhão viva que o Espírito Santo dá à Igreja (Bento XVI, ibd).



Com palavras concisas e fortes, o documento "Libertatis Nuntius" sobre a Teologia da Libertação falava da justa "aspiração à libertação como um dos principais sinais" do tempo moderno. Especialmente "nos povos que experimentam o peso da miséria", com suas massas deserdadas, ofendidas na sua profunda dignidade (cf. LN I,1-2). "O escândalo das gritantes desigualdades entre ricos e pobres já não é tolerado". "Abundância jamais vista, de um lado, e, do outro, vive-se ainda numa situação de indigência, marcada pela privação dos bens de primeira necessidade" (I,6).



Infelizmente, certas Teologias da Libertação, as que mais espaço ocupavam na opinião pública, caíram em um grave unilateralismo. Para o Evangelho da libertação é fundamental a libertação do pecado. Tal libertação exige "por consequência lógica a libertação de muitas outras escravidões, de ordem cultural, econômica, social e política", todas elas derivadas do pecado. Muitas Teologias da Libertação afastaram-se deste verdadeiro Evangelho libertador. Identificaram-se, coisas em si muito boas, com as graves questões sociais, culturais, econômicas e políticas, mas já não mostrando seu real enraizamento no Evangelho, embora vagamente citado, e chegaram até a apelar explicitamente à "análise" marxista. Silenciavam, ou ignoravam, que "na lógica marxista não é possível dissociar a «análise» da «práxis» e da concepção da história" (VIII,2). Destarte, "a própria concepção da verdade encontra-se totalmente subvertida" (VIII,4).



Compreende-se que diante da urgência da situação de tantos que – inermes – sofrem, e diante da insuficiente sensibilidade na consciência pública e nas estruturas dominantes, devem-se exigir não só palavras retóricas, mas ações que na prática se comprometem com cada pessoa, com cada comunidade e com a história.



Mas se este compromisso não se enraíza na dignidade que Deus dá ao homem, tal Teologia, que se apresenta como Libertadora, é na realidade traidora dos pobres e de sua real dignidade (Introdução). "Certo número de teses fundamentais (da TL) não são compatíveis com a concepção cristã do homem" (cf. VIII,8).



O Santo Padre, sabendo que, sob muitos aspectos a Teologia da Libertação está ultrapassada, sabe também e vê que a Igreja no Brasil sofre ainda devastadoras sequelas de tal desvio doutrinário, propagado longamente até por gente bem intencionada, mas não capaz de analisar seus falsos princípios.



É quase um juramento que o Papa conclama os Bispos e agentes de Pastoral de todo o Brasil: "Que, no âmbito dos entes e comunidades eclesiais, o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras da Santa Cruz" (final da mensagem de Bento XVI).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Só quem reza avança na vida espiritual: Papa sobre Santo Antônio

"Apenas uma alma que reza pode fazer progresso na vida espiritual: este é o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio", disse Bento XVI na Catequese desta quarta-feira, 10, dedicada à figura do santo franciscano.

O Papa falou sobre a obra Sermões, escrita por Antônio para ser utilizada nos estudos teológicos franciscanos.

Ali, o santo descreve a oração como uma relação de amor que está dividida em quatro estágios essenciais: abrir confiadamente o próprio coração a Deus; falar afetuosamente com Ele; apresentar-Lhe as nossas necessidades; louvá-Lo e agradecê-Lo.

"Antônio lembra-nos que a oração exige um clima de silêncio, que não coincide com a separação do ruído exterior, mas é experiência interior, que visa eliminar as distrações causadas pelas preocupações da alma, criar silêncio na própria alma", explica.

Bento XVI salientou que, devido à riqueza dos ensinamentos espirituais de Sermões, "o Venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio Doutor da Igreja, dando-lhe o título de 'Doutor Evangélico', porque seus escritos mostram o frescor e a beleza do Evangelho e, hoje, podemos lê-los com grande benefício espiritual".

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Tudo que criou Deus viu que era bom!

A criação é expressão viva da presença de Deus no meio do mundo, fazendo o homem contempla-la e enxergar nela a graça de Deus e de seu amor que chamou tudo e a todos a serem felizes.

Viver significa achar e descobrir a cada dia que ser uma criatura feliz é se aceitar com expressão do amor criador de Deus. Deus quando nos criou nos dotou de sua infinidade de bençãos e graças que é: ser sua imagem e semelhança! Poder viver de forma plena é poder se encontrar no meio do mundo e continuar a criação de Deus, pois deus nos criou para sermos participantes e protagonistas junto com Ele de sua obra criadora. Essa graça e esse dom Deus só confiou ao homem quando disse: "Dominai a terra!"

Esse dominio significa contemplar toda criação e vendo nela a presença de Deus buscar ama-la e cuida-la sabendo que Deus a criou para nós e por nós, e nós com isso temos o dever de fazer com que essa obra de Deus seja cuidada e respeitada e amada.

Que Nossa Senhora nos ensine à amar a criação(homens, mulheres e criaturas) contemplando nela um grande presente de Deus. Deus abençoe a todos e nos faça nos fiéis a Ele e amantes de seu coração misericordioso que nos criou!

Lee Anderson CSR

Eutanásia é contra a dignidade humana, diz Bento XVI

"Admitir a eutanásia entra em atrito com o cerne da compreensão cristã da dignidade da vida humana. Os recentes desenvolvimentos no campo da ética médica e algumas das práticas preconizadas no campo da embriologia são motivo de grande preocupação", enfatizou Bento XVI aos integrantes da Conferência Episcopal da Escócia.

Os bispos realizam a visita ad limina e foram recebidos pelo Santo Padre na manhã desta sexta-feira, 5.

O Papa destacou que esses desafios devem ser enfrentados com firmeza: "Os Pastores da Igreja, portanto, devem continuamente alertar os fiéis a uma completa fidelidade ao Magistério da Igreja, ao mesmo tempo que protejam e defendam o direito da Igreja a viver livremente na sociedade, de acordo com suas crenças".

A formação continuada do clero, através da iniciativa Sacerdotes para a Escócia, foi elogiada pelo Pontífice. Ele também destacou a necessidade de uma correta compreensão acerca do papel do clero e dos leigos na vida da Igreja.

"Algumas vezes, existe a tendência de confundir apostolado dos leigos com ministério leigo. [...] Um foco renovado sobre o apostolado leigo ajudará a esclarecer o papel do clero e dos leigos e, assim, dará um forte impulso para a tarefa de evangelizar a sociedade", acredita.


Doutrina e formação

Bento XVI também salientou que, muitas vezes, a doutrina da Igreja é percebida como uma série de proibições e posições retrógradas. "Na realidade, como sabemos, é criativa e vivificante, orientada para a realização mais ampla possível do grande potencial para o bem e a felicidade que Deus implantou em cada um de nós", explicou.

Diante dos processos de sectarismo e negação do passado católico, que acontecem na Escócia, os bispos devem manter os olhos fixos na unidade plena e visível das comunidades, pediu o Santo Padre.

A formação dos fiéis também não pode ser esquecida: "Deveis preparar um articulado e bem informado leigo católico, capaz e disposto a realizar sua missão 'tratando das realidades temporais e ordenando-as de acordo com o plano de Deus' (Christifideles Laici, 15)", disse.

Ao final do discurso, Bento XVI confirmou sua visita à Escócia ainda neste ano. "Terei a alegria de estar presente convosco e os católicos da Escócia em vossa terra natal. Enquanto preparais a visita apostólica, incentivai o vosso povo a rezar para que ela seja um tempo de graça para toda a comunidade católica".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2010

"A justiça de Deus está manifestada
mediante a fé em Jesus Cristo"
(Rom 3, 21–22)


Queridos irmãos e irmãs,

todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida, à luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano, desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr. Rom 3,21 – 22).


Justiça: "dare cuique suum"
Detenho-me, em primeiro lugar, sobre o significado da palavra "justiça", que, na linguagem comum, implica "dar a cada um o que é seu – dare cuique suum", segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele "suo" que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais íntimo, que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado à sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim das contas, o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e, certamente, condena a indiferença que também hoje leva centenas de milhões de seres humanos à morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos -, mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o "suo" que lhe é devido. Como, e mais do que, o pão, ele, de fato, precisa de Deus. Ensina Santo Agostinho: se "a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu […] não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus" (De civitate Dei, XIX, 21).


De onde vem a injustiça?
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: "Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos" (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativa ao alimento, podemos entrever nas reações dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem "de fora", para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua atuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingênua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: "Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-me no pecado" (Sl 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram a lógica de confiar no Amor por aquela da suspeita e da competição; a lógica do receber, da espera confiante do Outro, por aquela ânsia do ter, do fazer sozinho (cfr. Gn 3,1-6), experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza.

Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?


Justiça e Sedaqah
No coração da sabedoria de Israel, encontramos um laço profundo entre a fé no Deus que "levanta do pó o indigente" (Sl 113,7) e a justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual, em hebraico, se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem.

De fato, sedaqah significa, por um lado, a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; por outro, equidade em relação ao próximo (cfr. Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva (cfr. Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita, nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, acontece depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egito. Deus está atento ao grito do pobre e, em resposta, pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre (cfr. Ecl 4,4-5.8-9), o estrangeiro (cfr. Ex 22,20), o escravo (cfr. Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é, portanto, necessário sair daquela ilusão de autossuficiência, daquele estado profundo de fechamento, que é a própria origem da injustiça. Em outras palavras, é necessário um "êxodo" mais profundo do que aquele que Deus efetuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente para realizar.

Existe, portanto, esperança de justiça para o homem?


Cristo, justiça de Deus
O anuncio cristão responde positivamente à sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: "Mas, agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus […] mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De fato, não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé" (3,21-25).

Qual é, portanto, a justiça de Cristo? É, antes de mais nada, a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura a si mesmo e os outros. O fato de que a "expiação" acontece no "sangue" de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si "a maldição" que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a "bênção" que toca a Deus (cfr. Gal 3,13-14).

Mas isto levanta imediatamente uma objeção: Que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira, cada um não recebe o contrário do que é "seu"? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz, o homem pode revoltar-se, porque ela põe em evidência que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo, significa precisamente isto: sair da ilusão da autossuficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se, então, como a fé não é um fato natural, cômodo, óbvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do "meu" para me dar gratuitamente o "seu". Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Graças à ação de Cristo, nós podemos entrar na justiça "maior", que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente, em todo o caso, sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo, de coração, a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2009.


Bento XVI

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Consagrado é testemunha da misericórdia de Deus ao mundo

"As pessoas consagradas são chamadas de modo particular a serem testemunhas da misericórdia do Senhor, na qual o homem encontra a sua própria salvação", disse o Papa Bento XVI nas Vésperas da Festa da Apresentação do Senhor e Dia Mundial da Vida Consagrada, nesta terça-feira, 2.

O Santo Padre destacou, em sua homilia, que as pessoas consagradas "mantêm viva a experiência do perdão de Deus, porque têm consciência de serem pessoas salvas" e de "se sentirem renovadas e envolvidas pela santidade de Deus na medida em que reconhecem o seu pecado".

"As pessoas consagradas experimentam a graça, a misericórdia e o perdão de Deus, não só para si, mas também para os irmãos, sendo chamadas a levar no coração e na oração as angústias e as expectativas dos homens, de modo especial dos que se encontram longe de Deus", complementou.

Ao refletir sobre a leitura breve das vésperas, da Carta aos Hebreus, que apresenta Cristo como Sumo Sacerdote e, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o Papa sublinhou o verdadeiro fundamento da vida cristã:

"Se Cristo não fosse verdadeiramente Deus, e não fosse, ao mesmo tempo, plenamente homem, viria a faltar o fundamento da vida cristã enquanto tal. De um modo todo especial, viria a faltar o fundamento de toda e qualquer consagração cristã do homem e da mulher. De fato, a vida consagrada testemunha e exprime, de modo forte, precisamente este procurar-se recíproco de Deus e do homem, o amor que os atrai".

"A pessoa consagrada, pelo próprio fato de o ser, representa, para todos aqueles que a encontram, como que uma ponte em direção a Deus, um apelo. E tudo isso devido à mediação de Jesus Cristo, o Consagrado do Pai. O fundamento é Ele!", explicou Bento XVI.

O Dia Mundial da Vida Consagrada foi estabelecido pelo Papa João Paulo II, em 1997, para que fosse celebrado na festa da Apresentação do Senhor, dia 2 de fevereiro.

Papa destaca que Cristo é o bem mais precioso

Na audiência geral desta quarta-feira, o Papa Bento XVI afirmou que "o bem mais precioso que as pessoas têm direito e necessidade de conhecer e amar é Cristo."

Diante disso, o Papa destacou a necessidade da ação missionária. "No coração da Igreja, deve arder sempre um fogo missionário, que impele a anunciar e testemunhar o Evangelho de Jesus a quem o não conhece ou dele se afastou".


Bento XVI falou de São Domingos de Gusmão. Contemporâneo de São Francisco, que também contribuiu para a renovação fundamental da Igreja do seu tempo fundando a Ordem dos Pregadores, ou Dominicanos.


O Pontífice explicou que para o bom sucesso da missão evangelizadora, Domingos de Gusmão recomendava a vida comunitária em pobreza e o estudo como preparação ao apostolado.

"A vivência destes dois valores dá ao pregador a coerência com a verdade de Deus que anuncia. Para ganhar o coração dos ouvintes, São Domingos contava com a terna devoção à Virgem Mãe, que depois tomaria a forma da recitação do terço, e com a fecunda retaguarda espiritual das monjas contemplativas", disse Bento XVI.


O Papa destacou ainda que "este fogo missionário ardia no coração de São Domingos, que nele incendiou os companheiros movidos pela mesma aspiração, dando início à Ordem dos Dominicanos".



Ao saudar os fiéis de lingua portuguese Bento XVI fez votos de que a "visita ao lugar da Confissão de Pedro seja rica de graças e luzes do Alto, e que ajude os fiéis a serem autênticas e incansáveis testemunhas de Cristo."

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Apresentação do Senhor!

A presente festa, ainda imbuída do espírito de Natal, encena a apresentação de Jesus ao Senhor Deus (Evangelho), conforme prescrevia a lei judaica para os primogênitos masculinos (cf. Ex 13,11-16). ( Nos tempos pré-históricos, a consagração do primogênito pode até ter sido um sacrifício humano; o episódio do sacrifício de Issac mostra que a religião abraâmica teve de abolir o sacrifício dos primogênitos). Na lei de Moisés o primogênito masculino “pertence ao Senhor”, mas pode ser resgatado mediante um sacrifício, originariamente um cordeiro ou, no tempo de Jesus, um pagamento de cinco moedas de prata.

A apresentação da criança ao santuário era facultativa; quem o faz dá prova de ser judeu “piedoso”. A apresentação, no caso de Jesus, se realizou no quadragésimo dia, coincidindo com a apresentação da mãe, igualmente uma instituição antiquíssima (cf. Lv 12,1-8). O sacrifício da purificação era um cordeiro de um ano, e uma rola ou pombinho em sacrifício “pelo pecado” - mancha, impureza ritual do sangue. No caso de pessoas podia ser substituído por um par de rolas ou pombinhos. É o que Maria ofereceu.

Na ocasião desta apresentação e purificação, um piedoso ancião profetiza o papel messiânico de Jesus, atribuindo-Lhe os títulos “luz das nações” e “glória de Israel”: Ele é o salvador dos pagãos e do povo de Israel, concebido conforme a ideia de que Israel seria o centro a partir do qual brilhasse a glória para iluminar as nações.

O templo, habitação do Senhor, ocupa, nesta apresentação, um lugar central. Por isso, a primeira leitura é o texto de Ml 3, que descreve a visão escatológica da visita de Deus a Seu templo. No deserto, o Senhor descia à Tenda da Aliança, na nuvem. No tempo messiânico – assim espera o profeta - sua presença já não estará envolta em nuvem: seria a glória manifesta, iluminando o mundo a partir do templo. Para Lucas, a existência de Jesus é a realização desta visita.

Além desse augúrio messiânico, o mesmo Simeão anuncia também que a existência de Jesus será um sinal de contradição e uma espada há de atravessar o coração de Sua mãe. Em redor d’Ele se manifestarão os pensamentos profundos dos corações humanos; por causa d’Ele os homens hão de se dividir em pró e contra.

A segunda leitura insiste no fato de que Jesus assumiu plenamente nossa humanidade. Por Seu esvaziamento na encarnação e no sofrimento, o Filho de Deus cumpriu a vontade do Pai, que assim quis conduzir muitos filhos à glória. Assumindo nossa existência e morte, Jesus tornou-se o sumo sacerdote fiel e misericordioso, aquele que santifica nossa existência e reconcilia nossos pecados. Já éramos filhos de Deus, mas agora o somos de modo renovado, puro, porque o Filho, que é o santo, nos fez entrar na comunhão com o Pai.

Que a festa de hoje nos faça sempre mais dispostos a está aos pés de Jesus como ofertas vivas e suas mãos, que nossa vida seja uma eterna entrega nas mãos Daquele que nos conquistou e seduziu por primeiro e que a Virgem Maria nos cumule de bençãos e graças para nossa conversão e purificação e que Ela nos faça aceitar de coração disponível as "espadas de dor" que entram em nossas almas em nossa caminhada, nos unindo a Ela no alto da Cruz como vitímas como Jesus!

Lee Anderson CSR

Programa de Direitos Humanos exige mais diálogo, dizem estudiosos

O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) contém diversas medidas que tem sido alvo de críticas.

De um lado, o governo sustenta a tese de que houve um amplo processo democrático ao longo da produção do texto do PNDH-3, que incorpora resoluções da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos (realizada em Brasília entre 15 e 18 de dezembro de 2008), bem como propostas aprovadas em mais de 50 conferências nacionais temáticas promovidas desde 2003.

Em sua nota de esclarecimento, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (Sedh) explica que mais de 14 mil pessoas estiveram envolvidas diretamente na elaboração do programa, além de consulta pública e a assinatura de 31 ministérios.

Em contrapartida, uma série de instituições e setores argumenta que propostas deste cunho só poderiam ter sido apresentadas pelo Poder Legislativo, bem como indica a necessidade de discussões mais aprofundadas, devido ao conteúdo delicado das propostas.

"O PNDH não é assunto para ser resolvido apenas pelos ministérios. Democracia participativa leva muito tempo", indica o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira.

O jurista Ives Gandra Martins é ainda mais incisivo: "Uma sociedade de 190 milhões de habitantes não é representada por 14 mil amigos do rei. Por outro lado, quando eles colocam esses números, evidentemente nós sabemos que essas ONG's e outras organizações são quase todas montadas, monitoradas, organizadas por eles mesmos".

Ele também afirma que, mesmo o Decreto que aprova o PNDH-3 tendo o contorno de uma carta de intenções, o texto já possui um formato de comando jurídico. Assim, o Governo Federal teria extrapolado suas funções, ao exercer um papel próprio do Poder Legislativo.

"Um plano de Direitos Humanos tem que ser elaborado pelos representantes do povo. O que pretende esse PNDH-3 é uma ruptura institucional, é tirar o equilíbrio de poderes e dar a um único poder, o Executivo, a capacidade de reduzir à sua menor expressão todos os outros, permitindo que o povo seja manipulado permanentemente por plebiscitos e referendos em que, na verdade, não se discute nada com profundidade", defende.


Manifestação dos bispos

Mais de 65 bispos brasileiros, reunidos para um curso de atualização pastoral no Rio de Janeiro, publicaram uma nota no dia 28 de janeiro.

"Impelidos por nosso dever pastoral como Bispos católicos, [...] nos vemos no dever de manifestar publicamente nossa rejeição a determinados pontos deste Programa. Há propostas que banalizam a vida, descaracterizam a instituição familiar do matrimônio, cerceiam a liberdade de expressão na imprensa, reduzem as garantias jurídicas da propriedade privada, limitam o exercício do poder judiciário, como ainda correm o perigo de reacendar conflitos sociais já pacificados com a lei da anistia. Estas propostas constituem, portanto, ameaça à própria paz social", defendem.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através de uma Declaração oficial de 15 de janeiro, reconhece que o Programa contém "elementos de consenso que podem e devem ser implementados imediatamente. Entretanto, ele contém elementos de dissenso que requerem tempo para o exercício do diálogo, sem o qual não se construirá a sonhada democracia participativa, onde os direitos sejam respeitados e os deveres observados".

Mais adiante, os bispos garantem: "A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de 'mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União', pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas".

Na tarde desta terça-feira, 2, o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos (Sedh), Paulo Vanucchi, se encontrará com o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, para discutir o programa.


O que é o PNDH-3?

O Programa foi apresentado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (Sedh) da Presidência da República em 21 de dezembro de 2009; é visto como uma ação integrada de governo e política de Estado, que não deve ter sobressaltos com a alternância de poder.

Estão previstas mais de 500 ações programáticas em diversas áreas, elencadas em um texto com mais de 200 páginas. O documento é estruturado em seis eixos orientadores, subdivididos em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 521 ações programáticas.

A primeira versão do Programa (PNDH-1) foi lançada em 1996, com especial ênfase em direitos civis e políticos. Em 2002, o texto foi revisto e publicado o PNDH-2, que destacou direitos econômicos, sociais e culturais. A revisão agora proposta buscaria tratar de forma integrada múltiplas dimensões dos Direitos Humanos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

“Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. Mc 5,19

Jesus quando andava na Galileia percorrendo as cidades salvado, curando e libertando a todos que eram oprimidos do demônio e de seus pecados manisfestava a grandiosa misericordia de Deus, Deus esse que quer não só nos libertar e curar mais acima de tudo que sejamos anunciadores de sua palavra. É isso que essa frase expressa, palavras essas que saíram da boca do próprio Jesus na beira do lago de Genesaré quando Jesus libertou aquele possesso que a muito tempo era escravo das forças do diabo. Ele queria seguir Jesus com os discípulos, mas Jesus não o permitiu porque ele deveria não seguir Jesus pra ver seus milagres mais sim ser uma testemunha da misericórdia de Deus, ele deveria ir a sua terra, sua família, amigos, conhecidos e até desconhecidos e proclamar as maravilhas de Deus. E isso Deus quer de mim e de você que nós sejamos capazes de testemunhar não somente com palavras mais com a nossa vida o quanto Deus é bondoso e misericórdioso para aqueles que o invocam fielmente, precisamos ser mais que ouvintes e expectadores das palavras e ações de Jesus, precisamos ser testemunhas de sua graça no mundo. Que nossa alma não se esqueça de que fomos salvos por Deus que quis ser igual a nós exceto no pecado, assumindo todas as nossas misérias e limitações para nos salvar e o mundo precisa saber dessa grande verdade que nos nossos tempo é uma grande Boa-Nova! Que Deus nos ensine a sermos testemunhas e anunciadores de suas graças e que a Virgem Maria nos guie no caminnho da salvação e da conversão!

"Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis. Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas." Sal 70


Lee Anderson CSR

Fidelidade ao Evangelho não tira a liberdade, garante Bento XVI

"A fidelidade ao Evangelho em nada restringe a liberdade dos outros - pelo contrário, ela serve à liberdade oferecendo-lhe a verdade", garantiu o Papa Bento XVI aos bispos da Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales.

O encontro aconteceu na manhã desta segunda-feira, 1º, por ocasião da visita ad limina dos bispos ingleses.

O Santo Padre destacou que algumas legislações tem imposto "limitações injustas à liberdade de comunidades religiosas para agir de acordo com suas crenças". Diante desse cenário, o Papa convidou os bispos a insistirem no direito de participar dos debates nacionais, como uma espécie de porta-vozes de uma grande parcela de habitantes que não dispõe dos meios necessários para se expressar.

"Quando muitos da população se declaram cristãos, como alguém poderia contestar o direito de o Evangelho ser ouvido?", questionou.


Fé e devoção vivas

"Ainda que em meio às pressões de uma era secular, há muitos sinais de fé viva e devoção". Ao lembrar a proximidade da viagem apostólica que fará à Inglaterra em meados de setembro, Bento XVI exemplificou esses sinais: o entusiasmo com a visita das relíquias de Santa Teresa, o interesse acerca da beatificação do Cardeal Newman e o desejo da juventude para participar em grandes encontros.

Bento XVI orientou os bispos ingleses a considerar o papel dos fiéis leigos na missão da Igreja, evitando que exista a percepção do clero como meros funcionários.

"Estejais próximos de vossos sacerdotes e reavivem neles o sentido do enorme privilégio e alegria de estar entre o povo de Deus como alter Christus", acrescentando que os sacerdotes desempenham um papel insubstituível na Igreja, as vocações devem ser incentivadas e os fiéis devem ser agradecidos ao dom dos padres que os servem.

O Santo Padre terminou sua mensagem solicitando que os bispos apliquem de forma generosa as disposições da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, que acolhe os grupos de anglicanos que desejam entrar em plena comunhão com a Igreja Católica. "Estou convencido de que, se for dada uma calorosa e generosa boas vindas, tais grupos serão uma bênção para toda a Igreja", concluiu.